sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Crônica do Dia - O cigarro ainda assombra nossa vida


JAIRO BOUER

O número de fumantes no país está em queda. Hoje, cerca de 15% da população adulta fuma. O índice era quase 35% em 1989, segundo dados do IBGE. Apesar dessa redução, ainda se vê que o cigarro exerce um tremendo poder de atração sobre os mais jovens. Não é à toa que 90% dos fumantes começaram antes dos 15 anos. Que o cigarro faz mal à saúde, ninguém tem dúvida. Agora, estudos recentes revelam que fumar pode ser ainda mais prejudicial do que se imaginava, dependendo de fatores como o horário que se fuma o primeiro cigarro do dia ou o sexo do fumante. Poucos cigarros já podem gerar dependência. E, o que é pior, depois de começar é muito difícil largar o cigarro sem acompanhamento.

■ Os estudos mostram que a chance de sucesso é de cerca de 1% a 2% para cada tentativa de largar o fumo. Para vencer essa dificuldade, a medicina oferece hoje remédios específicos, além das terapias de reposição de nicotina (chicletes e adesivos). Acompanhamento especializado, técnicas comportamentais e mensagens de reforço (até por SMS e internet) também aumentam as chances. Tudo isso eleva o sucesso para um patamar na faixa dos 20% a 40%, dependendo da pesquisa.

■ Um estudo publicado no site da revista Cancer, da Sociedade Americana de Câncer, mostrou que quem fuma seu primeiro cigarro até meia hora depois de acordar corre mais risco de desenvolver câncer de pulmão, cabeça e pescoço. Segundo os autores, fumar logo cedo pode ser indicador de maior dependência de nicotina. Foram analisadas 5 mil pessoas
com câncer de pulmão e 3 mil fumantes de um grupo controle. Quem fumava até meia hora depois de acordar apresentou risco 1,79 maior (quase o dobro) de desenvolver câncer de pulmão do que quem esperou uma hora antes de dar a primeira tragada. Quem fumou mais cedo também tinha índices mais altos de nicotina no corpo.

■ Outro estudo, publicado na revista médica Lancet, analisou 86 pesquisas com dados de 67 mil casos de doenças coronarianas. Mostrou que as mulheres fumantes têm risco 25% maior do que os homens de desenvolver a doença. Diferenças fisiológicas do corpo da mulher aumentam a sensibilidade do organismo feminino ao cigarro.

■ As campanhas contra o tabaco têm surtido efeito. O número de pessoas que fumam mais de dois maços de cigarro por dia caiu 31% na cidade de São Paulo após a adoção da lei antifumo. Um levantamento da Secretaria de Estado da Saúde mostrou que 42,15% dos fumantes eram tabagistas pesados (mais de dois maços por dia) em 2009. Essa taxa caiu para 28,83% em 2010

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