quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Nos Tempos da Literatura .............. LIMA BARRETO - O homem que falava filosofês




Fã de Descartes na adolescência, o carioca Lima Barreto utilizou-se da Filosofia do francês e de outros filósofos para desmontar as armadilhas do discurso do seu tempo, tendo a Filosofia como uma grande influência em seu pensamento e sua obra

Marcelo Galli é jornalista e escreve para esta publicação

Não raro o escritor carioca Lima Barreto (1881-1922) dizia em seus textos que não havia meditado o suficiente para opinar sobre determinado assunto, deixando sua análise para um momento posterior. O uso do verbo não era por estilo, uma escolha de palavra, já que uns refletem, outros podem avaliar ou analisar. A preferência revelava uma influência do francês René Descartes (1596-1650), considerado fundador da Filosofia Moderna.
A Filosofia que fez parte da formação intelectual do jovem Barreto o fez afastar-se da Literatura que tanto o fascinava, principalmente das histórias de Júlio Verne (1828-1905), e se tornou, até o fim da sua vida, um importante instrumento por meio do qual desmontou a sociedade brasileira e as armadilhas do discurso do seu tempo em centenas de crônicas, contos e romances como Triste Fim de Policarpo Quaresma, Clara dos Anjos e Recordações do escrivão Isaías Caminha.
Desde jovem, ele se interessou por temas filosóficos. Após o término do Liceu, na época em que estava em internato no curso preparatório para prestar exames para ingressar na Escola Politécnica do Rio de Janeiro, em uma época em que seus colegas de escola corriam de um lado para o outro nas horas vagas, Barreto se isolava em cantos com seus livros, conta Francisco de Assis Barbosa (1914- 1991), na principal e definitiva biografia do autor feita na década de 1950.
O biógrafo relata depoimento de José Oiticica (1882-1957), que teria estudado no internato na mesma época, sobre o gosto dos adolescentes por debates filosóficos. “Um grupo reduzido de estudantes cursava os últimos anos do Colégio Paula Freitas, uns externos, outros internos.
Havia entre estes um positivista, Carlos Costa, e outro que discutia o positivismo do colega; era Lima Barreto”, diz Oiticica.
“Frequentaria Lima Barreto, já naquela altura, a capelinha do Apostolado Positivista, na Rua Benjamin Constant?”, questiona Barbosa. “Em 1896, talvez não, dada a sua condição de aluno interno. Mas no ano seguinte, quando começou a morar em pensões, juntamente com outros estudantes, com certeza frequentou”, acrescentou.
Doutrina filosófica de fundo científico e empírico criada pelo francês Auguste Comte (1798-1857), o Positivismo teve disseminada aceitação pela elite dirigente e intelectualidade no Brasil durante a segunda metade do século XIX. Prova disso é que a bandeira nacional carrega parcialmente um dos princípios do Positivismo, “Ordem e Progresso”, criado por Raimundo Teixeira Mendes (1855-1927), filósofo, apóstolo da Humanidade e responsável pelo curso enciclopédico voltado para adolescentes. O jovem Barreto não escapou dessa influência, a considerada “religião da humanidade”.
O Positivismo e as aulas que Barreto teve com Mendes e a sua vivência naquele ambiente foram trampolins para descobrir mais filósofos. “Deu-me, entretanto, a frequência daquela curiosa igreja o gosto pelas leituras de autores antigos, dos mestres que todos nós, em geral, só conhecemos de nome ou por citações”, explica Barreto, por meio do personagem Vicente de Mascarenhas, em O cemitério dos vivos.
Continua ele: “A minha passagem pelo Positivismo foi breve e ligeira. Frequentei o apostolado cerca de um ano; mas, apesar de me ter convencido de muita coisa da escola, eu, até hoje, nunca pude acreditar que aquele conjunto de doutrinas, capazes de falar e seduzir inteligências, fosse capaz de arrebatar corações com o ardor e o fogo de uma fé religiosa”. Não faltam críticas ao Positivismo feitas por Barreto ou por meio de alguns dos seus personagens de romances.
O personagem do romance, que teve como base um diário feito por Barreto durante sua segunda internação em um hospício, em seguida conta que durante a sua temporada positivista no templo adquiriu uma brochura traduzida do Discours de la méthode, de Descartes. Ele relata que lia o trabalho com atenção, “sem fadiga, antes com prazer”, acrescentando que o que o encantara no texto do francês era a preconização por ele da dúvida metódica, “senão sistemática, a tábua rasa preliminar para se chegar à certeza”. Depois, Mascarenhas conta que mais tarde ele leu partes de Meditações metafísicas, quando sua admiração pelo filósofo francês aumentou mais ainda.
Imagina-se o impacto que trechos como o que segue de Discurso do método podem ter provocado no jovem Barreto. “A verdade é que, ao limitar-me a observar os costumes dos outros homens, pouco encontrava que me satisfizesse, pois percebia neles quase tanta diversidade como a que notara anteriormente entre as opiniões dos filósofos. De forma que o maior proveito que daí tirei foi que, vendo uma quantidade de coisas que, apesar de nos parecerem muito extravagantes e ridículas, são comumente recebidas e aprovadas por outros grandes povos, aprendi a não acreditar com demasiada convicção em nada do que me havia sido inculcado só pelo exemplo e pelo hábito; e, dessa maneira, pouco a pouco, livrei-me de muitos enganos que ofuscam a nossa razão e nos tornam menos capazes de ouvir a razão. Porém, após dedicar-me por alguns anos em estudar assim no livro do mundo, e em procurar adquirir alguma experiência, tomei um dia a decisão de estudar também a mim próprio e de empregar todas as forças de meu espírito na escolha dos caminhos que iria seguir. Isso, a meu ver, trouxe-me muito melhor resultado do que se nunca tivesse me distanciado de meu país e de meus livros”.

Mesmos passos

Aproveitando a observação de Descartes na linha final, é importante registrar que o escritor nunca viajou ao exterior; no Brasil, visitou poucas cidades, inclusive São Paulo. Em alguns aspectos, existem semelhanças entre o filósofo francês e Barreto, como a preferência na juventude por temas relacionados à geometria e o estilo de escrever, claro e que busca a comunicação sem entraves com o leitor. Segundo Bertrand Russel, na sua História da Filosofia Ocidental, “Descartes escreve não como um professor, mas como um descobridor e explorador, ansioso por comunicar o que encontrou. Seu estilo é fácil e sem pedantismo, dirigido mais aos homens inteligentes do mundo do que aos seus discípulos”.
Na mesma linha, mas em relação a Barreto, analisa M. Cavalcanti Proença no prefácio para a edição de Impressões de Leitura. Conforme o crítico literário, Barreto é direto e simples em seus textos para combater o estilo rebuscado de alguns literatos contemporâneos; o objetivo desse estilo é afirmar as verdades do escritor e influir sobre os leitores e ter a participação destes. Para tanto, continua Proença, “o espírito de ordem havia de levar-lhe a simpatia para os sistemas, dar-lhe diretrizes filosóficas – um pouco oscilantes de Comte a Spencer – e vemo-lo impressionado com as teorias transformistas, na fase de esplendor das ciências naturais, que esperavam definir o universo e enquadrá-lo num sistema”. Segundo Proença, “vem, por certo, desse desejo de clareza, certa abundância de enumerações e de sua variante, a gradação”, em alguns dos seus escritos. Em um trecho do seu Diário do hospício, Barreto diz que queria ser um geômetra, mesmo que “medíocre”.
Assis Barbosa conta que a vida do estudante de Engenharia Civil Lima Barreto, na Escola Politécnica do Rio de Janeiro, onde entrara em 1897, limitava-se às aulas e leituras na Biblioteca Nacional, principalmente relacionadas à Filosofia, “agora que estava curado do sarampo positivista”, escreve Barbosa. E isso apesar da agitação da Rua do Ouvidor, que ficava perto da universidade. Lia Kant, Spencer, Comte, Condillac, Condorcet, Le Bon, entre outros.
Naquele período, o autor chegou até a escrever planos de estudos sobre a disciplina, como o “curso de Filosofia feito por Afonso Henriques de Lima Barreto para Afonso Henriques de Lima Barreto, segundo artigos da Grande Enciclopédie Française Du Siècle XXème, outros dicionários e livros fáceis de se obter”.
Registrado no Diário Íntimo de Barreto com uma frase do filósofo francês Maine de Biran (“No esforço voluntário, a reflexão interior se apercebe de um ‘eu’ que quer e de um ‘não eu’ que resiste”), o programa previa que o curso seria feito de acordo com a história do pensamento filosófico, sendo que cada época deveria ser representada “pela opinião dos seus mais notáveis filósofos”. “Na passagem de uma época para outra, constituirá o grande objetivo do curso estabelecer a ligação dos dois pensamentos, as suas modificações e o que se eliminou de um e por que essa eliminação foi feita, assim como as reações da Ciência e da Arte”, continua.
O curso estava dividido em quatro partes e oito estágios, sendo que o último se referia a religiões, crenças religiosas, animismo, fetichismo, politeísmo e monoteísmo, além de panteísmo e materialismo. As filosofias hindu e chinesa mereciam, separadamente, uma lição cada, assim como a Filosofia Contemporânea, incluindo Sociologia, estudo das raças e suas teorias. A Filosofia Moderna e suas escolas mereciam cinco lições no programa de Barreto. Em quatro lições ele pretendia abarcar a Filosofia da Idade Média, inclusive a árabe e a escolástica.
Duas lições para “Filosofia geral. Modo antigo de entendê-la e modo moderno de encará-la. Definição. Divisões. Lógica. Metafísica. Teodiceia. Filosofias particulares das Ciências e das Artes. O lugar que lhes compete. Fim da Filosofia. Utilidade”. Esta divisão abria o curso, como se percebe pelo seu teor panorâmico e introdutório.
As partes inscritas no programa diziam respeito a “objeto da Filosofia (I e II). III – Método. IV – definição e divisões. Psicologia. Lógica. Teodiceia. Moral. Metafísica e Estética. Modos de encará-la; contribuições diversas do socialismo (estudos sociais), donde a modificação de sua significação primitiva”. O plano é finalizado com a recomendação “o resto se fará pelo programa do antigo Colégio Pedro II (está no Paul Janet)”.
No desenvolvimento do seu curso, Barreto esboça uma explicação sobre as especificidades do método filosófico e a diferença deste em relação ao adotado por outras áreas do conhecimento. Conforme o escritor, “o método filosófico, isto é, o processo de que a Filosofia se serve para chegar ao pleno conhecimento do objeto de seus estudos, não se distingue absolutamente dos métodos empregados nas demais ciências. Usa da abstração, da determinação, da síntese e da análise, da indução e da dedução”.
Barreto vai além nessa explicação epistemológica e estabelece uma maneira de descobrir o método ou métodos usados por filósofos para gerar conhecimento. “Mas, sendo assim, o seu método possui caracteres específicos, tanto mais que o filósofo sabe que, além de tais processos de chegar à verdade, a inteligência possui outros que o cientista não admite nem emprega, o sentimento, a intuição. Portanto, fora das teorias a estudar, seria difícil caracterizar perfeitamente o método da Filosofia; só no estudo de suas doutrinas pode-se completamente compreendê-lo”.
O crescimento do grande público pela primeira vez por meio da segunda edição dedicada a Barreto no suplemento literário “Autores e Livros”, do jornal A Manhã, publicada em 23 de maio de 1943 (a primeira havia saído em 19 de abril daquele mesmo ano); o pesquisador Eloy Pontes ofereceu do seu precioso arquivo de originais de literatos a meditação filosófica manuscrita do escritor.
O suplemento do jornal, órgão oficial do Estado Novo, era dirigido por Múcio Leão (1898-1969), da Academia Brasileira de Letras (ABL). Segundo Pontes, a folha encontrava-se colada a um livro de Barreto. Anos depois, o esboço do curso foi incorporado à reunião de suas anotações cujo título é Diário Íntimo.
Na opinião do crítico literário e ensaísta Agripino Grieco (1888- 1973), Barreto é o mais brasileiro dos romancistas locais, “o nosso primeiro criador de almas”. “Ele sentiu, como nenhum outro escritor brasileiro, a tristeza e o humor que cabem na vida do pobre”, acrescentou.
Já para Monteiro Lobato (1882- 1948), “não é exagero dizer que (Barreto) lançou entre nós uma fórmula nova de romance. O romance de crítica social sem doutrinasismo de gramático. Conjuga equilibradamente duas coisas: o desenho dos tipos e a pintura do cenário. É um revoltado, mas um revoltado em período manso de revolta. Em vez de cólera, ironia, em vez de diatribe, essa nonchalance (indolência) filosofante de quem vê a vida sentado num café, amolentado por um dia de calor”.
No texto Amplius!, espécie de prefácio para Histórias e sonhos, ao responder a uma carta anônima de um leitor que criticara Triste Fim de Policarpo Quaresma, Barreto diz qual era o objetivo da sua Literatura e expõe sinteticamente o que imaginava ser a missão dessa arte. Ele diz: “Parece-me que o nosso dever de escritores sinceros e honestos é deixar de lado todas as velhas regras, toda a disciplina exterior dos gêneros e aproveitar de cada um deles o que puder e procurar, conforme inspiração própria, para tentar reformar certas usanças, sugerir dúvidas, levantar julgamentos adormecidos, difundir as nossas grandes e altas emoções em face do mundo e do sofrimento dos homens, para soldar, ligar a humanidade em uma maior, em que caibam todas, pela revelação das almas individuais e do que elas têm em comum e dependente entre si”.
Ora, não há fundamentos filosóficos nessa definição? Percebe-se que sim. Sugerir dúvidas, ou seja, indagar, principalmente, é o princípio primeiro da disciplina. O trecho de Barreto também carrega ideias contidas em definições como a de Platão, de que a Filosofia é um saber que deve ser usado em benefício dos seres humanos; ou de Marx, de que a disciplina tem o objetivo de conhecer o mundo para transformá-lo, tendo em vista a justiça; ou ainda de Merleau-Ponty, como lembra Marilena Chaui, em seu Convite à Filosofia, de que a Filosofia é um despertar para ver e mudar nosso mundo.
Na biblioteca particular de Barreto, a “Limana”, inventariada pelo escritor em setembro de 1917 e que era composta por mais de 700 volumes, havia vários exemplares sobre Filosofia e biografias e obras de filósofos. Entre aqueles, Confessions (Rousseau), Pensées (Pascal), La religieuse (Diderot), As três Filosofias (L.P. Barreto), Philosophie positive (Bourdet), Précis de Philosophie (R. Worns), Lê fondement de la morale (Schopenhauer), Du libre arbitre (S. Prudhomme), Política (Aristóteles), Essais (Montaigne), El anticristo (Nietzsche), entre outros.
Sobre o alemão Nietzsche, Barreto não dispensou críticas, mesmo que a princípio indiretamente, ao analisar as obras Exaltação e Estudos da “senhora dona” Albertina Bertha (1880-1953), um dos principais nomes da Literatura brasileira do chamado “romance de introspecção”. O texto, de 1920, está nas suas Impressões de leitura. “Muito inteligente, muito ilustrada mesmo, pelo seu nascimento e educação, desconhecendo do edifício da vida muitos dos seus vários andares de misérias, sonhos e angústias, a autora do Exaltação, com auxílio de leituras de poetas e filósofos, construiu um castelo de encantos, para seu uso e gozo, movendo-se nele soberanamente, sem ver os criados, as aias, os pajens e os guardas”, escreve ele.
Em Estudos, Albertina, em texto sobre Nietzsche, compara o “Super-Homem” ao Nirvana búdico e ao Paraíso cristão. Barreto contesta a comparação, expõe as incoerências, desculpa-se por sua rudeza e franqueza e em seguida se justifica para além da crítica literária e do conteúdo do trabalho dela: “não gosto de Nietzsche; tenho por ele ojeriza pessoal”. Na visão dele, as ideias do filósofo, bem como o esporte, foram inspiradores da Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
Nietzsche deu à burguesia governante de então, conforme Barreto, uma Filosofia que é a expressão de sua ação. Aquela, nas palavras dele, “exaltou a brutalidade, o cinismo, a amoralidade, a inumanidade e, talvez, a duplicidade”. Adiante, o escritor defende valores como a caridade e a piedade, criticadas pelo filósofo, reforçando que a humanidade só pode subsistir por meio da associação, sendo aqueles sentimentos úteis para tal objetivo.
“Nietzsche é bem o filósofo do nosso tempo de burguesia rapinante, sem escrúpulos: do nosso tempo de brutalidade, de dureza de coração, do ‘make money’ seja como for, dos banqueiros e industriais que não trepidam em reduzir à miséria milhares de pessoas, a engendrar guerras, para ganhar alguns milhões mais”, escreveu.
Em relação ao esporte, o autor cita um livro de Spencer, de 1902, cujo título é Fatos e comentários. No artigo do pensador inglês intitulado Regresso à barbárie, ele prevê o papel supostamente retrógrado que o atletismo, por exemplo, representaria no mundo. “Condenando-os, sobretudo o futebol, o grande filósofo dizia muito bem que todo espetáculo violento há de sugerir imagens violentas que determinarão sentimentos violentos, dessecando a simpatia humana, enfraquecendo a solidariedade entre os homens”, analisa Barreto.
Em romances e crônicas o escritor carioca com frequência citava filósofos e suas reflexões. Sobre Condorcet, que foi figura ativa da Revolução Francesa e autor do texto Réflexions sur l’esclavage dês negres, que agradou bastante Barreto na juventude e de onde pode ter tirado inspiração para escrever de punho próprio a história da escravidão no Brasil, trabalho que, infelizmente, nunca chegou a realizar; apesar de seu trabalho mostrar o reflexo e consequências de séculos de ilegalidade.
Nas suas Impressões de leitura, ele escreve e presta homenagem a esse tema muito caro ao seu espírito: “Não fossem os filósofos do século XVIII, especialmente Condorcet, e os filantropos ingleses, talvez ainda a escravatura negra estivesse admitida como legal, apesar dos Evangelhos, onde, afinal, todos nós que conhecemos os homens bebemos inspiração”. No texto, de 23 de abril de 1921, ele critica a religião, sobretudo a Católica, partindo da obra Penso e Creio, de Perilo Gomes, e toca na questão da escravidão. Melhor, da posição da Igreja Católica em relação à prática.
“Entretanto, quem acabou com esta infame instituição, a que o mundo antigo, no acertado dizer do Senhor Perilo, estava a tal ponto identificado que os seus filósofos mais eminentes, mesmo o virtuoso Sócrates, mesmo o quase divino Platão e o conciso Aristóteles reconheciam a sua legalidade; entretanto, dizia eu, quem conseguiu a vitória de extinguir semelhante infâmia, não soube ou não pode impedir a moderna escravidão negra nem propagou a sua abolição”, escreveu. “Há exemplos isolados de eclesiásticos que a combateram; mas nunca um ato solene da igreja que a condenasse. A sua atitude perante a nefanda instituição foi a dos filósofos antigos de que fala o Senhor Perilo; foi a de reconhecer-lhe, senão a legalidade, pelo menos a necessidade”, acrescenta Barreto.


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