Com seu líder afastado, a África do Sul enfrenta a primeira crise pós-Apartheid
Há 15 anos, a África do Sul realizou eleições diretas multirraciais inéditas em sua história. Nelson Mandela tornou-se o primeiro presidente negro do país e sepultou definitivamente o Apartheid, iniciado em 1948. Mas o líder, que completou 90 anos em julho, está aposentado da política desde 2004. Em setembro, a ausência de um chefe respeitado culminou em uma séria crise institucional. Pressionado por seu próprio partido, o Congresso Nacional Africano (CNA), o presidente Thabo Mbeki foi forçado a renunciar antes do fim do mandato. Em seu lugar, assumiu o político Kgalema Motlanthe, que deverá conduzir o país no pleito nacional do segundo trimestre deste ano. Especialistas apontam que o mais provável vencedor é o grande adversário de Mbeki, Jacob Zuma, também do CNA. Além do vácuo deixado por Mandela, a crise do país tem explicação na economia. Passada a fase de unificar a nação, chegou o momento de resolver antigos (e graves) problemas estruturais. No começo do ano, Mbeki foi questionado por conta de um racionamento de energia tão sério que paralisou as minas de ouro. Além disso, o desemprego atinge 40% da população. O problema desencadeou protestos contra os habitantes de Moçambique, Zâmbia e Zimbábue que trabalham em Joanesburgo. Os ataques, realizados pelas antigas vítimas do Apartheid, causaram 42 mortes. "Houve uma grande migração para a África do Sul, e isso acirrou a disputa pelo mercado de trabalho", diz Leila Leite Hernandez, professora de História da África na USP. Para Leila, conciliar os diferentes pontos de vista sobre a condução da economia será o grande desafio do novo presidente. "Ele terá que equilibrar os sindicalistas e os empresários", afirma. Se Jacob Zuma for esse homem, o país ainda vai conviver com as denúncias que pesam sobre ele. Elas vão de suspeitas de desvio de dinheiro ao estupro de uma mulher portadora de aids.
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