sábado, 8 de outubro de 2011

Você sabia ? - Casa - Grande



Ao contrário do que se pensa, casa- grande não era o nome da moradia dos senhores do período colonial ( 1500 -1822 ) e só na segunda metade do século XIX o termo se popularizou, como registrou o escritor José de Alencar (1829-1877) em seu romance O tronco do ipê, publicado em 1871, informando que a habitação do senhor era "chamada pelos pretos de casa-grande". Título de um dos livros mais famosos sobre o Brasil - Casa-grande & senzala, editado em 1933 -, do sociólogo Gilberto Freyre (1900-1987), este conceito foi criado pelo autor para traduzir as relações entre proprietários e escravos e não para designar espaço físico. Fato é que hoje casa-grande indica a forma de viver dos grandes donos de engenho e representa um complexo que extrapola o local de moradia dos senhores e inclui o engenho, as oficinas, as plantações e as gentes.
Mas naqueles tempos da colônia não havia designação do lugar da moradia no singular. Eram casas de moradia, casas de vivenda ou, simplesmente, casas. Assim os documentos e inventários da época se referiam, e tinham razão para isso, já que todas as construções eram próximas umas das outras, formando um conjunto que unia o local de trabalho ao de lazer. Juntas ou vizinhas às casas de morada do senhor, ficavam a capela, as senzalas, as casas de agregados e trabalhadores livres, a cozinha, o paiol, a despensa, a casa de farinha e o engenho de açúcar, além do alambique ...
O material empregado na construção das moradias não diferia muito entre as ricas e as mais humildes: as paredes eram feitas de taipa, um trançado de madeira que recebia barro amassado atirado com as mãos; o piso, de terra batida no andar térreo, e de madeira no segundo andar, denominado sobrado;a cobertura sem forro e, em geral, de palha ou sapé, raramente era composta de telhas moldadas nas coxas do oleiros - para cobrir um telhado as telhas deveriam ser moldadas na coxa de um mesmo escravo, para que se encaixassem perfeitamente.
E como eram no interior?
Não havia corredores e os cômodos ligavam-se diretamente através de portas ou, mais comumente, buracos nas paredes. Às vezes designados por alcovas, os quartos de dormir não tinham janelas e muitas vezes ficavam dentro de outros aposentos. Contavam com bem pouca mobília e era mais comum dormir em redes, em esteiras de palha ou em catres - espécie de cama de pés baixos e dobráveis, com lona ou couro no meio, para deitar o corpo. Travesseiros e colchões eram praticamente desconhecidos, mesmo entre os mais ricos, e as roupas eram guardadas em arcas ou canastras, caixas feitas de couro e de madeira flexível.

Sheila de Castro Faria . 
De olho nas casas  das colônias.
 Revista Nossa História 

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