Rio - Imaginem se as perdas com os royalties do petróleo fossem do Rio Grande do Sul? Não duvido que os gaúchos organizariam uma revolução e proclamariam a independência do estado. Até consigo ver as barricadas no Palácio Piratini, as trincheiras construídas por barbudos com lenço vermelho e o chimarrão queimando durante a noite.
Se fosse no Rio Grande, os facões sairiam das bainhas, Garibaldi reencarnaria em algum imigrante italiano, o Veríssimo faria crônicas arrebatadoras, a torcida do Inter fecharia as fronteiras e o Renato Borghetti tocaria o hino farroupilha com sua gaita ponto. Se fosse no Rio Grande, haveria luta. Mas a perda é do Rio Pequeno.
O Rio de Janeiro começou a ficar pequeno na década de 1960, com a mudança da capital para Brasília e, de lá pra cá, a situação só piorou. Mas o que esperar agora,quando deixaremos de arrecadar R$ 3 bilhões já em 2012, sendo que esse valor anual deverá duplicar até 2019?
Permitam-me responder: não devemos esperar. Se a presidente Dilma não vetar o projeto aprovado no Senado, está na hora de sairmos da federação. Se não temos chimarrão, podemos servir um chope gelado nas barricadas. E, na falta do Renato Borghetti, chamamos o Dicró e o Zeca Pagodinho pra manter a cadência da Revolução.
O Jabor pode aparecer no jornal da noite para incendiar os intelectuais, a Miriam Leitão explica os gráficos e o Zuenir reúne o estado partido. Todos os pilotos de asa-delta serão chamados para a força aérea. As garotas de Ipanema serão convocadas para o serviço de inteligência. Os moderninhos do Leblon ficarão na retaguarda. E se você acha que tudo isso é uma piada, espere até ter sua aposentadoria cortada, seus filhos sem emprego e seu município em permanente estado de calamidade pública. Infelizmente, meu amigo, esse é um caso concreto de: independência ou morte.
Ou assunto pra mais um chopinho na praia.
Felipe Pena é jornalista, escritor e professor da Universidade Federal Fluminense
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