Uma pesquisa divulgada na última semana pela ONG Safernet, especializada em segurança na rede, revelou que 40% dos mais de 3 milhões de denúncias de crime feitas na internet no Brasil de 2006 a 2012 são casos de pornografia infantil. As outras causas de denúncia como incitação a crimes contra a vida, racismo, intolerância religiosa e homofobia nem chegam perto da exploração sexual das imagens das crianças. As queixas foram apuradas em canais on-line de instâncias como Polícia Federal, Ministério Público, Senado e da própria Safernet. O dado revela uma preocupação crescente de pais e autoridades com a forma como os jovens estão usando a rede, com a noção que eles têm dos riscos de navegar e trocar informações e, também, com o modo como os criminosos “de plantão” estão de olho nesse espaço virtual.
Outra pesquisa inédita sobre comportamento jovem feita pelo Portal Educacional, do Grupo Positivo, acaba de revelar resultados importantes. Na metodologia empregada em 2012, jovens estudantes de 13 a 17 anos criaram as perguntas respondidas por 4 mil alunos de escolas particulares de todo o país. Alguns dados: 28% dos jovens já encontraram na vida real pessoas que conheceram na rede, 20% tiveram envolvimento amoroso pela internet, 20% mandariam sua imagem para pessoas que conheceram na rede, 6% já apareceram nus ou seminus em fotos na internet, 14% já passaram informações pessoais em sites de bate-papo e 6% já mostraram partes íntimas de seu corpo para desconhecidos via webcam. O estudo também revelou que a maioria dos pais desses jovens não controla o uso da rede e não sabe todo o conteúdo acessado.
Os resultados mostram um uso pesado da internet por parte dos jovens, sem muito controle dos pais e, ainda, sem a noção precisa dos riscos de se exibir, enviar fotos ou revelar informações íntimas. O pior é que, mesmo sabendo de alguns desses riscos, os jovens lidam mal com a exposição. Para muitos, aparecer na rede (independentemente de como isso acontece) é melhor do que sumir do mapa virtual. Ser “popular”, nesse contexto, poderia compensar alguns riscos.
Será que eles imaginam o tamanho do impacto disso? Provavelmente, não. O anonimato da rede e a barreira da tela do computador parecem criar certo distanciamento do risco real. Enquanto o jovem navega com pouca proteção, pessoas hábeis e mal-intencionadas estão só esperando oportunidades para agir. Os resultados da Safernet não surpreendem. Eles revelam quanto é fundamental que essa questão seja bem trabalhada em casa, nas salas de aula e pelas autoridades.
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