O preconceito racial
Diz-se, à boca miúda, que no Brasil há democracia racial. Nada seria mais inverídico do que esta afirmação. Basta examinar as estatísticas para se verificar que os negros estão nas ocupações menos prestigiadas e mais mal remuneradas, que apresentam graus baixos de escolaridade, que não participam do poder político. Existem clubes que não aceitam servir negros, barrando-os na porta ou fazendo-os esperar indefinitivamente à mesa.
Alguns ditos populares expressam eloquentemente o preconceito de que é alvo o negro brasileiro: “Negro, quando não suja na entrada, suja na saída”;” A situação está negra”; “Ele é um negro de alma branca”
(...)
Para justificar as discriminações praticadas contra negros e pardos, evocam-se, frequentemente, fatos do gênero “ negro é sujo”, “negro é pouco inteligente”, negro é supersticioso”. Rigorosamente, deve-se inverter o raciocínio, pois tais características, ao invés de terem sua origem na raça, são conseqüências da desigualdade social entre os brancos, que dominam os negros, que sofrem a dominação.
Obviamente, se um grupo social tem menor número de oportunidades na vida, em função dos preconceitos que pesam sobre ele, encontram-se em seu interior maior número de miseráveis, grandes contingentes de analfabetos e de pessoas pouco escolarizadas, massas imensas de pessoas vivendo em condições de promiscuidade. Assim, se os negros forem, efetivamente, proporcionalmente mais sujos que os brancos, esse fenômeno deriva das condições sociais em que vivem. Tomar banho diariamente é fácil para aqueles que dispõem de água corrente em casa. Não encontram a mesma facilidade aqueles que residem em favelas, sem água encanada, sem energia elétrica. Assim, a higiene pessoal não é reflexo da raça, mas sim das condições sociais de existência.
Quando ao negro se oferecem boas condições de desenvolvimento, ele poderá revelar-se tão bom ou melhor que o branco.
Na sociedade brasileira não são apenas os negros e mulatos que sofrem discriminações. Estas existem contra índios, contra negros e mulatos, já que, somados, eles perfazem cerca de 45% da população nacional.
Diz-se, à boca miúda, que no Brasil há democracia racial. Nada seria mais inverídico do que esta afirmação. Basta examinar as estatísticas para se verificar que os negros estão nas ocupações menos prestigiadas e mais mal remuneradas, que apresentam graus baixos de escolaridade, que não participam do poder político. Existem clubes que não aceitam servir negros, barrando-os na porta ou fazendo-os esperar indefinitivamente à mesa.
Alguns ditos populares expressam eloquentemente o preconceito de que é alvo o negro brasileiro: “Negro, quando não suja na entrada, suja na saída”;” A situação está negra”; “Ele é um negro de alma branca”
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Para justificar as discriminações praticadas contra negros e pardos, evocam-se, frequentemente, fatos do gênero “ negro é sujo”, “negro é pouco inteligente”, negro é supersticioso”. Rigorosamente, deve-se inverter o raciocínio, pois tais características, ao invés de terem sua origem na raça, são conseqüências da desigualdade social entre os brancos, que dominam os negros, que sofrem a dominação.
Obviamente, se um grupo social tem menor número de oportunidades na vida, em função dos preconceitos que pesam sobre ele, encontram-se em seu interior maior número de miseráveis, grandes contingentes de analfabetos e de pessoas pouco escolarizadas, massas imensas de pessoas vivendo em condições de promiscuidade. Assim, se os negros forem, efetivamente, proporcionalmente mais sujos que os brancos, esse fenômeno deriva das condições sociais em que vivem. Tomar banho diariamente é fácil para aqueles que dispõem de água corrente em casa. Não encontram a mesma facilidade aqueles que residem em favelas, sem água encanada, sem energia elétrica. Assim, a higiene pessoal não é reflexo da raça, mas sim das condições sociais de existência.
Quando ao negro se oferecem boas condições de desenvolvimento, ele poderá revelar-se tão bom ou melhor que o branco.
Na sociedade brasileira não são apenas os negros e mulatos que sofrem discriminações. Estas existem contra índios, contra negros e mulatos, já que, somados, eles perfazem cerca de 45% da população nacional.
(Heleieth, I.B. Saffioti. O poder do macho. São Paulo. Moderna. 1987, p. 51-2)
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