Errar é ruim. Errar publicamente é pior. Errar no maior evento esportivo do planeta é um problemão. Mas acontece. Aconteceu comigo. Não preciso entrar em detalhes, pois tenho certeza de que, se alguém não viu, ficou sabendo.
Aí é que está. Meu erro, por imperdoável que seja, alcançou uma projeção que eu nem sabia que tinha. E que certamente não teria na outra bancada. Curioso esse motor de informações das redes sociais. Talvez o erro seja mais querido que a boa performance. O erro faz com que o personagem televisivo se torne real. E eu mesma sou mais de verdade cada vez que erro. Não que eu goste de errar. Mas gosto muito de parecer de verdade. E a verdade atrai uma solidariedade coletiva. Uma sensação de Ela é como nós!
Nesses últimos dias lembrei do meu antigo emprego. Por causa da diferença de fuso horário, o “Jornal da Record” entra no ar perto da meia-noite em Londres, de onde acompanhamos, com exclusividade, os Jogos Olímpicos. A sensação de já-passei-por-isso-antes deve ter ficado boiando em algum canto remoto da minha consciência e surgiu, subitamente, no ar. Ao vivo.
Muita gente que encontro, todos os dias, me diz que eu pareço tão mais feliz hoje do que no passado. Agradeço pela sensibilidade dos que percebem que todos fazemos nossas escolhas e que elas podem nos deixar mais felizes, ainda que desafiem o senso comum. Estou, sim, mais feliz. Mais solta. Mais relaxada. Mais humana. E mais imperfeita, como qualquer um. Erro. E aprendo a gostar de mim também quando erro.
Tanto é assim que tive vontade de escrever sobre isso. Dividir a sensação. A perfeição tem um peso absurdo. A perfeição é muito maior do que nós. É muito poderosa e muito cruel. Ela arrasta você para o buraco escuro da solidão. Por mais ensolarada que você seja por fora, torna-se sombria por dentro. É de lá que vem a primeira cobrança, a primeira crítica, o primeiro julgamento. São todos destrutivos. Vão roendo suas entranhas até que reste só uma casca. Bonita e oca. Além de desejar o melhor e se esforçar pelo melhor, você se torna refém dela. Da perfeição. Acabo de ver a queda de um atleta da ginástica artística numa prova importante. Ele termina a apresentação chorando. Sei o que ele sente. Eu já quis ser perfeita. Mas isso passou. Ainda bem que passou. Por isso perdoo meus erros e faço piada deles.
Amigas e amigos, divirtam-se! Riam de mim do jeito que eu mesma fiz. Parei em frente do espelho e disse pra mim mesma: O que é que você foi fazer, doida? De onde saiu aquela frase? E ri. De mim mesma. Ri pela felicidade de ser quem eu sou. Essa pessoa que tem uma história, pública. Uma história tão minha e tão pública que seria impossível negá-la ou apagá-la. Uma história que muita gente entende, mas que não agrada a todos. Por isso eu ri. Pela felicidade de não ser uma unanimidade e de não ter que arrastar por aí uma personagem de mim mesma. Podem acreditar em mim: é uma tranquilidade não desejar ser querida por ser impecável e se saber querida inclusive nas falhas.
Aí é que está. Meu erro, por imperdoável que seja, alcançou uma projeção que eu nem sabia que tinha. E que certamente não teria na outra bancada. Curioso esse motor de informações das redes sociais. Talvez o erro seja mais querido que a boa performance. O erro faz com que o personagem televisivo se torne real. E eu mesma sou mais de verdade cada vez que erro. Não que eu goste de errar. Mas gosto muito de parecer de verdade. E a verdade atrai uma solidariedade coletiva. Uma sensação de Ela é como nós!
Nesses últimos dias lembrei do meu antigo emprego. Por causa da diferença de fuso horário, o “Jornal da Record” entra no ar perto da meia-noite em Londres, de onde acompanhamos, com exclusividade, os Jogos Olímpicos. A sensação de já-passei-por-isso-antes deve ter ficado boiando em algum canto remoto da minha consciência e surgiu, subitamente, no ar. Ao vivo.
Muita gente que encontro, todos os dias, me diz que eu pareço tão mais feliz hoje do que no passado. Agradeço pela sensibilidade dos que percebem que todos fazemos nossas escolhas e que elas podem nos deixar mais felizes, ainda que desafiem o senso comum. Estou, sim, mais feliz. Mais solta. Mais relaxada. Mais humana. E mais imperfeita, como qualquer um. Erro. E aprendo a gostar de mim também quando erro.
Tanto é assim que tive vontade de escrever sobre isso. Dividir a sensação. A perfeição tem um peso absurdo. A perfeição é muito maior do que nós. É muito poderosa e muito cruel. Ela arrasta você para o buraco escuro da solidão. Por mais ensolarada que você seja por fora, torna-se sombria por dentro. É de lá que vem a primeira cobrança, a primeira crítica, o primeiro julgamento. São todos destrutivos. Vão roendo suas entranhas até que reste só uma casca. Bonita e oca. Além de desejar o melhor e se esforçar pelo melhor, você se torna refém dela. Da perfeição. Acabo de ver a queda de um atleta da ginástica artística numa prova importante. Ele termina a apresentação chorando. Sei o que ele sente. Eu já quis ser perfeita. Mas isso passou. Ainda bem que passou. Por isso perdoo meus erros e faço piada deles.
Amigas e amigos, divirtam-se! Riam de mim do jeito que eu mesma fiz. Parei em frente do espelho e disse pra mim mesma: O que é que você foi fazer, doida? De onde saiu aquela frase? E ri. De mim mesma. Ri pela felicidade de ser quem eu sou. Essa pessoa que tem uma história, pública. Uma história tão minha e tão pública que seria impossível negá-la ou apagá-la. Uma história que muita gente entende, mas que não agrada a todos. Por isso eu ri. Pela felicidade de não ser uma unanimidade e de não ter que arrastar por aí uma personagem de mim mesma. Podem acreditar em mim: é uma tranquilidade não desejar ser querida por ser impecável e se saber querida inclusive nas falhas.
Ana Paula Padrão é jornalista e apresentadora
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