No dia 29 de setembro, a escritora carioca Renata Ventura, de 27 anos, criou um grupo no Facebook com a ideia de reunir pessoas interessadas em levar um pouco de alegria para crianças carentes. A proposta era simples: ler trechos de “Harry Potter e a Pedra Filosofal” para órfãos em casas de acolhimento com encenações e doações de livros ao fim de cada apresentação. E não demorou para aparecer interessados em participar. Foram três mil adesões só no primeiro fim de semana. Com menos de um mês de vida, o projeto Potter em Orfanatos já conta com 4.854 integrantes e grupos distribuídos por todo Brasil.
Os voluntários já trabalham com a arrecadação de livros a serem doados para as instituições visitadas e organizam encontros de planejamento de visitas. Alguns estados encontram-se mais adiantados do que outros. Em Terezina, no Piauí, já foi feita uma primeira visita à casa de acolhimento Lar das Crianças, que deixou 78 meninos e meninas encantados com a apresentação e à espera de outros encontros tão mágicos quanto o primeiro.
Segundo a assistente social Luciana Abreu, de 37 anos, a visita ocorreu em um momento muito oportuno. Na ocasião, o Lar das Crianças terminava de receber 16 menores encaminhados pela Justiça que eram mantidos em um espaço conhecido como A Arca, onde um falso profeta chamado Luís Pereira reuniu aproximadamente 120 pessoas para aguardar o fim do mundo. Pereira chegou a ser preso e indiciado por estelionato.
— As crianças chegaram aqui muito abatidas e o encontro com o grupo de leitura serviu para levantar o ânimo de todos. Eles adoraram a visita e já esperam ansiosos pela próxima — contou a assistente social.
O grupo do Rio de Janeiro, que já conta com 982 participantes, se encontrará neste domingo pela primeira vez. Os organizadores esperam que ao menos 150 pessoas participem da reunião na Quinta da Boa Vista para planejar as primeiras visitas a serem realizadas na capital carioca. A expectativa dos participantes não poderia ser maior.
— Queremos levar um pouco da magia da literatura para essas crianças, mostrar a elas que ler é legal e incentivá-las a adquirir esse hábito. Para isso, deixaremos exemplares do livro apresentado para que elas possam continuar a leitura de onde paramos — detalhou Renata, idealizadora do projeto.
A escolha da escritora por usar as histórias do bruxinho inglês para entreter as crianças também teve seus motivos. Além da autora ser fã confessa do personagem criado por J. K. Rowling, ela ressalta que Harry perdeu os pais ainda bebê, foi criado por tios que não gostavam dele e precisou se virar sozinho enquanto crescia, situação com a qual os órfãos a quem o projeto se dedica podem se identificar facilmente.
— Queremos mostrar a essas crianças que mesmo no ambiente pesado de um orfanato pode-se encontrar alegria — opinou o estudante Jonas Ribeiro, 21 anos, que se disfarça de Harry Potter pela semelhança física que apresenta com o personagem.
A assistente social Cristiane Salles, de 26 anos, a leitura pode ajudar crianças carentes a melhorarem a autoestima, que costuma ser baixa em casos de menores abandonados. Além disso, ela defende a importância que o hábito da leitura pode ter para os meninos e meninas atendidos pelo projeto na medida em que dá início a uma educação intelectual capaz de transformar os leitores em seres críticos e pensantes, donos de uma visão de mundo própria.
— Quando você se dispõe a dar atenção a crianças em situação de abandono isso representa um diferencial muito grande na vida delas, que podem até criar laços afetivos com os visitantes — argumenta Cristiane.
Interessados em participar das visitas ou em doar livros infanto-juvenis podem entrar em contato com os integrantes do projeto na página do grupo Potter em Orfanatos no Facebook
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/harry-potter-inspira-pocao-magica-de-incentivo-leitura-6552254#ixzz2B1yCC2lZ
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