sábado, 20 de setembro de 2014

Artigo de Opinião - Religião na política - Carlos Alberto Rabaça

Acrescente força da questão religiosa em diferentes países foi avaliada pelo Ipsos Public Affairs, instituto de pesquisa internacional. Entre 20 países pesquisados, de todos os continentes, o Brasil é o mais religioso e um dos mais intolerantes a homossexuais. A moral conservadora equipara nosso país à Turquia, de predominância muçulmana, e à África do Sul.


Apesar de sermos um Estado laico, a religião é usada, inapropriadamente, como forma de convencimento político. A Assembleia de Deus, através da coordenação do pastor Lélis Marinho, coleta assinaturas em cem mil locais de culto, para criar um partido, em 2015. O secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Leonardo Steiner, declarou que a religião não deve ser usada como marketing político. “Igreja não é palanque”, enfatizou o religioso.

De fato, os políticos se aproximam dos templos apenas em época de eleições e provocam reações de diferentes correntes. Joel Birman, psicanalista e professor da UFRJ, afirma que o “maniqueísmo está na crista da onda, mas o messianismo é inquietante para o destino da nossa sociedade”. No cenário nacional, a novidade é a mudança radical nas questões da descriminalização do aborto e do casamento entre pessoas do mesmo sexo, no programa da candidata Marina Silva.

Conviver com o laicismo é um exercício árduo, tanto para evangélicos como para ateus e católicos. Quem se mantém lúcido tende a confessar que a fronteira entre a verdade e a falsidade perpassa a própria religião. Com que frequência temos razão e, às vezes, não a temos.

A censura a posições contrárias só é responsável quando se parte de uma decidida autocrítica. Dentro de cada religião, nem tudo é igualmente verdadeiro e bom. Há também coisas más e inverdades na doutrina da fé e costumes, nas instituições e autoridades religiosas. É necessária uma análise crítica como pressuposto de uma estratégia ecumênica. O problema existencial da “verdade” não existe de fato, nem no mundo político, nem no religioso. Estes, a seu modo e em sua essência, contêm verdades que precisam ser postas em prática. Há, no nosso tempo, exigências pós-modernas em que os homens possam desfrutar de iguais direitos e viver a solidariedade independentemente de religiões, mas com respeito a elas. É necessário superar as diferenças que separam ricos e pobres, poderosos e frágeis; superar as estruturas causadoras da fome, da miséria e da morte; superar uma realidade em que se lesionam os direitos humanos e em que os homens são exilados do bem-estar; superar o estilo de vida em que os valores são minados e rechaçados pela corrupção, realidade permanente e perniciosa, no nosso país. Temos fracassado porque não questionamos, com suficiente decisão, os sistemas políticos e econômicos que malversam o poder e a riqueza, utilizados em benefício próprio.

Carlos Alberto Rabaça é sociólogo e professor



Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/opiniao/religiaona-politica-13926423#ixzz3DtizpYx3

4 comentários:

  1. É difícil acreditar que o Brasil é considerado o país mais religioso e um dos mais intolerantes a homossexuais.
    É notório que houve uma grande ascensão da religião na política, e impropriamente. O programa “Escola sem Homofobia” foi suspenso por pressão de uma bancada de parlamentares que se proclamam evangélicos.
    É normal, é direito de qualquer cidadão e político seguir uma religião, mas desde que isso não atrapalhe diretamente ou indiretamente um grupo de pessoas.
    A Presidente Dilma Rousseff disse a GLOBO, em resposta a ex candidata Marina Silva, de ter real compromisso com a criminalização da homofobia.
    O Brasil ainda é um país majoritamente católico; se o Brasil deixasse de ser um Estado Laico, possivelmente se tornaria católico ou evangélico, que atualmente muitos deles estão envolvidos na política. O que tornaria injusto a quem discorda das ideias dessas determinadas igrejas.
    Política e religião não combina.

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  2. A religião está sendo misturado com todas as outras questões incluindo a política. Não podemos juntá-las, já que cada pessoa acredita ou não em uma coisa diferente.
    Já basta aqueles religiosos que obrigam os outros a acreditarem em Deus e ficam dividindo conosco a sua opinião do porque a nossa religião não é boa o suficiente, mas um pastor ou qualquer individuo do tipo se meter na política, já é demais.
    Era pro Brasil ser um país laico, então não podemos misturar as coisas, porque os padres agora insistem em virar senadores. Se eles tivessem ganhado nas eleições, seria uma confusão, haveria uma julgamento do que é e não é de Deus, o preconceito sobre a sexualidade e outros piorariam, a maioria dos atos e regras seriam mais duras, seria tudo como uma nova Ditadura Militar, só que em vez de militares teríamos seguidores religiosos.
    Então, acho que a idéia de ter a religião na política não ia dar certo, já que ele não é algo especifico, mas geral e poderia incomodar todos nós, porque além disso ainda temos problemas mais importantes para se resolver.

    Victoria - 901

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  3. Em nosso país há uma grande democracia que ainda esbarra em um grande preconceito perante as escolhas de cada ser humano. Não há respeito e ainda somos um país extremamente atrasado nessa questão, indo de encontro a palavra democracia que expressa liberdade de escolha. Somos um país muito religioso e por isso deveríamos ter mais respeito com as escolhas de cada pessoa.

    Jullya Beckman / 701

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  4. Eu acho, que cada um tem a sua vida, e a sua escolha, e se aquela pessoa se sente bem, com a escolha que fez, quem somos nós para julgá-los? deixe cada um viver do jeito que quiser, com suas escolhas de vida, seja ele católico, evangélico, espírita, muçulmano, asiático, negro, branco, gay, hétero, lésbica, eu acho que cada um deveria tomar conta da sua própria vida, e deixar de ser preconceituoso com as outras pessoas.

    Mariana Vita - 702

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