quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Te Contei, não ? - O bota - abaixo que deu origem a avenida Presidente Vargas

RIO - Ao visitar uma exposição em 1938 na Esplanada do Castelo e ver o projeto de construção de uma rua larga, com prédios altos, que cortaria o Centro em direção à zona norte, o presidente Getúlio Vargas não teve dúvida. A avenida grandiosa e moderna seria um dos marcos do Estado Novo na capital federal. Iniciadas em 1941, as obras foram concluídas em tempo recorde (três anos) e custaram 270 mil contos de réis, uma fortuna na época. Setenta anos depois, a Presidente Vargas é um retrato da cidade: concentra empresas e grandes lojas, instituições de ensino e órgãos públicos, além de ser palco de paradas militares e manifestações.



O traçado da Presidente Vargas surgiu muito antes do projeto de abertura da via. Já no século XIX, uma rota até a Zona Norte era percorrida por D.João pelo Caminho das Lanternas, aberto pelo arquiteto francês Gradjean de Montigny, a pedido do príncipe-regente: era uma via com lampiões que passava pelo Mangual de São Diogo (Canal do Mangue) e ia do Campo da Aclamação (Campo de Santana) até a Quinta da Boa Vista. A ideia de construir a avenida, em 1938, surgiu num contexto de incentivlo ao uso de carros,l sob forte intervenção do Estado getulista.

Desejada desde os tempos de Dom João, a construção de uma via ligando o Centro à Zona Norte foi prevista no Plano Agache, na década de 30, e retomada no governo de Henrique Dodsworth. Para rasgar os quatro quilômetros de extensão e os 80 metros de largura da avenida no meio de uma região densamente ocupada, foi preciso botar abaixo quase mil imóveis, incluindo a sede da prefeitura e partes da Praça Onze e do Campo de Santana. Ao olhar para o passado, arquitetos e urbanistas lamentam que a obra, durante a Segunda Guerra Mundial, sob a ditadura do Estado Novo, tenha soterrado um pedaço da história da cidade.

— Nenhuma outra intervenção agiu de forma tão brutal sobre o tecido urbano da cidade e destruiu tantos prédios importantes. Até o ateliê de Mestre Valentim, que ficava na Rua São Pedro, foi demolido. A Presidente Vargas significou o abandono dos projetos de urbanização de Pereira Passos, que tinha planejado a ligação com a Zona Norte pela Rodrigues Alves e pela Marechal Floriano, sem arrasar edificações significativas — conta o historiador Nireu Cavalcanti.

Apesar do trauma, a historiadora e professora da FGV Dulce Pandolfi ressalta que a avenida sedimentou seu papel na formação histórica do país, tornando-se grande palco de manifestações políticas.



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