Tombamento pelo Iphan enfrenta dificuldades por conta da derrubada de casario antigo para construção de prédios
AZIZ FILHO
Rio - Sabe nada quem só pensa em Dercy Gonçalves quando ouve falar em Santa Maria Madalena. A pequena cidade tem tantos atrativos que poderia ser, para o norte do estado, o que Paraty é no sul. Poderia, se houvesse mais consciência local sobre o potencial da preservação. Perambular pelas ruas madalenenses proporciona um misto de admiração – pelas belas construções do ciclo do café – e de tristeza, pela destruição incessante.
O Iphan abriu processo de tombamento do centro a partir de estudos da UFF. A exemplo de Búzios e Ouro Preto, o tombamento jogaria o casario antigo para valores inimagináveis. A ameaça ao sonho parte, no entanto, exatamente dos proprietários dos imóveis que seriam beneficiados. Muitos derrubam tudo para fazer prédios sem estilo, de olho no dinheiro ralo do turismo menos qualificado de eventos, como o Carnaval.
“O turismo é a única alternativa para um futuro rico, e uma cidade turística não pode ter prédios verticais. É assustador que prefiram destruir a preservar essas joias”, lamenta o ex-secretário de Educação, Nelson Saraiva.
A professora aposentada Celi Castro Elias morou em uma dessas joias: o casarão da foto ao lado, na Praça Coronel Braz. Ele começou a ser construído para hospedar Dom Pedro II, mas, com a queda do imperador, só foi concluído em 1891. “Nasci e vivi até os 25 anos neste casarão. Meu pai se orgulhava de nos mostrar que as telhas eram da França”, recorda Celi, hoje com 74.
O movimento contrário ao tombamento não é o único desafio de Madalena. Como é comum nas cidades do interior, a poluição visual da fiação aérea e de letreiros sem critério enfeia o que deveria ser lindo. Nem o poder público colabora. A Câmara Municipal fica na antiga Cadeia Pública. O belo prédio colonial foi restaurado, mas não escapou da instalação de um letreiro prateado de gosto para lá de duvidoso, digno de um palavrão de Dercy Gonçalves.
Sinceramente nunca entendi porque o Brasil desvaloriza tanto sua propria cultura, se formos parar para pensar o quanto desta ja foi destruida ou deixada de lado ficariamos com uma bela dor de cabeca. Em Macae por exemplo, quantos do habitantes sabem a historias da propria cidade cidade?Uma parte pequeninissima , eu aposto. Nunca entendi o por que...Muitas cidades desenvolvidas valorizam o conhecimento e a cultura acima de tudo, oferecem museus de graca e tudo mais enquanto aqui, em Macae nao temos nem um museu decente. O primeiro passo para termos uma politica justa por exemplo seria conhecer nossa propria historia pois com isso nao repitiriamos erros e com isso decolariamos em todos os aspectos.
ResponderExcluirEnrico Meirelles 901
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