sábado, 6 de setembro de 2014

Te Contei,não ? - Trabalho de formiguinha contra o efeito estufa

Rio - Na natureza, tamanho não é documento. Novo estudo da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, mostrou como as formigas, embora pequeninas, têm uma importância gigantesca para o nosso planeta. O que Ronald Dorn, professor de Geografia da instituição, descobriu é que a interação de diversas espécies do inseto com rochas aumenta em mais de 300% a absorção natural de dióxido de carbono (CO2) pelos minerais.


Como o CO2 é um dos principais gases causadores do efeito estufa na atmosfera, vale dizer que o ‘trabalho de formiguinha’ está mais para ‘trabalho de Hércules’: contribui para atenuar o aquecimento global.

Dorn verificou que, na presença de formigas, rochas que contêm cálcio e magnésio absorvem o CO2 até 335 vezes mais, em comparação com o que fazem os mesmos minerais sozinhos, sem os insetos.

O professor admitiu não saber ao certo como as formigas fazem a ‘mágica’. Entre outras hipóteses, poderiam ser substâncias ou micróbios deixados por saliva ou secreções glandulares das formigas nos minerais. O que ele explica é que estas rochas naturalmente absorvem dióxido de carbono, que reage formando calcário ou dolomita, e que as formigas de alguma forma aceleram este processo. “Quando eu levo alunos a campo, eu faço com que beijem o calcário, porque aquele calcário é só CO2 que ficou preso em rochas, e por isso a Terra continua habitável”, revela Dorn, entusiasmado.

Com o passar de eras geológicas, a captura de CO2 pelas rochas, ‘turbinada’ pelas formiguinhas, provavelmente ajudou a manter os níveis de carbono na atmosfera e a temperatura do planeta em patamares que permitiram a sobrevivência dos seres vivos.

A descoberta de Dorn foi por acaso. E ‘dolorida’. Em trabalho sobre envelhecimento de rochas, ele foi obrigado a enterrá-las nos mais diferentes tipos de solo e levou centenas de picadas de formigas.

Estudos precisam avançar

Estimular a colonização de formigas é importante para o ‘sequestro’ de carbono, disse à revista ‘Scientific American’ David Schwartzman, professor emérito de Biogeoquímica da Howard University, que revisou a pesquisa. Segundo ele, essa absorção do CO2 seria “imperativa para reduzir o nível do gás para menos de 350 partes por milhão (no momento temos 440 ppm), para evitar as piores consequências da mudança climática continuada”, que é induzida pelas ações do homem.

A meta, agora, é descobrir mais sobre como os insetos estimulam esta absorção do CO2. “Se descobrirmos qual secreção específica, qual glândula de uma formiga produz esse efeito, ou combinações de secreções, então essas substâncias talvez pudessem ser produzidas em grandes quantidades”, afirma Dorn, que planeja levar seus estudos adiante junto com engenheiros minerais.

ONU alerta: ‘impactos irreversíveis’ 
Atualmente, o dióxido de carbono é o gás do efeito estufa mais emitido pelas atividades humanas, ou seja, é apontado como uma das principais causas do aquecimento global. Segundo esboço do próximo relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), os esforços governamentais e políticos que vêm sendo feitos não são suficientes para conter os “impactos severos e irreversíveis” do aquecimentos global no mundo todo, nas próximas décadas.

O IPCC é um grupo de cientistas selecionados pela ONU que se reúnem para analisar pesquisas sobre clima. 



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