RIO — Especialistas em educação tentam explicar o mau desempenho das escolas privadas do Rio no último Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb): no ensino médio, ficaram em penúltimo lugar, à frente apenas de Alagoas. Entre as causas, citam desde a chegada às unidades particulares de alunos egressos de escolas públicas até o fato de a rede privada estar enfrentando problemas até então restritos a unidades municipais e estaduais, como salas superlotadas e falta de qualificação de profissionais. As notas de escolas particulares do estado pioraram em todos os segmentos em relação à última avaliação do Ideb, em 2011.
Para Bertha do Valle, especialista em educação e coordenadora de políticas públicas de ensino à distância da Uerj, uma das explicações possíveis é a entrada de mais alunos da rede pública no sistema privado:
— Nos últimos anos, houve uma procura maior pela rede privada de ensino. Então, uma teoria é de que esses alunos da rede pública estariam entrando despreparados, o que poderia estar puxando a nota para baixo.
Segundo ela, as escolas privadas também estão enfrentando dificuldades como excesso de alunos por sala e falta de um corpo de professores qualificado:
— Sei de casos de professores de matemática na rede privada que dão aula de física, pois não há professores desta disciplina sendo formados pelo mercado.
A especialista lembra que as provas do Ideb não são obrigatórias para a rede privada. Assim, muitas escolas não estariam contribuindo para a pesquisa.
A gestora do programa “Educação pública inovadora’’ do Instituto Inspirare, Heloísa Mesquita, disse que a piora nos resultados do Ideb reflete a incapacidade do ensino brasileiro de lidar com alunos adolescentes, um problema que também vem crescendo no sistema privado:
— Nas duas redes, constatamos o mesmo problema: uma queda no Ideb, especialmente quando se chega ao 9º do ensino fundamental.
As escolas particulares do Rio não atingiram as metas do Ministério da Educação para 2013. Nos anos iniciais, a nota do Ideb foi de 6,1. Em relação a 2011, houve redução de dois décimos. No 9º ano, a nota foi 5,5, o que também representa queda de dois décimos. No 3º ano do ensino médio, a perda de qualidade foi mais acentuada — na comparação com 2011, a queda foi de sete décimos, ficando a nota em 4,8.
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