Salas de aula sem paredes, carteiras enfileiras ou quadro-negro. E alunos que elaboram os seus próprios roteiros de estudo. Assim são as escolas que se inspiram num exemplo que vem de longe: a Escola da Ponte, instituição pública da cidade de Santo Tirso, em Portugal, criada há 38 anos pelo mundialmente respeitado educador José Pacheco. A Escola Municipal Desembargador Amorim Lima e a Escola Projeto Âncora, ambas em São Paulo, são exemplos de instituições que adotaram a inovadora proposta pedagógica idealizada por ele.
— O aluno da Escola da Ponte alcança melhores resultados que os demais — garante Pacheco. — É o que dizem os relatórios de avaliação externa, elaborados por especialistas do Ministério da Educação de Portugal.
A escola Desembargador Amorim Lima, na capital paulista, é um dos estudos de caso que será apresentado no Educação 360, encontro internacional promovido pelos jornais O GLOBO e "Extra" na Escola Sesc do Ensino Médio, em Jacarepaguá. O evento, que acontece amanhã e sábado, é uma parceria com Sesc, Prefeitura do Rio e Fundação Getulio Vargas, com apoio do Canal Futura. O próprio Pacheco será um dos participantes da mesa plenária “Grandes tendências para a transformação da educação”, amanhã, às 14h30.
Na instituição de ensino paulistana, alunos do 1º ao 9º ano do ensino fundamental são autores de sua própria rotina escolar.
— Uma vez por semana, 20 alunos se reúnem com um tutor. Durante o encontro, que dura o dia todo, é definido o roteiro de estudo da semana — afirma Ana Elisa Siqueira, diretora da escola.
Em um salão, os estudantes são divididos em grupos de cinco. Ali, trocam ideias e tiram dúvidas. Assim, desenvolvem autonomia, mas sem perder o espírito de equipe. Segundo Ana Elisa, o foco do grupo é a postura coletiva:
— O aluno passa a se responsabilizar por suas atitudes, já que ele é também o gestor de um espaço social — constata. — Se o aluno “mata” uma aula, por exemplo, não vai culpar a escola ou a família pelo seu ato.
Além do papel
A Escola Projeto Âncora compartilha da mesma linha pedagógica, e teve sua criação acompanhada de perto por José Pacheco. A instituição gratuita, em Cotia, atende a alunos de 3 a 15 anos com renda familiar de até três salários mínimos e que moram em um raio de até 3 km de distância. Segundo a coordenadora-geral do Projeto Âncora, Suzana Maria de Camargo, uma das premissas da escola é tirar o conhecimento do papel.
— Certa vez, um aluno me disse que gostaria de acabar com o lixo do mundo. Então, começamos a buscar soluções e números sobre a quantidade de lixo gerado por uma pessoa — revela a coordenadora-geral do Projeto Âncora, Suzana Maria de Camargo — Ao final do processo, os alunos promoveram um mutirão para catar o lixo no bairro.
A vida escolar do aluno é dividida em iniciação, desenvolvimento e aprofundamento. A cidadania é uma prioridade. Na primeira fase, quando os alunos são alfabetizados, as aulas destacam valores como afetividade, respeito, responsabilidade, honestidade e solidariedade.
— Eles são alfabetizados nas atitudes também — afirma Suzana. — Na etapa de desenvolvimento, o aluno passa a elaborar o seu roteiro de estudo, escolhe as oficinas que vai cursar e o seu tutor. E o nível de autonomia é ainda maior na fase de aprofundamento.
Não é apenas no plano de aula que a escola se difere de outras tradicionais. Uma lona de circo faz a vez de uma sala de aula, onde os alunos realizam atividades coletivas. O cenário é fiel à filosofia da escola, que leva a brincadeira a sério.
— O circo tem a ver com a proposta de ensinar de forma lúdica. Também oferecemos oficinas de música, skate, natação e teatro — diz Suzana .
A iniciativa parece ter o aval dos alunos. Ana Carolina Santino, de 10 anos, já planeja sua vida profissional: quer fazer faculdade de química:
— Não vejo a hora de começar a trabalhar. Eu aprendi a ter responsabilidade no colégio.
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A novidade no ensino do Brasil
ResponderExcluirAs escolas brasileiras não deviam seguir completamente os ideais portugueses, o Brasil deve e pode sim buscar ideias novas para o seu ensino, mas não se espelhar completamente em algo novo, porque assim pode faze-lo perder totalmente a sua própria identidade.
Se houver o desejo de se espelhar em outras ideias, os colégios podem aderir a essas novas medidas, contanto que sejam boas. Algumas propostas são boas e outras ruins, como o fato dos próprios alunos elaborarem o roteiro de estudo, os jovens estão em uma fase de aprendizado e devem aprender a seguir um roteiro organizado feito pela própria escola, incentivando a responsabilidade, e não um feito por eles mesmos.
Enfim, os colégios deveriam repensar essas ideias e não aderir a todas elas, já que algumas funcionam, e muito bem por sinal. Aprecio muito o fato de o país estar mexendo com essa questão educacional, pois demonstra um interesse em melhorar o ensino brasileiro.
Rafael Negreiros 901
Os tipos de mudanças acontecendo no nosso século estão ajudando cada vez mais no desenvolvimento de todos. A Escola da Ponte de Portugal é um bom exemplo pra isso, pelo fato dele testar e ensinar todo o tipo de aluno a ter responsabilidade e a ter consciência dos próprios atos.
ResponderExcluirComo diz esse texto, muitas crianças, nesses tipos de escola, já começam a pensar no seu futuro, e isso é um grande avanço em comparação aos outros que ainda respondem que querem fazer parte de contos de fada.
Foi uma boa idéia, eles terem feito escolas assim e os espalhados pelo mundo, mesmo que algumas pessoas não gostem, porque eles te ajudam a achar meios de se expressar, de se descobrir sozinho, ver o que você quer de verdade, e não é porque ele ou ela são crianças que as coisas não podem ser assim, qualquer um pode fazer isso se quiser, é só ter um pouquinho de incentivo (a escola com a ajuda dos educadores) e a pessoa consegue, ao longo de sua longa vida.
Victoria - 901