O Conselho Federal de Medicina (CFM) está indignado com o anúncio da
presidenta Dilma Rousseff de que o governo trará 6.000 médicos de Cuba, e outros
tantos de Portugal e Espanha, para atuar em municípios carentes de profissionais
da saúde. Por que a grita contra esses médicos cubanos? Detalhe: 40% dos médicos
do Reino Unido são estrangeiros.
O CFM reclama da suposta validação automática dos diplomas dos médicos
cubanos. Em nenhum momento isso foi defendido pelo governo. O ministro Padilha
deixou claro que pretende seguir critérios de qualidade e responsabilidade
profissionais.
Estudos do próprio CFM sobre a “demografia médica no Brasil” demonstram que,
em 2011, o Brasil dispunha de 1,8 médico para cada 1.000 habitantes. Temos de
esperar até 2021 para que o índice chegue a 2,5/1.000. Segundo projeções, só em
2050 teremos 4,3/1.000. Em 2005, a Argentina tinha mais de 3/1.000, índice que o
Brasil só alcançará em 2031.
Dos 372 mil médicos registrados no Brasil em 2011, 209 mil se concentravam
nas regiões Sul e Sudeste, e pouco mais de 15 mil na região Norte.
O governo federal se empenha em melhorar essa distribuição de profissionais
da saúde, oferecendo salário inicial de R$ 8 mil e pontos de progressão na
carreira, para incentivá-los a prestar serviços de atenção primária à população
de 1.407 municípios brasileiros. Mais de 4 mil médicos já aderiram.
O Brasil, antes de reclamar de medidas que beneficiam a população mais pobre,
deveria se olhar no espelho. No ranking da OMS (dados de 2011), o melhor sistema
de saúde do mundo é o da França. O Brasil, o 125º lugar!
Os médicos cubanos virão tratar de verminose e malária, diarreia e
desidratação, para reduzir as mortalidades infantil e materna, aplicar vacinas e
ensinar cuidados de higiene.
Frei Betto é escritor, autor de ‘O que a vida me
ensinou’
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