Um filho com necessidades especiais representa muito para a família. Representa cuidados, amor, educação e dedicação
Rio - Um menino com transtorno do espectro autista aprende numa escola
regular. Anteriormente, fora uma criança não verbal, com momentos de
autoagressão e com pouquíssima interação social. Alguns diziam que seu quadro
era severo e que jamais poderia estudar num “colégio normal”. Mas seus pais não
viam assim, nem seus professores. “Educação escolar, terapêutica e alimentar”:
foi o que disseram e fizeram. O quadro severo passou a fazer parte do passado.
Hoje, sua interação em sala é tão natural que faz esquecer o transtorno.
Fatos como esse têm revertido expectativas a respeito de pessoas com
necessidades especiais. Isso ocorre com muita frequência quando pais e
educadores buscam informações, pesquisam, vão à luta e, acima de tudo, mantêm
viva a certeza de que, para além das condições limítrofes impostas pelas
necessidades especiais de uma pessoa, está a sua condição humana de
aprendente.
Um filho com necessidades especiais representa muito para a família.
Representa cuidados, amor, educação e dedicação. Representa, ainda, grandes
desafios, mas com grandes possibilidades de superação. Vê-se que, quanto mais a
família é engajada nesse propósito, as possibilidades aparecem. Os avanços em
distintos campos científicos têm trazido grandes contribuições para a
comunicação, a aprendizagem escolar e a socialização.
Deficiências sensoriais, motoras e intelectuais têm sido sobrepujadas com o
auxílio de tecnologia assistiva, trazendo maior qualidade de vida. É a superação
de barreiras antes consideradas intransponíveis. São conquistas alcançadas nos
últimos anos decorrentes do esforço de pais, pesquisadores e educadores.
Crianças, adolescentes e adultos com necessidades especiais apresentam profícuas
habilidades em muitas áreas quando são estimulados adequadamente, destacando o
caráter pluralista da inteligência humana.
A pergunta é: como fazer isso? Ou, em muitos casos, como começar a fazer
isso? Algumas respostas poderão surgir, mas, certamente, acreditar que possuímos
atributos que nos tornam diferentes uns dos outros — mas igualmente humanos — e
que somos capazes de aprender, independentemente de nossas limitações, será um
bom começo.
Eugênio Cunha é autor do livro ‘Práticas pedagógicas para
inclusão e diversidade’
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