quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Editorial - O perigo da intolerância religiosa

A tolerância religiosa no Brasil nunca foi pura e simplesmente uma medida imposta por decreto. É, antes disso, um aspecto cultural. Por um lado, foi preciso incluir na Constituição artigo resguardando a liberdade de culto e proteção contra a discriminação, porque tais garantias não seriam naturais; por outro, a convivência entre credos distintos foi facilitada pela formação do povo. A miscigenação e a intimidade entre a casa-grande e a senzala resultaram em mecanismos de acomodação, como o sincretismo que uniu religiões aparentemente tão diferentes quanto o catolicismo e o candomblé. Na Bahia, por exemplo, eles se misturaram.

No entanto, a tendência à convivência pacífica tem sido cada vez mais posta em xeque, e de uma forma que as autoridades não podem fazer vista grossa. A série de reportagens publicada pelo GLOBO semana passada mostra que os fiéis da umbanda e do candomblé — 600 mil pelo Censo 2010 — foram vítimas de 22 das 53 denúncias de intolerância religiosa recebidas pelo Disque 100, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, de janeiro a 11 de julho deste ano. Além disso, um estudo da PUC-Rio registrou que, num grupo de 840 terreiros, 430 foram alvo de discriminação, sendo 57% dos casos em locais públicos.

Os ataques vão de manifestações de preconceito na escola e no trabalho a ofensas pessoais, ameaças, danificação de imagens e até a destruição de terreiros. A mãe de santo Conceição de Lissá, em Duque de Caxias, viu seu terreiro ser atacado oito vezes nos últimos oito anos. Em pelo menos um episódio, fanáticos usaram gasolina para atear fogo no quarto dos artigos usados nas cerimônias. Ou seja, além da humilhação e do dano moral, a integridade física dos fiéis está em risco.

A intolerância, por si só, já é inaceitável. Seja contra orientação sexual, etnia ou crença. Trata-se de um comportamento criminoso que deve ser punido como manda a lei.

Felizmente, não chegamos aqui ao ponto de outros países em que grupos se organizam para manifestar publicamente o ódio a homossexuais, negros ou estrangeiros. Mas é melhor não pagar para ver. Adeptos dos cultos afro-brasileiros não só denunciam como organizam sua legítima reação em passeatas contra a intolerância religiosa. Contam com o apoio na sociedade e de representantes de outros credos, com quem têm em comum a convicção de que o respeito à fé alheia é sagrado.

Se a sociedade se mobiliza, mais obrigações ainda tem o poder publico, que deve ficar atento e ser ágil nas investigações. Caso a intolerância não seja punida exemplarmente, fiéis movidos pela absurda presunção de superioridade poderão se sentir encorajados a prosseguir, porque, afinal, estariam agindo “em nome de Deus". E é justamente assim que pensam radicais responsáveis por guerras milenares e terrorismo pelo mundo afora.



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6 comentários:

  1. É, a intolerância, por si só, é realmente inaceitável. Mas a questão necessária a ser focada, é a intolerância religiosa. Que fique claro que não adianta criar artigos para a constituição contra a discriminação, se apenas uma parte de um todo, ou menos que isso, se recusa a agir de acordo.
    Essa discriminação ou discernimento, está passando dos limites. Pessoas estão sendo julgadas e maltratadas a cada dia mais.
    Independente de qual maneira o maltrato estiver sendo usado, de fato, isso é extremamente errado, muito perigoso. Com religião, não se brinca. É até aceitável ser discutida, pois a curiosidade permite ações do tipo. Mas de tamanho respeito ! De tamanha tolerância !
    Estou farta, estou sentida. Só de tentar ter uma ideia sobre como essas pessoas consideradas vítimas se sentem sozinhas no mundo em relação a isso, me dá um aperto enorme.
    De fato, eu poderia usar o nome de Jesus para tal Salvação, quero dizer, uma futura mudança. Mas creio que quando se está vivo, nada que a justiça não seja feita, que a solução não seja encontrada e o mais importante, incorporada nessa sociedade medíocre.

    BRUNA LEITE FÉLIX - 801

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  2. A cada dia que passa ouve-se mais e mais noticias sobre este tipo de discriminação, será que esta intolerância religiosa nunca acabará?
    Cada um tem o seu direito de ir e vir, fazer e cultuar, dizer e exercer o que quiser; isto não é algo que deve ser mandado ou obrigado, cada um faz o que bem entender.
    Nenhum estabelecimento deve ser queimado pelo simples fato de receber pessoas que praticam o candomblé, por exemplo, além de ser uma falta de respeito isso também pode colocar a vida de pessoas em risco, isto é inadimicível.
    Infelizmente vivemos em uma sociedade cujos princípios, o de respeitar ao próximo e o de ajudar um ao outro, não são levados a sério.
    Deve-se olhar para si próprio antes de sair apontando os defeitos do seu próximo, deve-se respeitar os direitos de todos,mesmo que não seja o que no seu ponto de vista é o certo a se fazer.

    Ana Carolina Pereira Ribeiro - 801

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  3. A intolerância religiosa é um fato cada vez mas comum no Brasil e no mundo pois algumas pessoas acham que a sua religião é a certa e as dos outros é que são as erradas.
    Cada pessoa tem o seu próprio livre arbítrio o direito de escolher se "você" quer ou não quer fazer algo.
    A intolerância religiosa acontece muito com as religiões africanas por serem associadas erroneamente a "coisa do mal" só porque os negros que as cultuam (existem brancos também mas os principais são os negros).
    Para acabar com esse problema é necessário a conscientização desde criança que isso é errado e não tem nenhuma justificativa e nem desculpa para este ato tão desumano.
    Heitor Dutra Delage da Silva
    Turma: 801


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  4. A cada dia que passa, vemos mais preconceito, intolerância, discriminação. Quando vemos o jornal, vemos vários exemplos disso. Seja de forma direta ou não. Há séculos estamos batendo na mesma tecla, cometendo os mesmos erros. Há séculos pessoas lutaram pela liberdade, fim do racismo, mas também aos direitos de ter sua própria religião.
    Mas mesmo assim, continuamos com racismo e discriminação, cometendo os mesmos erros e lutando por várias coisas pelas quais já foram pedidas. Com certeza as pessoas que prejudicam ao outro por qualquer tipo de intolerância, devem ser punidas, mas também tem de haver uma conscientização, para saberem que elas não vão ter de aceitar essas coisas apenas porque serão julgadas, mas porque elas tem que saber que isso é inaceitável, é um desrespeito ao próximo. É lógico que todos nós temos intolerâncias, mas temos que saber lidar com isso e melhorar.

    Julia Sant'Ana - 801

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  5. Uma hora é racismo, ma hora é preconceito e agora é intolerância religiosa? Quando isso vai acabar? Quando vão deixar de ter tudo isso? Religião a gente escolhe, nós não somos obrigados a ter uma religião, a gente só tem porque acreditamos na palavra.
    Eu falei escolha, porque devemos respeitar a escolha de cada um. Agora, querer discriminar uma pessoas por ela fazer parte de uma igreja? É muito perigosa essa intolerância pois pode acontecer com qualquer um como na postagem de ter sua casa incendiada, seus artigos religiosos quebrados.
    Já está na hora de deixarmos isso de lado, cada um tem suas escolhas, nós temos as nossas e é fundamental haver respeito as escolhas alheias.

    Olivia Macedo- 702

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  6. Pois é, “religião cada um tem a sua e a amizade continua” essa frase deveria ser utilizada no dia a dia e principalmente, respeitada.
    A intolerância religiosa pode levar a sérios problemas, sendo eles para a pessoa que é discriminada ou para a pessoa que discrimina, e em minha opinião religião é uma coisa particular que não deveria ser motivos para piadas.
    Católicos, espíritas, evangélicos, judeus, candomblecistas; independentes da religião nós somos todos iguais e para mim não existe religião certa nem religião errada, cada um crer no que quer e acredita em quem acha certo, não deveria existir esse tal de “a minha religião é a certa” e para mim, é bobeira se afastar de alguém por ela não ter os mesmos costumes religiosos que os seus e cada um deveria aceitar o outro do jeito que é.
    Ainda tenho a esperança que algum dia, qualquer tipo de preconceito vai acabar e perceberemos que por dento somos uma pessoa só.

    Luisa Gouveia
    701

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