quarta-feira, 25 de março de 2015

Artigo de Opinião - Protesto da Casa Grande - João Batista Damasceno

“As manifestações de 2015 não se relacionam com as jornadas de 2013. Aquelas tinham pauta, embora difusa, que incluía melhoria no transporte público. Mas jovens foram presos, o movimento social, criminalizado, policiais da Força Nacional atuaram — à margem da lei — como infiltrados, e seus depoimentos se prestam ao liberticídio. O acolhimento das demandas das jornadas de 2013 poderia ter produzido fortes defensores da democracia e não se precisaria pagar a manifestante para apoiar as instituições, ameaçadas pelo golpismo. "Sem o povo não adiantam as fortalezas", escreveu Maquiavel em 1513, pois em tempo de crise elas se voltam contra o príncipe”.


Todo o poder pertence ao povo, que o exerce, também, diretamente. Manifestação é forma de democracia direta e auxilia as instituições nas crises de representatividade. Daí a legitimidade das manifestações do domingo passado. Mas pesquisas demonstraram a presença de poucos jovens, marcante em eventos onde o desejo de justiça e felicidade se posta no horizonte e os guia rumo à utopia.

Alguns dos jovens presentes acompanhavam parentes mais velhos, a quem recorriam para responder o que lhes era perguntado. O resultado não poderia ser outro senão ódio, preconceito de classe, ressentimentos, grosserias, ostentações, afetações e esnobismos próprios de provincianos de um país periférico. A maioria era branca, com mais de 30 anos e renda mensal superior a 10 salários mínimos. Uma mulher negra, com roupa branca, carregava uma criança loira, acompanhando um casal que clamava por moralidade vestindo camisa da CBF. Era a babá auxiliando o protesto da 'Casa Grande'.
A ausência de políticas sociais efetivas recolocou o Brasil na 1a. República. Os lucros dos bancos nunca foram maiores, as políticas sociais se resumem ao assistencialismo, mesmo sem clientelismo, e os serviços públicos foram destroçados. Um médico que trabalha num hospital público do Rio, por 24 horas semanais, recebe R$ 1,4 mil mensais. Proliferam as privatizações — a dos hospitais, por meio das OSs. Saúde, transporte e Educação são uma calamidade, apesar do discurso oficial que aponta — com cabeça nas nuvens e os pés fora do chão — prefeito aliado como o melhor das galáxias. A classe média agoniza e, instigada, esperneia. Cumpre o seu papel de classe em tempo de crise.

Perdedores inconformados querem o 3o. turno e pedem intervenção militar. Mas foi o governo federal quem primeiro deu sinais de que problemas políticos e sociais podem ser sanados com as Forças Armadas. Visita ao Complexo da Maré, onde são constantes as violações aos direitos humanos, o demonstra. Isto sem falar na criação, à margem da Constituição, da Força Nacional, tal como o Regente Feijó criara a Guarda Nacional, aparato que deu suporte ao pacto coronelista.

As manifestações de 2015 não se relacionam com as jornadas de 2013. Aquelas tinham pauta, embora difusa, que incluía melhoria no transporte público. Mas jovens foram presos, o movimento social, criminalizado, policiais da Força Nacional atuaram — à margem da lei — como infiltrados, e seus depoimentos se prestam ao liberticídio. O acolhimento das demandas das jornadas de 2013 poderia ter produzido fortes defensores da democracia e não se precisaria pagar a manifestante para apoiar as instituições, ameaçadas pelo golpismo. "Sem o povo não adiantam as fortalezas", escreveu Maquiavel em 1513, pois em tempo de crise elas se voltam contra o príncipe.


Publicado originariamente no jornal O DIA, em 22/03/2015, pag. E6. Link: http://odia.ig.com.br/noticia/opiniao

2 comentários:

  1. Christian Almeida Miranda
    801 Ativo

    Como fala no texto a relação entre as revoltas do povo de 2013 e 2015 foi totalmente diferentes. As revoltas do povo em 2013 e 2014 foram por causa da copa em geral, porque com a reforma do estadio para a copa o governo deixou de lado a melhoria dos transportes públicos dos hospitais e etc...
    Então as pessoas se revoltaram poque o governo achou mais importante melhorar o estadio para os jogos da copa e nem ligaram para a nossa saúde e segurança porque muitos hospitais estavam com falta de materiais para ser usado oque dificultava as açoes dos médicos e muitos hospitais estavam sem médico e em relação os transportes é em muitos lugares do Brasil estavam com falta de ônibus e muitos motoristas estavam de greve por causa do salário então teve varias revoltas contra tudo isso.
    Já as revoltas de 2015 foram por causa das injustiças do governo com as pessoas como por exemplo a diminuição do salário a corrupção que acabou com a Petrobras e o aumento das contas de casa e então as pessoas foram as ruas pedindo que a presidenta Dilma abandone seu cargo e pedindo que a corrupção acabe, oque é uma ´´missão quase impossível´´ porque é bem difícil acabar come ela.

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  2. Na minha opinião todas as grandes revoltas foram causada pela incompetência do governo do PT, não que eu tenha algo contra, o meu pensamento se baseia nos acontecimentos anteriores pois pelo o que eu me lembre as revoltas só começaram a aparecer quando a Dilma começou a governar o país.
    Pense se antes do PT haviam tantos conflitos, pois pelo que eu me lembre não tinham.
    Todos se revoltam porque ela aumentou o preço de várias coisas ,mas isso tudo é culpa do governo pois se eles não tivessem começado a corrupção, a Petrobras não estaria falida , as contas e os preços não aumentariam e não teriam conflitos.
    Aluna:Maria Luiza W.Brasileiro
    Turma:701

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