quarta-feira, 25 de março de 2015

Te Contei, não ? - A casa onde Jesus passou a infância


Arqueólogos descobrem sob as ruínas de um convento em Nazaré o local onde Cristo teria vivido seus primeiros anos e concluem, pela estrutura do imóvel e os objetos encontrados, que a sagrada família seria de classe média



Raul Montenegro (raul.montenegro@istoe.com.br)




Uma casa com pórticos arqueados e feitos de calcário, material considerado puro pelos judeus do século primeiro. Nem suntuosa, nem muito pobre. Este pode ter sido o lar de Jesus Cristo durante sua infância em Nazaré, segundo pesquisa realizada por um time de arqueólogos da Universidade de Reading, no Reino Unido. A equipe descobriu que, cerca de 600 anos após a crucificação, os bizantinos acreditavam que o menino Jesus havia vivido seus primeiros anos no local. Por isso, ao redor da construção, ergueram uma igreja que se tornou um importante centro de peregrinação para cristãos do período.


Hoje, no mesmo lugar está o convento das Irmãs de Nazaré, que foi crucial para a identificação. A principal evidência de que os cristãos daquele tempo acreditavam ser aquela a moradia do pequeno Cristo está num documento chamado “De Locis Sanctis” (Os Locais Sagrados), escrito em 670 d.C. pelo abade irlandês Adomnàn de Iona. No texto, o monge conta a história da suposta peregrinação a Nazaré feita pelo bispo franco Arculf e explica que naquele tempo existiam duas grandes igrejas na cidade, a Basílica da Anunciação e um outro templo próximo, que contava com uma cripta com duas tumbas e um poço em seu interior. Entre as sepulturas, estava uma casa que os bizantinos acreditavam ter pertencido à Sagrada Família. De acordo com os pesquisadores, a descrição da segunda igreja se encaixa perfeitamente com as ruínas sob o convento – que, além disso, está a poucos metros da Basílica da Anunciação, conforme descrito no “De Locis Sanctis”.


Se esta realmente foi a casa de Jesus, seus padrões de vida estavam acima da alardeada origem humilde. Chefe da equipe acadêmica da Universidade de Reading, o arqueólogo Ken Dark explica que os moradores do local não eram nem muito pobres, nem muito ricos, a julgar pela estrutura do imóvel e pelos objetos encontrados. Ele também considera que os que lá viveram provavelmente eram judeus, já que a construção foi feita em calcário, um material que respeitava as regras de pureza daquele povo. A datação foi feita através do estilo arquitetônico e dos modelos cerâmicos encontrados.

O especialista acredita que este pode ser realmente o antigo lar do menino Jesus, mas diz que as evidências científicas só permitem afirmar com certeza que os bizantinos acreditavam nessa possibilidade. “Por se tratar de uma residência do século primeiro, talvez eles estivessem corretos na identificação de onde Cristo foi criado, mas é muito difícil ligar evidências arqueológicas a pessoas específicas”, disse à ISTOÉ. A descoberta foi publicada no periódico Biblical Archaeological Review, reunindo material de dois estudos anteriores do próprio Dark. No artigo, ele revela que na escavação foram achados potes de cozinha, um fuso de tear e uma decoração de mosaicos bizantinos feita séculos depois da crucificação. “Os adornos sugerem que o local era de importância especial e possivelmente venerado”, escreveu ele.



Os escombros foram descobertos por acaso no século 19 pelas freiras que moravam no convento. Em 2006, a equipe de Dark fez a datação das ruínas da residência e do antigo templo erguido em volta dela, chamado de Igreja da Nutrição (uma referência onde Maria amamentou Jesus). Depois dos bizantinos, o templo foi abandonado por um período e voltou à ativa durante as Cruzadas, antes de ser destruído pelo fogo no século 13. Mas a descoberta não é uma unanimidade entre a comunidade acadêmica. “A importância do achado está em iluminar o contexto histórico de Cristo, e não em confirmar sua presença física naquela residência”, afirma o arqueólogo Rodrigo Silva, professor do Centro Universitário Adventista de São Paulo. Presidente da Associação Brasileira de Arqueologia do Mediterrâneo Oriental, Jorge Fabbro acha pouco provável que Cristo tenha passado a infância na casa. “A única evidência que os pesquisadores têm é uma tradição bizantina em relação àquele local. Essas tradições não têm valor histórico porque são muitas vezes exageradas. Do ponto de vista científico, a ligação com a figura de Jesus é precária”, afirma. Para Dark, no entanto, “as novas informações do projeto transformam o conhecimento arqueológico do período romano e da Nazaré bizantina.” Alheios às considerações acadêmicas, os cristãos do mundo todo devem adotar o local como uma importante ponto de peregrinação para alimentar a fé. 

3 comentários:

  1. A casa da Sagrada Família, um lugar onde cresceu um menino que viria a ser o salvador dos cristãos, foi descoberta finalmente, e provavelmente virará mais um local escravo do consumismo do mundo, ou talvez seja alvo de atentados terroristas, ou ainda se torne um local, que muito dificilmente será um lugar puro, sem cobrança de taxas monetárias ou atentados contra o cristianismo.
    O lugar é sagrado, e essa será uma das principais armas a favor deles na hora de não manchar a imagem de Jesus com a ganância, e como o país é uma região sagrada, isso lhe pesa também a favor.
    Entretanto, o lugar é ponto turístico, o país é um ponto turístico, que atrai dezenas de milhares de turistas para visitação todos os dias, e talvez isso pese a favor da taxa de entrada e de ataques terroristas, que só por sem um local histórico já é alvo de sunitas ( radicais islâmicos).
    Mas o que mais me preocupa é essa descoberta acabar virando um argumentar em bate bocas religiosos a favor dos judeus e islâmicos com a generalização de que a bíblia mente, por que Jesus não era pobre como as pessoas achavam.

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  2. A primeira reação que tive ao ler essa notícia foi de surpresa, como conseguiram achar a casa de Jesus depois de tanto tempo? Tive que ler na hora, mas depois de ter lido a entrevista sobre a suposta casa de Jesus não fiquei tão confiante de que aquela realmente tenha sido a casa, até mesmo por que na notícia diz que a família que ali morava era de classe média, mas para os cristãos Jesus era alguém pobre, e muito humilde. Na pesquisa fala sobre um templo que ficava próximo à casa da família sagrada, e posso lembrar que em uma das passagens, Jesus tinha sumido e só foi achado um tempo depois lá no templo.
    De acordo com a reportagem, a descrição encaixa perfeitamente com as ruínas sob o convento, já é um ponto muito importante, mas já que os cientistas dizem apenas poder confirmar que os judeus acreditavam nisso pois até agora não tiveram provas concretas. Foram também achados panelas, um fuso de tear é um mosaico que foi feito anos depois da ressurreição, então obscurantistas chegaram à conclusão de que aquele lugar era venerado, o que nao era de ser esperado. Outro ponto importante è que a presidente da associacao Brasileira de Arqueolgia do Mediterraneo Oriental diz que, como a unica evidencia que os pesquisadores tÊm è uma trdicao bizantina, mas como nao tem valor historico pois muitas vezes è muito exagerado, a ligacÃo com a figura de jesus e precària.
    Uma frase que prestei bastante atenção na pesquisa foi que eles querem iluminar o contexto histórico de Cristo e não provar sua existência física, pois isso não mudaria nada para certas pessoas, mas essas descobertas fizeram uma enorme diferença para outras.E mesmo se as pessoas não acreditam muito que a casa tenha sido de Jesus, já é um local muito importante para os cristãos. Como os porticos da casa eram feitos de calcario, material considerado puro pelos judeus, podemos entender que os moradores eram judeus.
    Eu fiquei descepicionada pois achei que como o templo foi construido em cima da casa, esperava que elas conservacem a casa e n ao abandonacem ele, mas eles tiveram sua ultima chance quando retornaram ao convento e mesmo assim deixaram a casa pegar fogo. Como a casa era um patrimonio historico elas deveriam ter muito mais cuidado em cuidar dela, e iso me deixou muito triste.

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  3. Realmente não se tem fatos concretos que essa seja à casa de Jesus ou da família dele, mas isso que é fé é acreditar em algo que não se tem provas concretas de que existe ou deixou de existir. Se esse fato for provado e definir que aquela é mesma a casa que Jesus passou a infância, muitas duvidas virão e muitas pessoas perderão a sua fé, pois como que ele seria um homem humilde se ele vivia em uma casa de Classe média?
    Eu não acredito que aquela seja mesmo a casa dele, mas quem sou eu para falar alguma coisa, afinal, eu não estou participando do caso e nunca vi a casa, quem sabe se é mesmo ou se não é, as provas são muito pobres e poucas, qualquer um pode ter morado ali, às vezes pode não ser Jesus mas sim um apostolo, quem poderá provar o contrario.
    Muitas vezes os fatos podem estar ligados ou até mesmo na cara, mas sem uma máquina do tempo ou até mesmo uma testemunha isso é impossível de provar, mas como sabemos que não existe nem testemunhas e nem algo concreto, só podemos esperar e ver até onde isso vai ir. Alguém pode ter falsificado as provas ou até mesmo pedido para o monge escrever isso por conta de sua fascinação religiosa. Como iremos saber?
    O importante é que a casa continua ali. Mesmo depois de tantos desastres a partir do tempo ainda temos ela ou pelo menos uma parte dela, uma parte importante dela, quem sabe isso não é um milagre não acham? Vai que ali eles não acham uma peça de roupa ou até mesmo um pertence ou coisa assim. Seria ótimo ter uma base concreta que na Terra se andou de verdade um filho de Deus. Será essa a chave do fim do ateísmo?
    O fato é, se essa é realmente a casa de Jesus Cristo, já é um grande avanço na teologia, uma coisa inusitada, algo que vai ser lembrado por muito tempo, se bobear será mais importante que Jerusalém. O mundo dá voltas e a cada volta uma coisa nova acontece. Será que esse será o inicio de uma nova descoberta? Espero que sim.
    Eduarda Raposo-801

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