1890 a 1914 – “ La Belle Époque”
A riqueza da classe alta era exibida no estilo de vida extravagante e nas roupas luxuosas, principalmente femininas. A moda era de extrema importância, seguida rigorosamente. Não segui-la, era correr o risco de cair no ridículo. A roupa definia claramente classe e idade.
No início da década de 1900 a moda ainda possuia resquícios do final do século XIX. A mulher dessa época enfrentava uma grande tarefa ao vestir-se e despir-se, devido a grande quantidade de camadas de roupa, precisando muitas vezes, de uma criada de quarto. Primeiro tinha a chemise e os calções, ou combinações de algodão branco com bordados vazados, adornados com renda e finos cordões de fita. Depois vinha o espartilho – peça crucial para dar a forma em “S” ou “ampulheta” da época . A maioria das mulheres usava longos suspensórios elásticos ou ligas de meia-calça para segurar as meias, que eram combinadas cuidadosamente com cada conjunto – meias de dia e esportivas eram normalmente de lã, algodão ou fio de Escócia, lisas, com pinhas ou listras sóbreas. As de noite eram de seda, francesas, rendadas ou bordadas. Algumas mais ousadas usavam meias com aplique de serpente em torno das pernas. Depois vinha o primeiro vestido do dia (sim, elas trocavam de roupa algumas vezes por dia – apenas as ricas, obviamente). Os vestidos eram menos volumosos e os vestidos de noite passaram a ter uma pequena cauda.
Os acessórios eram diversos e compunham os diversos “looks” da época. Luvas, colares de contas longos, chapéus que eram verdadeiras obras de arte, bolsas de alça comprida e sapatos de salto Louis, linguetas altas e biqueiras amendoadas. Guarda-chuvas e sombrinhas longas muitas vezes davam o toque final.
A maquiagem era considerada vulgar na época, sendo usada moderadamente. O papier poudré/poudre de riz (pó de arroz) era usado para esconder pontos brilhantes e disfarçar manchas, vinha em pequenos livretos e uma folha era o bastante. A maioria das mulheres beliscavam as bochechas e mordiam os lábios para conseguir um rosado gracioso. Outras mais ousadas, recorriam ao rouges e pomadas pigmentadas para os lábios. Apenas atrizes usavam os olhos pintados e carregavam no batom e no rouge. Em 1906 a Shiseido lançou duas versões de pó de arroz que deixavam a pele mais bege ( kaede e hana), quebrando com a tradição do pó branco.
Os perfumes tendiam a ser leves, florais, como “Lavanda”, “Moss Rose”, “May Blossom”… Alguns perfumes mais fortes tinham nota de flores indianas exóticas.
Os cabelos eram volumosos, com ondulações profundas. As moças usavam eles compridos até os 18 anos, quando então eram feitos os populares penteados largos e cheios da época. As que não tinham cabelos suficiente usavam postiches (cabelos postiços) e enchimentos, conhecidos como rats (ratazanas), presos com grampos e pentes. Os chapéus adornados com fitas, plumas, rendas e flores completavam o penteado rebuscado. Pintar ou descolorir os cabelos não eram bem vistos pelas damas da alta sociedade, isso “era coisa de atrizes”.
Curiosidades:
AVON – Em 1886 David H. McConnell vendia livros de porta em porta e presenteava as clientes com um frasco de perfume, percebendo que o perfume fazia mais sucesso que os livros, mudou de ramos e passou a comercializar suas fragrâncias com o mesmo sistema que vendia os livros. Depois, contratou uma senhora chamada Florence Albee para ser sua primeira revendedora. Em 1896 já tinha um folheto com vários perfumes, sabonetes, cremes, xampus, etc. no qual suas clientes podiam escolher e encomendar. A empresa chamava-se California Perfumes Co., mas em 1939 McConell resolveu mudar o nome para Avon em homenagem a Stratford-on-Avon, terra de Shakespeare, de quem era admirador.
HELENA RUBINSTEIN – Polonesa da Cracóvia, estudou medicina na suíça sem completar o curso. Imigrou com sua família para a Austrália em 1902 e lá iniciou seu império cosmético. Ela vendia um creme chamado Valaze, usado para hidratar a pele das australianas que reclamavam da secura da pele. A fórmula teria sido passada por sua avó materna. Alguns biógrafos dizem que o verdadeiro autor do creme teria sido um químico húngaro, Jacob Lykusky, amigo de sua mãe. Além do creme, Helena aconselhava as mulheres em tratamentos de beleza e cuidados com a pele. Em 1908 foi para Londres e abriu o “Helena Rubinstein Salon de Beuté Valaze“, oferecendo uma coisa inédita: o Day of Beauty – um dia inteiro dedicado à beleza.
Bibliografia: Moda do século XX – Valerie Mendes e Amy de la Haye ; História da maquiagem, da cosmética e do penteado – Ana Carlota R. Vita
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