O ingresso mais barato no jogo entre Botafogo e Flamengo custou R$ 100
Rio - Antes do jogo Flamengo x Botafogo, no último domingo, bem-humorada
manifestação na porta do estádio chamava a atenção por dois motivos: em primeiro
lugar, pelo ineditismo ao unir torcedores dos dois times rivais; depois, porque
eles estavam vestidos com terno e gravata, gritavam palavras de ordem em inglês,
como “The Maraca is ours”, e brindavam com champanhe.
O protesto era contra a elitização do estádio. O ingresso mais barato custava
R$ 100, preço proibitivo para boa parte dos que se acostumaram a frequentar o
Maracanã nos velhos tempos.
Quem assistiu ao jogo pela TV constatou algo já visto na Copa das
Confederações: numa sociedade essencialmente miscigenada, quase não havia negros
na arena.
A discutível privatização do estádio, na qual o estado gastou mais de um
bilhão de reais e o entregou a um consórcio que, ao longo de 30 anos, vai pagar
de volta apenas R$ 700 milhões, não parece ter sido um bom negócio do ponto de
vista do interesse público. Mas, além disso, não levou em conta outro fator: o
significado do Maracanã para o Rio de Janeiro.
Dada a sua importância, o estádio não pode ter seu destino movido pela busca do lucro privado.
Dada a sua importância, o estádio não pode ter seu destino movido pela busca do lucro privado.
E, que não se iludam os clubes, cúmplices do processo de elitização, por
fixar preços exorbitantes para os ingressos: se as partidas forem transformadas
essencialmente em espetáculos voltados para exibição na TV, a longo prazo se
estará ferindo a galinha dos ovos de ouro.
Estádios vazios afetarão o espetáculo e farão com que diminua o amor das
novas gerações pelo futebol.
Assim, ao lado do verdadeiro atentado à cultura do povo brasileiro, a longo
prazo vai acontecer um esvaziamento do mais popular esporte do país.
Presidente da Comissão da Verdade do Rio e da Comissão de Direitos
Humanos da OABTítulo da notícia
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