quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Resenhando - Um gênio do samba

Um gênio do samba

Com fotos e manuscritos inéditos, nova biografia de Cartola retrata sua trajetória acidentada e seu notável talento

Eliane Lobato
CARTOLA-ABRE-IE.jpgBAÚ DE VERSOS
Parceria com Elton Medeiros, escrita em papel timbrado
do Ministério da Indústria e Comércio, onde Cartola trabalhou
Cartola_manuscrito.jpg
A imagem de Cartola magro, elegante e de terno branco não é uma composição artística. Ele praticamente nasceu assim. Garoto de classe média, morava perto da praia, no bairro do Catete, na zona sul do Rio de Janeiro – seu avô materno recebia um bom salário e proporcionou um ótimo padrão de vida aos netos, até seu falecimento. A partir daí, começaram os tempos difíceis para o vaidoso menino de 12 anos que havia tomado gosto pelas roupas e sapatos fashion. Ao trabalhar como operário de obra, percebeu que seria bom proteger os cabelos dos pingos de cimento que caíam a toda hora. Já morando no Morro da Mangueira, subúrbio carioca, ignorou o cenário pobre e escolheu um chapéu-coco, usado também fora do trabalho.Ficou conhecido como “aquele da cartola”. Desde então, Agenor de Oliveira passou a ser Cartola –, e é assim que identificamos um dos maiores compositores da música brasileira.
Cartola_livro.jpg
Uma trajetória de pobreza, poesia, muita música, um bocado de malandragem, carnavais e doenças. Tudo isso está bem descrito na biografia “Divino Cartola – Uma Vida em Verde e Rosa” (Casa da Palavra), de Denilson Monteiro. Até executor de despachos de macumba em encruzilhadas o grande Agenor foi. Todos os biscates eram bem-vindos para aumentar a renda doméstica e pagar sexo com prostitutas. Por esse vício, “o corpo dele transformou-se em um verdadeiro zoológico de doenças venéreas”, escreve o biógrafo. Mas a felicidade veio mesmo quando encontrou Euzébia Silva do Nascimento, a dona Zica, com quem foi casado durante 26 anos. Sem filhos naturais (seu filho Ronaldo de Oliveira é adotivo), Cartola deixou uma divina prole musical, como “O Mundo É um Moinho” e “As Rosas não Falam”, e é um dos pais da tradicional escola de samba Mangueira. Morreu de câncer, aos 72 anos. Além de contar a história de Cartola de maneira bonita, o livro de Monteiro ainda reúne fotos do artista, documentos inéditos da vida dele e um CD com alguns clássicos.

Isto É

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