
– Mas você só vem jantar com a gente e depois volta a escrever.
– Dá só uma passadinha na festa.
– Isso não existe.
Para começar a escrever, preciso estar tranquilo, relaxado. Se saio, minha cabeça embaralha. Perco o ímpeto. Há um charme na profissão, e a gente é convidado para tudo o que acontece, praticamente. A contrapartida é que nunca dá para aceitar! Confesso que adoro escrever. Mas também adoro comer bem, ler, assistir a filmes e falar pela internet – sem falar em outros detalhes íntimos. É preciso disciplina para abdicar de tudo isso, sentar e trabalhar das 8 da noite mais ou menos até de madrugada. Quando termino um capítulo de Amor à vida, minha próxima novela, os personagens estão vivos na minha cabeça. A história pulsa. Dedico-me então a meu único vício: fumar um charuto na varanda. É quando penso na vida e, é claro, no próximo capítulo. Deito lá pelas 5. Acordo à 1 da tarde, invariavelmente atrasado para algum compromisso. Sim, as pessoas insistem em marcar alguma coisa. É incrível como as pessoas gostam de reuniões. E de almoços. Odeio marcar almoços, porque isso diminui minhas horas de sono. Mas, quando você se torna um escritor conhecido, as pessoas querem marcar compromissos o tempo todo. Se aceitar, nem sobra tempo para escrever. É insensato, mas é desse jeito que o mundo funciona. Para fugir, uso uma técnica: se querem marcar algo em São Paulo, digo que estou no Rio de Janeiro. E vice-versa. Boa parte das vezes estou simplesmente escondido.
Faço o possível para malhar e praticar pilates. Mas a ginástica é fugir dos compromissos. É uma loucura. Há três anos estou para fazer uma consulta ao oftalmologista. Meu maior programa é ir a boas livrarias e me abastecer de novos lançamentos. A maior parte não leio, por falta de tempo, mas tenho esperança de que algum dia...
Gosto desta vida. Adoro ficar dois dias sem sair de casa. Tenho poucos e bons amigos. É o mais importante. Não conseguiria ser diretor de televisão. Eles, sim, sofrem! Como autor, posso escrever uma linha do tipo: “Então o exército cruza o riacho”. O pobre diretor tem de transformar essa simples frase num acontecimento visual. Achar o riacho. Contratar atores e figurantes para montar o exército. Figurinistas para vesti-los. Cavalos. Armas. Uma vez, armei uma greve na novela Esperança. Liguei para o diretor Luiz Fernando Carvalho e avisei.
– Tudo bem, eu seguro – ele disse.
Em uma semana, ele pôs 100 figurantes vestidos em trajes de época no ar. Não imagino como conseguiu. Já me tornei amigo do Wolf Maya, diretor de núcleo, e do Mauro Mendonça Filho, diretor-geral de Amor à vida, porque me compreendem. Seguram minhas loucuras. Só para você ter uma ideia: gravarão em Machu Picchu e em outros locais do Peru, que chegam a 4.900 metros de altitude.
Menos glamourosa é a vida dos atores. Parece charmosa quando aparecem em baladas, camarotes VIPs etc. A realidade é dura. Se você vê a cena de uma festa deslumbrante numa novela, saiba que ela pode ter sido gravada às 9 da manhã. Isso significa que as estrelas acordaram às 5 e chegaram às 7, para fazer cabelo e maquiagem. O que há de glamouroso em pular da cama às 5 para trabalhar? E ainda ter de estar bela e com aparência de felicidade, apesar do sono? Além disso, atores esperam, e como! As cenas na televisão são gravadas de acordo com um minucioso quebra-cabeça, em função de cenários e externas. Se um ator está numa externa, é preciso que ele a termine e volte ao estúdio, para então gravar uma cena na sala de jantar. Mas a atriz pode ter gravado outra cena no estúdio muito antes. Espera por ele. Horas e horas. Às vezes o dia todo.
Vida de artista é exaustiva. A vantagem é que todos amamos fazer o que fazemos. Por isso, quando alguém me pergunta o segredo para entrar na área, digo:
– Só tente se escrever, dirigir ou atuar seja tão importante para você como respirar.
– Tudo bem, eu seguro – ele disse.
Em uma semana, ele pôs 100 figurantes vestidos em trajes de época no ar. Não imagino como conseguiu. Já me tornei amigo do Wolf Maya, diretor de núcleo, e do Mauro Mendonça Filho, diretor-geral de Amor à vida, porque me compreendem. Seguram minhas loucuras. Só para você ter uma ideia: gravarão em Machu Picchu e em outros locais do Peru, que chegam a 4.900 metros de altitude.
Menos glamourosa é a vida dos atores. Parece charmosa quando aparecem em baladas, camarotes VIPs etc. A realidade é dura. Se você vê a cena de uma festa deslumbrante numa novela, saiba que ela pode ter sido gravada às 9 da manhã. Isso significa que as estrelas acordaram às 5 e chegaram às 7, para fazer cabelo e maquiagem. O que há de glamouroso em pular da cama às 5 para trabalhar? E ainda ter de estar bela e com aparência de felicidade, apesar do sono? Além disso, atores esperam, e como! As cenas na televisão são gravadas de acordo com um minucioso quebra-cabeça, em função de cenários e externas. Se um ator está numa externa, é preciso que ele a termine e volte ao estúdio, para então gravar uma cena na sala de jantar. Mas a atriz pode ter gravado outra cena no estúdio muito antes. Espera por ele. Horas e horas. Às vezes o dia todo.
Vida de artista é exaustiva. A vantagem é que todos amamos fazer o que fazemos. Por isso, quando alguém me pergunta o segredo para entrar na área, digo:
– Só tente se escrever, dirigir ou atuar seja tão importante para você como respirar.
Só a paixão dá felicidade ao artista. O glamour é só para quem está de fora.
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