Das estampas nas paredes até o acesso pela internet. Confira a história da charge no Brasil e no mundo
Maria Garcia
O termo cartum é de origem britânica e, em síntese, foi definido como um desenho cômico. Surgiu na década de 1840, após o estabelecimento da revista semanal de humor Punch no mercado editorial inglês. Na época, o parlamento britânico era costumeiramente decorado com murais, ensejo perfeito para que cartoons satíricos tomassem conta de parte das paredes. A divulgação engendrou novas possibilidades de rir dos próprios problemas. O cartoon significou, de antemão, um esboço preliminar sobre um pedaço grande de um papelão, ou cartone, em italiano. Já palavra charge é originada da língua francesa, o que significa carga ou ataque.
Cartuns e charges, então, são a mesma coisa? Não necessariamente. De acordo com o jornalista Caio Moretti, as diferenças são sutis. Em texto publicado na segunda edição da revista Jornalismo & Cultura, Moretti diferencia a charge por ser tratar de um fato, diferente da liberdade do cartum. Ele defende que a charge normalmente possui caricaturas, diferente do cartum que é mais ligado à história em quadrinho de humor. “Aliás, esta é a característica comum destes itens artísticos do jornalismo, o fato de serem realizados às pressas, devido à urgência, própria do jornalismo”, escreve Moretti.
Charge tupiniquim - A primeira charge do Brasil data de 1837, poucos anos após a independência do país. A arte, intitulada A Campanha e o Sujo, circulou por 160 réis nas ruas do Rio de Janeiro sem assinatura do autor, o pintor e poeta Manuel de Araújo Porto Alegre. Tratava-se, na época, de uma sátira ao assunto tratado pelo jornalista Justiciano José da Rocha. Este denunciava as propinas recebidas por um funcionário do governo ligado ao Correio Oficial. Com elementos excessivos e dotados de muita informação no princípio, o processo das charges foi se aperfeiçoando e chegou a uma linguagem simples e acessível, capaz do leitor captar o sentido em segundos.
A primeira revista a publicar charges no país foi a revista Lanterna Mágica, em 1844. Depois, revistas como Semana Ilustrada, Vida Fluminense, O Mosquito, Comédia Social, O Mequetrefe, e Don Quixote estampavam charges em suas publicações. Atualmente, os seguintes nomes são referências nesta área: Millôr Fernandes, Chico Caruso, Ziraldo, entre outros.
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