Em todo o mundo, museus desempenham papel fundamental na revitalização urbana e no desenvolvimento social e econômico de importantes cidades, que apresentam incríveis histórias de “antes” e “depois” de seus museus. O Guggenheim Bilbao é um dos casos mais emblemáticos, com dados impressionantes que evidenciam o museu como catalisador de transformação, como, por exemplo, ter gerado um retorno para a economia local seis vezes maior (500 milhões de euros) sobre o valor investido na construção do museu (84 milhões de euros), apenas três anos após a inauguração.
O Brasil, cada vez mais, passa a reconhecer o poder dos museus no desenvolvimento das sociedades e volta seu olhar para o setor. Hoje, no país, cerca de 90 museus estão sendo construídos ou passam por revitalizações profundas (em um universo de 3.500 museus). É claro que as Olimpíadas e a Copa do Mundo são importantes alavancas, mas este boom faz parte de um processo mais amplo que considera os avanços econômicos, a globalização e, sobretudo, a valorização da cultura nas agendas privadas e públicas, incluindo a criação do Instituto Brasileiro de Museus, em 2009.
Esta é também uma aposta do Rio de Janeiro com o MAR, a Casa Daros, o Museu do Amanhã, o MIS e outros projetos anunciados, como o Museu da Moda. São novos museus que precisam lidar com os antigos desafios de atração de público, sustentabilidade financeira e renovação de acervos. Mas a principal demanda para os museus brasileiros é que sejam relevantes! Que façam parte da vida das pessoas, integrando-se ao fluxo das cidades, evoluindo com os movimentos contemporâneos e atuando como polos de reflexão sobre temas atuais. Isto acontece quando as pessoas passam a incluir o museu nas suas escolhas diárias, de motivação turística, econômica, de lazer, espiritual ou intelectual.
A Europa, os EUA, o Canadá e outros países avançaram muito nessa direção. Em 2012, no congresso Communicating the Museum (Comunicando o Museu), no MoMA, em Nova York, debatemos as capacidades que os museus brasileiros precisam fortalecer para chegar lá: experiência — criar uma atmosfera que possibilite aos visitantes viver uma experiência abrangente, além das exposições, seja ela de contemplação, convivência familiar ou entretenimento; conexão — um elo que se cria entre o visitante e o museu, que desperta seu interesse real, e independe das variações temáticas expositivas; presença — que o museu esteja presente, seja onde for, nos jornais, rádios, internet, universidades, ruas, parques, de múltiplas e inusitadas formas, e seja capaz de ir até as pessoas, e não se limitando a esperar que o público venha até o museu.
Nesta semana, o Rio de Janeiro sediará a Conferência Geral do Conselho Internacional de Museus (Icom). Será uma oportunidade ímpar para que os gestores de museus possam se inspirar e encontrar caminhos para estes desafios. A conferência foca no papel social dos museus, área em que o Brasil tem ampla experiência para trocar com o mundo, como seus museus de território, de favela e pontos de memória.
Lucimara Letelier é diretora-adjunta de Artes do British Council/ Brasil
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