- É difícil descobrir o que são e o que querem hoje, até porque são grupos segmentados, que não formam uma geração uniforme, como em 1968
Estão cada vez mais visíveis os sinais do comportamento desviante e agressivo de uma parte dos jovens. Em SP, no mês passado, seis deles confessaram à polícia ter espancado até a morte Bruno Borges, de 18 anos, por ser gay. As agressões homofóbicas chegaram a tal ponto que, para se proteger, homossexuais passaram a andar em grupos em torno da Avenida Paulista. “A gente tenta se blindar, senão não sai de casa”, disse um deles, que recentemente foi espancado ao andar sozinho. No Rio, como se sabe, dois episódios de violência juvenil chamaram a atenção. No primeiro, agressores prenderam pelo pescoço num poste no bairro do Flamengo um assaltante de 15 anos, depois de espancá-lo e deixá-lo ferido e nu. Um desses autodenominados “justiceiros” revelou que são uns 50, que costumam sair à noite para caçar marginais e dar-lhes uma “lição de moral”, ou seja, agem como os criminosos que perseguem. O pior é que muita gente boa, alegando a ineficácia da polícia, apoia a Lei de Talião, do olho por olho. Em vez de exigir o aprimoramento da segurança, prefere retroceder à barbárie que vigorou 1.700 anos antes de Cristo.
O outro episódio foi por demais comentado: a morte do cinegrafista Santiago Andrade, atingido por um rojão lançado por dois rapazes, Fábio Raposo, de 22 anos, e Caio Silva de Souza, de 23, que pertencem à gangue de vândalos que promovem quebra-quebra em manifestações. Antes de se saber que os dois são de modesta origem sócioeconômica, houve muita especulação. O prefeito Eduardo Paes chegou a se referir aos “filhinhos de papai”, o que de fato não são: eles moram sozinhos, um na Zona Norte e o outro na Baixada Fluminense, trabalham e ganham salário-mínimo. A partir dessa amostra, no entanto, não se pode generalizar, como se faz equivocadamente com os participantes dos rolezinhos, acreditando que são todos excluídos.
A Sininho, por exemplo, de 28 anos, tem outro perfil intelectual e social. Chamada de “patricinha” por populares, é a mais proeminente dos ativistas, capaz de circular entre políticos, de recolher doações de vereadores, de recrutar advogados e de ir a uma delegacia afrontar, xingando os jornalistas de “carniceiros” e, em outra ocasião, um PM de “macaco”. Seu protagonismo desmente a crença de que entre eles não há liderança, que é uma estrutura horizontal e que se reúnem de forma aleatória e espontânea.
A verdade é que é difícil descobrir o que são e o que querem certos jovens hoje, até porque são grupos segmentados, que não formam uma geração única, uniforme, como em 1968. São tribos — e cada tribo é uma categoria à parte, com hábitos particulares e uma “cultura” própria. O que os une é o gosto pelo vandalismo e a transgressão, principalmente quando recebem um dinheirinho político para praticarem o que tanto curtem: a violência.
O outro episódio foi por demais comentado: a morte do cinegrafista Santiago Andrade, atingido por um rojão lançado por dois rapazes, Fábio Raposo, de 22 anos, e Caio Silva de Souza, de 23, que pertencem à gangue de vândalos que promovem quebra-quebra em manifestações. Antes de se saber que os dois são de modesta origem sócioeconômica, houve muita especulação. O prefeito Eduardo Paes chegou a se referir aos “filhinhos de papai”, o que de fato não são: eles moram sozinhos, um na Zona Norte e o outro na Baixada Fluminense, trabalham e ganham salário-mínimo. A partir dessa amostra, no entanto, não se pode generalizar, como se faz equivocadamente com os participantes dos rolezinhos, acreditando que são todos excluídos.
A Sininho, por exemplo, de 28 anos, tem outro perfil intelectual e social. Chamada de “patricinha” por populares, é a mais proeminente dos ativistas, capaz de circular entre políticos, de recolher doações de vereadores, de recrutar advogados e de ir a uma delegacia afrontar, xingando os jornalistas de “carniceiros” e, em outra ocasião, um PM de “macaco”. Seu protagonismo desmente a crença de que entre eles não há liderança, que é uma estrutura horizontal e que se reúnem de forma aleatória e espontânea.
A verdade é que é difícil descobrir o que são e o que querem certos jovens hoje, até porque são grupos segmentados, que não formam uma geração única, uniforme, como em 1968. São tribos — e cada tribo é uma categoria à parte, com hábitos particulares e uma “cultura” própria. O que os une é o gosto pelo vandalismo e a transgressão, principalmente quando recebem um dinheirinho político para praticarem o que tanto curtem: a violência.
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