Aprender é saber resolver problemas porque significa que alguns princípios adquiridos podem ser usados em utilidades diversas
Rio - Aprender é saber resolver problemas porque significa que alguns
princípios adquiridos podem ser usados em utilidades diversas. Um dos teóricos
da aprendizagem, Robert Gagné, afirma isto em obras escritas na década de
1970.
Mais uma vez o Pisa atesta a baixa capacidade dos alunos brasileiros nessa
habilidade, e isto reflete o tipo de ensino que desenvolvemos. O que a escola
mais faz é desenvolver exercícios onde há uma pergunta e uma resposta. Nada mais
que um questionário. Raramente o aluno depara com uma situação-problema. As
avaliações concentram-se no conhecimento e nem sequer chegam à aplicação.
Os países da OCDE que se interessam pelos resultados do Pisa querem uma
escola que prepare alunos para solucionar problemas em várias situações em que a
vida os colocar. Nós ainda estamos desenvolvendo um aspecto, apenas, da
aprendizagem que poderia, dentro de perspectiva mais acanhada, permitir que um
aluno decore textos e responda corretamente sem nada entender.
De modo contrário, para resolver problemas, ele não pode ter os conhecimentos
adquiridos somente de memória. Esta é a grande diferença. Quando o aluno resolve
problemas, ele pensa, e este aspecto é dos mais importantes no aprendizado.
Como nossa escola trabalha? Ela manda o aluno somar 10 + 10 e fica feliz
quando a resposta retorna 20; mais ainda, se a escola manda adicionar 50, e
obtém 70! Até aí nós vamos. Um pequeno problema com esses mesmos dados poderia
ser assim: Dez e dez não são 20 e, se adicionarmos 50, encontramos 11!
De que instrumento estou falando? Para solucionar, o aluno deve pensar e,
sobretudo, verificar que os resultados com os conhecimentos da soma não
solucionam este problema. Ele deverá pensar até chegar ao relógio. Dez horas e
dez minutos não são 20 e, se somarmos 50, chegaremos às onze horas.
Gagné afirma que “graças aos processos de combinação de princípios antigos e
novos, o aluno adquire uma reserva de habilidades”. Isto significa que o ser
humano está dotado de qualidade que permite combinar os princípios antigos com
os novos.
Isto é o que a escola precisa fazer. E não se trata de mudar a metodologia
para atender o Pisa; trata-se, sim, de preparar os alunos para situações
diversas da vida.
Hamilton Werneck é pedagogo e escritor
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