quarta-feira, 1 de junho de 2011

Continuando PRA OPINAR 2



LÍNGUA AFIADA










O que escritores premiados e especialistas falam sobre o livro que tolera erros de concordância




"Acaso cabe à escola, aos livros adotados, ao Ministério da Educação, conservar os alunos em estado indigente de pobreza cultural, a pretexto de não desmoronar suas convicções familiares ou ofender o seu meio social? Que bondade é essa do livro, que afirma ser a escrita diferente da fala, como se qualquer um de nós já não soubesse? O livro confirma a tese de que esteve sempre em curso no Brasil o projeto de manter uma legião de brasileiros como cidadãos de segunda classe"



Nelida Piñon, escritora e vencedora do Prêmio Jabuti em 2005, com o livro "Vozes do Deserto"




"Acho isso uma barbaridade. O MEC deveria retirar esse livro de circulação e responsabilizar quem o autorizou. Isso custou muito dinheiro aos cofres publicos. É um desastre e é exatamente o oposto do que é pregado por qualquer pessoa minimamente civilizada. No meio dessa luta insana para transformar a educação na preocupação número 1 do País, vem esse povo afirmar que pode falar errado. É inadmissível"



Fernando Morais, escritor e vencedor do Prêmio Jabuti em 2011, com o livro "Corações Sujos"




"Se 'nós vai" é correto então todo mundo deveria falar 'nós vai'. O livro passa a ideia de que não faz mal falar errado, de que não é problema falar de uma maneira diferente da convencional. Isso termina levando algumas pessoas a não fazer um esforço em falar o português correto e cria esse apartheid linguistico. Numa sociedade como a brasileira, acabamos criando o português do rico e do pobre. Se eu fosse ministro, colocaria uma errata na obra"




Cristovam Buarque, senador e ex- ministro da Educação



"Lendo o capítulo todo, dá para ver que não estão ensinando a falar errado, apenas registram diferenças no falar. A frase deixa de ser uma lição de professor, passa a ser a constatação de um linguista. Não é um absurdo. É só infeliz na formulação e inoportuna. Afinal, se um aluno que fala assim procura a escola, deve desejar aprender para melhorar socialmente. A questão é que os cidadãos estão fartos de entregar seus filhos a um sistema escolar que não ensina."



Ana Maria Machado, escritora e vencedora do prêmio Machado de Assis em 2001, pelo conjunto da obra




"Criou-se a ideia absurda de que o livro está ensinando o que é errado. O que você está dando para o aluno é informação sobre a formação das linguas. Fizeram um carnaval assustador do que era simplesmente uma frase dentro do quadro da linguagem. Não é função da escola controlar o que o aluno fala e sim dar a ele o domínio da língua escrita. À medida que ele vai consolidando a maneira como escreve, também vai mudando a estrutura da fala"




Cristovão Tezza, escritor e vencedor do Prêmio jabuti, em 2008, como o livro "O Filho Eterno"




"Acho estranho certas posições teóricas dos autores de livros que chegam às mãos de alunos coma chancela do Ministério da Educação. Todas as feições sociais do nosso idioma constituem objeto de disciplinas científicas, mas bem diferente é a tarefa do professor de língua portuguese, que espera encontrar no livro diático o respaldo dos usos da lingua padrão que ministra a seus discípulos. O manual que o Ministério levou às nossas escolas nao ajudará na melhoria da educação a que o País aspira"



Marcos Villaca, presidente da Academia Brasileira de Letras












Um comentário:

  1. Julia Mora- 802 ATIVO10 de junho de 2011 às 12:36

    Na minha opinião, essa tese é um absurdo. Pois se estamos na escola, é com o objetivo de aprendermos a escrever e a falar certo. Se o instrumento de auxílio ao ensino que recebemos na escola está com informacões erradas, nós aprenderemos errado. E o grande objetivo de uma escola é ensinar ao seus alunos a maneira certa de falar.
    E quanto a tese de que encorajaria os alunos a falarem, e não serem descriminados; na minha opinião, falar da maneira incorreta que seriam descriminados, e não falando da maneira correta.
    No meu ponto de vista, esse livro foi para o nosso governo, mais um motivo de polêmica mundial, um desperdício do capital e uma vergonha.
    Júlia Mora - 802

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