terça-feira, 7 de junho de 2011

Palavra de autor(a) ...



"Sendo este um jornal por excelência, e por excelência dos precisa-se e oferece-se, vou pôr um anúncio em negrito: precisa-se de alguém homem ou mulher que ajude uma pessoa a ficar contente porque esta está tão contente que não pode ficar sozinha com a alegria, e precisa reparti-la. Paga-se extraordinariamente bem: minuto por minuto paga-se com a própria alegria. É urgente pois a alegria dessa pessoa é fugaz como estrelas cadentes, que até parece que só se as viu depois que tombaram; precisa-se urgente antes da noite cair porque a noite é muito perigosa e nenhuma ajuda é possível e fica tarde demais. Essa pessoa que atenda ao anúncio só tem folga depois que passa o horror do domingo que fere. Não faz mal que venha uma pessoa triste porque a alegria que se dá é tão grande que se tem que a repartir antes que se transforme em drama. Implora-se também que venha, implora-se com a humildade da alegria-sem-motivo. Em troca oferece-se também uma casa com todas as luzes acesas como numa festa de bailarinos. Dá-se o direito de dispor da copa e da cozinha, e da sala de estar. P.S. Não se precisa de prática. E se pede desculpa por estar num anúncio a dilacerar os outros. Mas juro que há em meu rosto sério uma alegria até mesmo divina para dar."






Clarice Lispector



Contribuição do aluno Gustavo Parago do nono ano/2011.












3 comentários:

  1. texto:introducao,desenvolvimento e conclucao.
    Eu acho que o texto e muito bom por que caracteriza o que um autor faz diariamente e como umaa coisa leva outra.
    Por: Felipe O.
    Phill

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  2. Adorei. Na verdade, adoro a Clarice Lispctor. Confusa e difícil ou não, ela é muito incrível. Esse texto é perfeito. Ela deveria estar muito feliz mesmo quando escreveu e muito generosa também. Dividir a felicidade com alguém é difícil, porque as pessoas trazem alegrias e também tristezas.
    Letícia Cruz - 802

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  3. Clarice Lispector nasceu em 10 de dezembro de 1925 em Tchetchelnik, Ucrania. Quando ela ainda era um bebe, sua família veio para o Brasil e se estabeleceu em Recife, onde Clarice passou a infância. Em 1937 veio para o Rio de Janeiro, onde cursou direito.
    Fez sua estréia na literatura ainda cedo com o lançamento do romance Perto do coração selvagem, em 1943. A obra foi bem acolhida pela critica e recebeu o premio Graça Aranha.
    Clarice ocupa um lugar único na literatura nacional, mesmo após mais de 3 decadas de sua morte.
    Ao escrever ela nos mostra sua alma nos instigando, intrigando e iluminando com seus pensamentos sinceros sobre a condição humana.
    Demonstra profundo desprezo pela mediocridade da vida e expressa uma visão profundamente existencialista do dilema humano, usando um vocabulário simples e pela estrutura frasal elipitica.
    Sua ficção transcende o tempo e o espaço. Seus personagens, postos em situações limites, são com frequência femininos.
    Clarice escreveu crônicas, contos, romances, livros infantis, reportagens, paginas femininas, uma peca teatral. Usou diferentes formas de se expressar, mas em todas deixou sua marca. Seu texto sempre interroga, nos fez refletir. Nos fez sentir como se estivéssemos pensando e não apenas lendo.
    Nos sentindo como se estivéssemos recebendo um presente, uma confissão, que nos fez sentir importantes por ter agentes segredos e sentimentos compartilhados por nos.
    descobrimos que nos, seres humanos, temos todos nossas limitações, sujeitos as falhas, fracassos, crises, mas também capazes de se superarem e fazerem grandes descobertas, terem grandes alegrias, sucessos, Delirios.
    Ler Clarice e um enorme presente.

    Gabriel Marchi – Turma 901 / 2011

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