sábado, 25 de junho de 2011

Nos Tempos da Literatura ..........





Pré - Modernistas
LIMA BARRETO

Lima Barreto não aceitou a condição que a sociedade lhe reservava

Afonso Henriques de Lima Barreto ( 1881 - 1922 ) era mulato, em um país recém - saído de um regime escravocrata. A vida toda lutou contra os preconceitos. Jamais se curvou diante dos poderosos da época, e retratou-os todos com larga e ferina ironia.
Sua obra mais festejada é Triste Fim de Policarpo Quaresma, publicada, incialmente, no Jornal do Commercio, do Rio de Janeiro , como um romance de folhetim, em 1911. Cinco anos mais tarde, em 1916, o trabalho viraria livro. Porém Lima Barreto é também autor de muitas outras obras, além de ter escrito regularmente como articulista para a imprensa carioca, no decorrer das primeiras duas décadas do século 20.
Escreveu os romances Clara dos Anjos, Recordações do Escrivão Isaías Caminha e Vida e Morte de M.J. Gonzaga de Sá, além de contos que ganharam notoriedade como O homem que sabia javanês e Dentes Negros, Cabelos Azuis. Neste último, aliás, Lima Barreto faz análise aguda de sua posição na sociedade, na alegoria da posição do homem independente no mundo. Pelas palavras de Gabriel, a personagem que tem mesmo dentes negros e cabelos azuis, o homem independente viveria numa corda bamba, equilibrando-se. Era o próprio Lima Barreto equilibrista, que não podia aceitar o carreirismo de seus pares, o individualismo de suas ações, a vacuidade de suas propostas, mas precisava viver.
Policarpo Quaresma, o protagonista de sua obra mais famosa, é um árduo nacionalista.Sonha com uma nação que de fato integre em uma nova civilização todos os seus costumes e gentes igualmente, sem distinção. Esse projeto de brasilidade, de formação da identidade nacional, inclui o exame das potencialidades do Brasil, o reconhecimento, a valorização e a incorporação por todos dos traços considerados pela personagem como os mais distintivos de nossa pátria, como a modinha, considerada por Policarpo Quaresma a principal expressão cultural brasileira, e o tupi-guarani, em sua ferrenha defesa para que fosse adotado como a língua oficial do país.
Policarpo é o Dom Quixote brasileiro, naquilo que a personagem de Miguel de Cervantes expressava de mais tenaz e obstinado em suas atitudes e de mais ingênuo e desprovido de fundamentos em sua considerações. A visão apaixonada do Brasil impede que ele enxergue, assim como o Quixote de Cervantes, as grandes mazelas da nação.
Há um descompasso entre o que acredita que seja e o que de fato é. Será do choque dessa visão ingênua e, a seguir, de sua ação também em nome de representantes da pátria que decorrerá seu fim. " A sua vida era uma decepção, uma série, melhor, um encadeamento de decepções. A pátria que quisera ter era um mito; era um fantasma criado por ele no silêncio do seu gabinete", reconhece o autor - narrador sobre o Policarpo, ao fim do livro, preso e condenado à morte por quem defendera e lutara.
As linhas traçadas por Lima Barreto portavam a crítica áspera, irônica e contumaz aos hábitos e haveres da Velha República do Brasil, rompendo decididamente com o nacionalismo de então, que era usado como verniz para encobrir a hipocrisia da privilegiada aristocracia da capital federal de então.
 

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