segunda-feira, 14 de maio de 2012

Crônica do Dia - Nossa Senhora e os Pretos Velhos




Hoje é um dia histórico — Abolição da Escravatura no Brasil. Há uns respeitáveis militantes do movimento negro que são contra os festejos, mas, na minha opinião, é um bom motivo para festa. A assinatura da Lei Áurea pela Princesa Isabel, apesar dos pesares, deve ser comemorada, como fez a Escola de Samba Unidos de Lucas em 1968: “Ó sublime pergaminho/ Libertação geral/ A princesa chorou ao receber/ A rosa de ouro papal/ Uma chuva de flores cobriu o salão/ E o negro jornalista/ De joelhos beijou a sua mão/ Uma voz na varanda do paço ecoou/ Meu Deus, meu Deus!/ Está extinta a escravidão”.

É um dia importantíssimo para os umbandistas que hoje vão cantar e dançar para os Pretos Velhos, orixás da ancestralidade: “Tava durumindo/ Cangoma me chamô/ Levanta nêgo/ Cativeiro já cabo” Grande Clementina! Yô yôo/ Yô yôoo/ No terreiro de Preto Velho Iaiá/ Vamos saravá (a quem meu pai?) Xangô!

Também é data de suma importância para os católicos, pois se reverencia a N. S. de Fátima, padroeira de Portugal. Em qualquer hora deste dia, há milhares de fiéis do mundo inteiro no Santuário de Fátima, erguido onde a Virgem fez a sua primeira aparição para os meninos pastores, Francisco, Lúcia e Jacinta. “À 13 de maio/ na Cova da Iria/ no céu aparece/ a Virgem Maria”.

Para completar as emoções, hoje é o Dias das Mães. Viva a minha Pretinha Cléo, mulher-mamãe! Salve as manas Elza e Nélia, que me deram sobrinhos! Axé para as filhas-mães Analimar e Juliana! Saudações às sobrinhas genitoras! Não dá para citar nominalmente porque, incluindo as de segundo e terceiro graus, são muitas. Para todas as minhas amigas que são mães, eu canto: “Parabéns pra vocês/ nesta data querida/ muitas felicidades/ muitos anos de vida”.

Além de tudo, hoje faz 18 anos que a Cléo virou Ferreira: “Ó!/ Meu pãozinho de açúcar/ Quero ser seu Corcovado/ Sua Barra da Tijuca”. Para fechar com chave de ouro, comemoraremos a data em Vargem Grande, na festa de casamento do parceiro Arlindo Cruz com a sua mulher Babi, mãe do Arlindinho e da Flora. Vamos cantar minha gente, como cantaram Norival Reis e Cabana: “É samba batuque é reza/ É dança e ladainha/ Nego joga capoeira e faz louvação à rainha/ Hoje nego é terra/ Nego é vida/ E na mutação do tempo/ desfilando na Avenida/ Nego é sensacional/ É toda a festa de um povo/ É dono do Carnaval”.


Martinho da Vila / Jornal O Dia
E-mail: palavradesambista@martinhodavila.com.br

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