Estudos mostram que Sudeste tem mais chance de sofrer com deslizamentos e enchentes
devido à ocupaçao desordenada
Além de 33% do PIB — índice que mede todas as riquezas produzidas no Brasil —, a Região Sudeste concentra boa parte dos riscos de problemas que poderão ser agravados no País por causa do aquecimento global. Dois novos estudos divulgados este mês comprovaram a tese de que as chances de deslizamentos e enchentes tendem a ser ainda maiores na área mais rica do Brasil, por causa do tamanho da população e da ocupação desordenada.
O estudo apresenta ainda outros dados que chamam a atenção: parte importante da infraestrutura de Rio de Janeiro e São Paulo, como redes de transmissão de energia, aeroportos e usinas energéticas estão consideravelmente próximas a áreas sujeitas a alagamentos. Não é a toa que os dois estados mais populosos do Brasil sofreram 20% das perdas nacionais com enchentes recentemente.
A resseguradora chama a atenção também para o fato de que grandes populações em áreas metropolitanas no Sudeste ainda estão justamente em locais onde poderá haver aumento de inundações com o aquecimento global.
Esse tema é abordado em outro estudo, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e da Universidade Estadual Paulista (UNESP).
Analisando modelos de mudança climática e cruzando os dados com indicadores sociais, cientistas das duas instituições chegaram à conclusão de que São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte estão entre as áreas mais sujeitas a riscos de desastres naturais causados por causa do aquecimento global por causa da aglomeralção urbana.
Brasil investe mais em emergências que em prevenção
Ambos os levantamentos têm como objetivo alertar as autoridades para mudanças de políticas públicas na prevenção de desastres: entre 2004 e 2010, o Brasil investiu cerca de 9 vezes mais em ajuda emergencial do que em prevenção. Enquanto o mundo não consegue frear o aquecimento global, mudar esse quadro seria um bom começo.
O estudo do INPE acendeu um sinal de alerta também para o Nordeste do Brasil, mas por um motivo um pouco diferente do Sudeste. Como levou em conta, além de modelos climáticos, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o levantamento chegou à conclusão que várias áreas da região não teriam condições de reagir adequadamente se desastres naturais se agravassem por lá.
Enquanto na análise do Sudeste a questão está mais relacionada com a altíssima densidade demográfica, no Nordeste a concentração de pessoas também foi levada em conta pelos pesquisadores, mas os critérios de acesso à saúde pública, educação e renda falaram ainda mais alto.
Jornal O Dia
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