segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Artigo de Opinião - Obsolescência do ensino - Hamilton Werneck


Imaginemos que nosso cérebro é uma grande sala cheia de cabides. Se eu recebo uma peça, deixo-a dependurada num deles. A roupa representa o conhecimento novo com o qual tenho contato, e o cabide, o conhecimento prévio que tenho em meu cérebro.

Daí decorre teoria de David Ausubel. Podemos ter uma aprendizagem mecânica e outra significativa. A diferença é simples: na mecânica, o que é ensinado pode não ter informações prévias na estrutura cognitiva dos alunos; na significativa, o que é passado tem relação com os conhecimentos já adquiridos — vale dizer que há cabides para dependurar o conteúdo novo.
Tanto o aprendizado mecânico quanto o significativo podem ser adquiridos de dois modos: por recepção ou descoberta. No mecânico por recepção, os alunos recebem conhecimentos e não conseguem relacioná-los com a estrutura cognitiva que já têm; por descoberta, o aluno chega ao conhecimento por si só, mas não consegue relacioná-lo com os anteriormente adquiridos

Na aprendizagem significativa por recepção, os alunos recebem os conhecimentos e conseguem relacionálos com a estrutura cognitiva que já possuem; na significativa por descoberta, os alunos chegam ao conhecimento por si só e conseguem fazer relacionamentos com as estruturas já existentes.
Portanto, segundo esta teoria, para um aluno aprender é necessário buscar ao máximo esta relação entre o conhecimento novo e o já existente, ou seja: entre a roupa e o cabide. Este é o principal papel do professor e as várias linguagens usadas para obter este relacionamento

Para se identificar se um ensino está ultrapassado, basta verificar se há no desenvolvimento das aulas uma preocupação com os conhecimentos prévios. Se este fato for considerado irrelevante pelo professor e pela escola, os alunos terão grande dificuldade para aprender por falta de significação por recepção ou por descoberta.

Hamilton Werneck

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