Sabe quando você compra um celular de última geração e, enquanto ainda está pagando as parcelas, a fabricante lança outro, que não necessariamente aceita os acessórios do seu? Ou quando você está muito feliz desfilando com o carro novo e já vê outro motorista com um modelo levemente diferente e irritantemente mais novo? E quando os cartuchos da impressora acabam e você descobre que ela não aceita genéricos? Parece que tudo é planejado. E, às vezes, é mesmo.
Por ano, são produzidos 4 bilhões de carregadores, pesando cerca de 1 milhão de toneladas e resultando em lixo eletrônico que gera efeito estufa. O problema, de acordo com o pesquisador do Idec João Paulo Amaral, começou na época da Revolução Industrial: “O primeiro símbolo da obsolescência planejada foi a lâmpada: as primeiras foram projetadas para durar até 100 anos”, lembra ela.
Desde então houve mais duas fases da obsolescência planejada: a em que os fabricantes começaram a pensar os produtos que podiam ter mais atributos na época de seu lançamento, e uma terceira, chamada obsolescência percebida, na qual o produto continua funcionando, mas as atualizações começam a criar dificuldades.
O problema é aprofundado por alguns tipos de publicidade. “A obsolescência planejada faz parte do referencial da indústria, que acelera o fim dos ciclos dos produtos ou serviços para aquecer a economia. Paralelamente , a publicidade vende a ideia de, se aderirmos ao processo, seremos mais felizes”, explica a a diretora executiva do Instituto Akatu pelo Consumo Responsável, Ana Wilheim.
Antes de comprar, é preciso pesquisar
Os especialistas apontam dois caminhos para enfrentar os produtos feitos para pifar ou ficar obsoletos rapidamente. “O consumidor deve, antes de adquirir o produto, pesquisar as limitações e atualizações já previstas. A internet e as redes sociais têm sido positivas nesse sentido: o comprador pode ver em fóruns experiências de quem já utilizou. Ele deve pesquisar também a disponibilidade da assistência técnica. É comum o fabricante usar a estratégia de o preço do conserto ser inviável em comparação à compra de um novo produto”, diz João Paulo Amaral.
Outro caminho é reclamar com as empresas, tornando a insatisfação pública. Novamente aqui, a internet é uma aliada. “Estamos numa era em que a voz do consumidor ganha cada vez mais importância. Ele não precisa aceitar parte do ciclo da obsolescência planejada”, diz Ana Wilheim, do Akatu.
Jornal O Dia
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