domingo, 21 de outubro de 2012

Te Contei, não ? - O SEGREDO DOS PRODUTOS FEITOS PARA NAO DURAR

 

Sabe quando você compra um celular de última geração e, enquanto ainda está pagando as parcelas, a fabricante lança outro, que não necessariamente aceita os acessórios do seu? Ou quando você está muito feliz desfilando com o carro novo e já vê outro motorista com um modelo levemente diferente e irritantemente mais novo? E quando os cartuchos da impressora acabam e você descobre que ela não aceita genéricos? Parece que tudo é planejado. E, às vezes, é mesmo.
Parte desses fatos são descritos como uma técnica de marketing chamada “obsolescência planejada”. Acontece quando o fabricante já prevê que o produto fique velho, pife, saia de moda ou perca funções. A estratégia é muito usada com produtos eletrônicos e é, atualmente, apontada como um dos responsáveis pelo aumento do lixo eletrônico.

Para se ter uma ideia do tamanho do problema, estudo da agência de telecomunicações da ONU liberado na semana passada afirma que, se fabricantes de celulares adotassem padrão universal de carregadores, o lixo eletrônico diminuiria em 300 milhões de toneladas por ano.
Por ano, são produzidos 4 bilhões de carregadores, pesando cerca de 1 milhão de toneladas e resultando em lixo eletrônico que gera efeito estufa. O problema, de acordo com o pesquisador do Idec João Paulo Amaral, começou na época da Revolução Industrial: “O primeiro símbolo da obsolescência planejada foi a lâmpada: as primeiras foram projetadas para durar até 100 anos”, lembra ela.
Desde então houve mais duas fases da obsolescência planejada: a em que os fabricantes começaram a pensar os produtos que podiam ter mais atributos na época de seu lançamento, e uma terceira, chamada obsolescência percebida, na qual o produto continua funcionando, mas as atualizações começam a criar dificuldades.
O problema é aprofundado por alguns tipos de publicidade. “A obsolescência planejada faz parte do referencial da indústria, que acelera o fim dos ciclos dos produtos ou serviços para aquecer a economia. Paralelamente , a publicidade vende a ideia de, se aderirmos ao processo, seremos mais felizes”, explica a a diretora executiva do Instituto Akatu pelo Consumo Responsável, Ana Wilheim.
Antes de comprar, é preciso pesquisar
Os especialistas apontam dois caminhos para enfrentar os produtos feitos para pifar ou ficar obsoletos rapidamente. “O consumidor deve, antes de adquirir o produto, pesquisar as limitações e atualizações já previstas. A internet e as redes sociais têm sido positivas nesse sentido: o comprador pode ver em fóruns experiências de quem já utilizou. Ele deve pesquisar também a disponibilidade da assistência técnica. É comum o fabricante usar a estratégia de o preço do conserto ser inviável em comparação à compra de um novo produto”, diz João Paulo Amaral.
Outro caminho é reclamar com as empresas, tornando a insatisfação pública. Novamente aqui, a internet é uma aliada. “Estamos numa era em que a voz do consumidor ganha cada vez mais importância. Ele não precisa aceitar parte do ciclo da obsolescência planejada”, diz Ana Wilheim, do Akatu.

Jornal O Dia

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