Gilberto Freyre
As
mangueiras
o telhado velho
o pátio branco
as sombras da tarde cansada
até o fantasma da judia rica
tudo esta à espera do romance começado
o telhado velho
o pátio branco
as sombras da tarde cansada
até o fantasma da judia rica
tudo esta à espera do romance começado
um dia sobre os tijolos soltos
a cadeira de balanço será o principal ruído
as mangueiras
o telhado
o pátio
as sombras
o fantasma da moça
tudo ouvirá em silêncio o ruído pequeno."
Nasce no Recife, em 15 de março de 1900, Gilberto Freyre, filho do Dr. Alfredo Freyre — educador, Juiz de Direito e catedrático de Economia Política da Faculdade de Direito do Recife — e de D. Francisca de Mello Freyre.
Aos seis anos de idade tenta fugir de
casa, escondendo-se em Olinda, cidade à qual devotou grande amor e da qual
escreveria, em 1939, o 2° Guia Prático, Histórico e Sentimental.
Inicia seus estudos freqüentando o
Jardim da Infância do Colégio Americano Gilreath, em 1908. Faz seu primeiro
contato com a literatura através das Viagens de Gulliver. Mas, apesar de seu
interesse, não consegue aprender a escrever, fazendo-se notar pelos desenhos.
Toma aulas particulares com o pintor Telles Júnior, que reclama contra sua
insistência em deformar os modelos. Começa a aprender a ler e escrever em inglês
com Mr. Williams, que elogia seus desenhos.
Em 1909 falece sua avó materna, que
viva a mimá-lo por supor ser o neto retardado, pela dificuldade em aprender a
escrever. Ocorrem suas primeiras experiências rurais de menino de engenho, nessa
época, quando passa temporada no Engenho São Severino do Ramo, pertencente a
parentes seus. Mais tarde escreverá sobre essa primeira experiência numa de suas
melhores páginas, incluída em Pessoas, Coisas & Animais.
Nas férias de 1911 passa seu primeiro
verão na praia de Boa Viagem, onde escreve um soneto camoniano e enche muitos
cadernos com desenhos e caricaturas.
Dá as primeiras aulas no Colégio, em
1913.
Em 1914, ensina Latim, que aprendeu
com o próprio pai, conhecido humanista recifense. Toma parte ativa nos trabalhos
da sociedade literária do colégio. Torna-se redator-chefe do jornal impresso do
colégio: O Lábaro.
Em 1915, tem lições particulares de
Francês com Madamme Meunieur.
Corresponde-se, em 1916, com o
jornalista paraibano Carlos Dias Fernandes, que o convida a proferir palestra na
capital do Estado, João Pessoa. Seu pai não apreciava Carlos Dias Fernandes,
pela vida boêmia que levava. Mesmo assim Gilberto Freyre viaja autorizado
pela mãe e lê no Cine-Teatro Pathé sua primeira conferência pública, dissertando
sobre Spencer e o problema da educação no Brasil. O texto foi publicado no
jornal O Norte, com elogios de Carlos Dias Fernandes.
Influenciado pelos mestres do
colégio, tanto quanto pela leitura do Peregrino de Bunyan e de uma biografia do
Dr. Livingstone, toma parte em atividades evangélicas e visita a gente miserável
dos mocambos recifenses. Interessa-se pelo socialismo cristão, mas lê como uma
espécie de antídoto a seu misticismo, autores como Spencer e Comte.
Eleito presidente do Clube de
Informações Mundiais, fundado pela Associação Cristã de Moços do
Recife.
Em 1917, conclui o curso de Bacharel
em Ciências e Letras do Colégio Americano Gilreath. Eleito orador da turma, cujo
paraninfo é o historiador Oliveira Lima, desde então seu amigo, faz-se notar
pelo discurso que profere. Começa a estudar grego. Torna-se membro da Igreja
Evangélica, desagradando a mãe e a família católica.
Segue, no início do ano de 1918, para
os Estados Unidos, fixando-se em Waco (Texas) para matricular-se na Universidade
de Baylor. Inicia sua colaboração no Diário de Pernambuco, com uma série
de cartas intituladas "Da outra América".
No ano de 1919, naquela Universidade,
auxilia o geólogo John Casper Branner no preparo do texto português da
"Geologia do Brasil". Ensina francês a jovens oficiais norte-americanos
convocados para a guerra. Estuda Literatura com A. J. Armstrong, professor de
literatura e crítico literário especializado na filosofia e na poesia de Robert
Browning. Escreve os primeiros artigos em inglês publicados por um jornal de
Waco. Divulga suas primeiras caricaturas.
Conhece pessoalmente, em 1920, por
intermédio do professor Armstrong, o poeta irlandês William Butler Yates, os
"poetas novos" dos Estados Unidos: Vachel Lindsay, Amy Lowell e outros. Escreve
em inglês um estudo sobre Amy Lowell. Como estudante de Sociologia, faz
pesquisas sobre a vida dos negros de Waco e dos mexicanos marginais do Texas.
Conclui, na Universidade de Baylor, o curso de Bacharel em Artes, mas não
comparece à solenidade da formatura: contra as praxes acadêmicas, a Universidade
envia-lhe o diploma por intermédio de um portador. Segue para Nova Iorque e
ingressa na Universidade de Colúmbia. A Academia Pernambucana de Letras, por
proposta de França Pereira, elege-o sócio-correspondente, em 05 de junho desse
ano.
Segue, em 1921, na Faculdade de
Ciências Políticas (inclusive as Ciências Sociais Judiciais) da Universidade de
Colúmbia, cursos de graduação e pós-graduação. Conhece pessoalmente Rabindranath
Tagore e o Príncipe de Mônaco. A convite de Amy Lowell, visita-a em Boston.
Segue, na Universidade de Colúmbia, o curso do Professor Zimmern, da
Universidade de Oxford, sobre a escravidão na Grécia. Visita a Universidade de
Harvard e o Canadá. É hóspede da Universidade de Princeton, como representante
dos estudantes da América Latina que ali se reúnem em congresso. Torna-se
editor-associado da revista El Estudiante Latino-Americano, publicada
mensalmente em Nova Iorque pelo Comitê de Relações Fraternais entre Estudantes
Estrangeiros. Publica diversos artigos no referido periódico.
Defende, em 1922, tese para o grau de
M.A. (Magister Artium ou Master of Arts) na Universidade de Colúmbia intitulada
Social life in Brazil in the middle of the 19th Century, publicada em
Baltimore pela Hispanic American Historical Review e recebida com elogios pelos
professores Haring Shepherd, Robertson, Martin, por Oliveira Lima e H. L.
Mencken, que aconselha o autor a expandir o trabalho em livro. Deixa de
comparecer à cerimônia de formatura, seguindo imediatamente para a Europa, onde
recebe o diploma, enviado pelo Reitor Nicholas Murray Butler. Visita a França, a
Alemanha, a Bélgica, tendo antes estado na Inglaterra. Visista, também, a
Espanha e conhece Portugal. Convive com Vicente do Rego Monteiro e com outros
artistas modernistas brasileiros como Tarsila do Amaral e Brecheret. Na Alemanha
conhece o Expressionismo, na Inglaterra, o ramo inglês do Imagismo, já seu
conhecido nos Estados Unidos. Na França, o anarco-sindicalismo de Sorel e o
federalismo monárquico de Maurras.
Vem o ano de 1923 e ele continua em
Portugal, onde conhece João Lúcio de Azevedo, o Conde de Sabugosa, Fidelino de
Figueiredo, Joaquim de Carvalho, Silva Gaio. Regressa ao Brasil e volta a
colaborar no Diário de Pernambuco. Da Europa escreve artigos para a
Revista do Brasil (São Paulo), a pedido de Monteiro Lobato.
Retorna ao Brasil em 1924 e
reintegra-se no Recife, onde conhece José Lins do Rego, incitando-o a escrever
romances, em vez de artigos políticos. Funda-se no Recife, a 28 de abril o
"Centro Regionalista do Nordeste", com Odilon Nestor, Amaury de Medeiros,
Alfredo Freyre, Antônio Inácio, Morais Coutinho, Carlos Lyra Filho, Pedro
Paranhos, Júlio Bello e outros. Excursões pelo interior do Estado de Pernambuco
e pelo Nordeste com Pedro Paranhos, Júlio Bello (que a seu pedido escreveria as
Memórias de um senhor de engenho) e seu irmão Ulysses Freyre. Lê, na
capital do Estado da Paraíba conferência publicada no mesmo ano: "Apologia
pro generatione sua".
Encarregado pela direção do Diário
de Pernambuco, em 1925, organiza o livro comemorativo do primeiro centenário
de fundação do referido jornal: Livro do Nordeste, onde foi publicado
pela primeira vez o poema modernista de Manuel Bandeira "Evocação do
Recife", escrito a seu pedido. O Livro do Nordeste consagrou, ainda,
o até então desconhecido pintor Manoel Bandeira e publica desenhos modernistas
de Joaquim Cardozo e Joaquim do Rego Monteiro. Lê na Biblioteca Pública do
Estado de Pernambuco uma conferência sobre Dom Pedro II, publicada no ano
seguinte.
Conhece, em 1926, a Bahia e o Rio de
Janeiro, onde faz amizade com o poeta Manuel Bandeira, os escritores Prudente de
Morais Neto (Pedro Dantas), Rodrigo M. F. de Andrade, Sérgio Buarque de Holanda,
o compositor Villa-Lobos. Por intermédio de Prudente, conhece Pixinguinha, Donga
e Patrício e se inicia na nova música popular brasileira em noitadas boêmias.
Escreve um poema longo, modernista ou imagista e ao mesmo tempo regionalista e
tradicionalista, do qual Manuel Bandeira dirá depois que é um dos mais saborosos
do ciclo das cidades brasileiras: "Bahia de todos os santos e de quase todos
os pecados" (publicado no Recife, no mesmo ano, em edição da Revista do
Norte, reeditado, em 20 de junho de 1942, na revista O Cruzeiro e
incluído no livro Talvez poesia). Segue para os Estados Unidos como
delegado do Diário de Pernambuco ao Congresso Pan-Americano de
Jornalistas. É convidado para redator-chefe do mesmo jornal e para oficial de
gabinete do Governador eleito de Pernambuco, então vice-presidente da República.
Colabora (artigos humorísticos) na Revista do Brasil com o pseudônimo de J. J.
Gomes Sampaio. Publica-se no Recife a conferência lida, no ano anterior, na
Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco: "A propósito de Dom Pedro II"
(edição da Revista do Norte; incluída, em 1944, no livro Perfil de Euclydes e
outros perfis). Promove no Recife o 1º Congresso Brasileiro de
Regionalismo.
Em 1927, assume o cargo de oficial de
gabinete do novo Governador de Pernambuco, Estácio de Albuquerque Coimbra,
casado com a prima de Alfredo Freyre, Joana Castelo Branco de Albuquerque
Coimbra.
Dirige, em 1928,a pedido de Estácio
Coimbra, o jornal A Província, onde passam a colaborar os escritores
novos do Brasil. Publica no mesmo jornal artigos e caricaturas com diferentes
pseudônimos: Esmeraldino Olímpio, Antônio Ricardo, Le Moine, J. Rialto e outros.
Nomeado pelo Governador Estácio Coimbra, por indicação do diretor A. Carneiro
Leão, torna-se professor da Escola Normal do Estado de Pernambuco: primeira
cadeira de Sociologia que se estabelece no Brasil com moderna orientação
antropológica e pesquisas de campo.
Acompanhando Estácio Coimbra ao
exílio, em 1930, em viagem por mar que começou na Bahia, conhece parte do
continente africano (Dacar, Senegal) e inicia, em Lisboa, as pesquisas e estudos
em que se basearia Casa-grande & senzala ("Em outubro de 1930 ocorreu-me
a aventura do exílio. Levou-me primeiro à Bahia: depois a Portugal, com escala
pela África. O tipo de viagem ideal para os estudos e as preocupações que este
ensaio reflete", como escreverá no prefácio do mesmo livro)
A convite da Universidade de
Stanford, em 1931, segue para os Estados Unidos, como professor extraordinário
daquela Universidade. Volta, no fim do ano, para a Europa, demorando-se na
Alemanha, em novos contatos com seus museus de antropologia, de onde regressa ao
Brasil.
Continua, no Rio de Janeiro, em 1932,
as pesquisas para a elaboração de Casa-grande & senzala, em
bibliotecas e arquivos. Recusando convites para empregos que lhe foram feitos
pelos membros do novo governo brasileiro — um deles José Américo de Almeida —
vive, então, com grandes dificuldades financeiras, hospedando-se em casas de
amigos e em pensões baratas do então Distrito Federal. Estimulado pelo seu amigo
Rodrigo M. F. de Andrade, contrata com o poeta Augusto Frederico Schmidt —
editor à época — a publicação do livro por 500 mil reis mensais, que recebe com
irregularidades constantes. Regressa ao Recife, onde continua a escrever
Casa-grande & senzala, na casa do seu irmão Ulysses
Freyre.
Em 1933, conclui o livro, enviando os
originais ao editor Schmidt, que o publica em dezembro.
Aparecem, em princípios de 1934, nos
jornais do Rio de Janeiro os primeiros artigos sobre Casa-grande &
senzala, escritos por Yan de Almeida Prado, Roquette Pinto, João Ribeiro e
Agrippino Grieco, todos elogiosos. Organiza no Recife o 1º Congresso de Estudos
Afro-Brasileiros. Recebe o prêmio da Sociedade Felipe d'Oliveira pela publicação
Casa-grande & senzala. Lê na mesma Sociedade conferência sobre "O
escravo nos anúncios de jornal do tempo do Império", publicada na revista
Lanterna Verde. Regressa ao Recife e lê, no dia 24 de maio, na Faculdade
de Direito e a convite de seus estudantes, conferência publicada, no mesmo ano,
pela Editora Momento: "O estudo das ciências sociais nas universidades
americanas". Publica-se no Recife (Oficinas Gráficas The Propagandist,
edição de amigos do autor, tiragem de apenas 105 exemplares em papel especial e
coloridos a mão por Luís Jardim) o Guia prático, histórico e sentimental da
cidade do Recife, inaugurando, em todo o mundo, um novo estilo de guia de
cidade, ao mesmo tempo lírico e informativo e um dos primeiros livros para
bibliófilos publicados no Brasil.
A pedido dos alunos da Faculdade de
Direito do Recife, em 1935, e por designação do Ministro da Educação, inicia na
referida escola superior um curso de Sociologia com orientação antropológica e
ecológica. Segue, em setembro, para o Rio de Janeiro, onde, a convite de Anísio
Teixeira, dirige na Universidade do Distrito Federal o primeiro curso de
Antropologia Social e Cultural da América Latina. Publica-se no Recife (Edições
Mozart) o livro Artigos de jornal. Profere, a convite de estudantes
paulistas de Direito, no Centro XI de Agosto, da Faculdade de Direito de São
Paulo, a Conferência "Menos Doutrina mais Análise", tendo sido saudado
pelo estudante Osmar Pimentel.
Publica-se no Rio de Janeiro
(Companhia Editora Nacional, volume 64 da coleção Brasiliana), em 1936, o livro
que é uma continuação da série iniciada com Casa-grande & senzala:
Sobrados e mocambos. Viaja à Europa, visitando a França e
Portugal.
Em 1937 retorna à Europa, desta vez
como delegado do Brasil ao Congresso de Expansão Portuguesa no Mundo, reunido em
Lisboa. Lê conferências nas Universidades de Lisboa, Coimbra e Porto e na de
Londres (King's College), publicadas no Rio de Janeiro no ano seguinte. Regressa
ao Recife e lê conferência política no Teatro Santa Isabel, a favor da
candidatura de José Américo de Almeida à presidência da República. A convite de
Paulo Bittencourt, inicia colaboração semanal no Correio da Manhã.
Publica-se no Rio de Janeiro (José Olympio) o livro Nordeste (aspectos da
influência da cana sobre a vida e a paisagem do Nordeste do
Brasil).
É nomeado, em 1938, membro da
Academia Portuguesa de História pelo presidente Oliveira Salazar. Segue para os
Estados Unidos como lente extraordinário da Universidade de Colúmbia, onde
dirige seminário sobre Sociologia e História da Escravidão. Publica-se no Rio de
Janeiro (Serviço Gráfico do Ministério da Educação e Saúde) o livro
Conferência na Europa.
Em 1939 faz sua primeira viagem ao
Rio Grande do Sul. Segue, depois para os Estados Unidos, como professor
extraordinário da Universidade de Michigan. Publica-se no Rio de Janeiro (José
Olympio) a primeira edição do livro Açúcar (um livro de receitas) e, no
Recife (edição do autor, para bibliófilos), Olinda, 2º guia prático,
histórico e sentimental da cidade brasileira. Publica-se em Nova Iorque
(Instituto de las Españas en los Estados Unidos) O Escritor Gilberto Freyre,
vida y obra., do historiador Lewis Hanke.
A convite do Governo português, lê no
Gabinete Português de Leitura do Recife a conferência (publicada no Recife, no
mesmo ano, em edição particular) "Uma cultura ameaçada: a
luso-brasileira", em 1940. Faz conferências em diversas cidades brasileira:
Aracaju, Ministério das Relações Exteriores (DF), Porto Alegre, e outras mais.
Publica-se em Nova Iorque (Columbia University Press) o opúsculo Some aspects
of the social development on Portuguese America, separata d'O Escritor.
Publicam-se no Rio de Janeiro (José Olympio) os livros Um engenheiro francês
no Brasil e O mundo que o Português criou, com longos prefácios,
respectivamente, de Paul Arbousse Bastide e Antônio Sérgio. Prefacia e anota o
Diário íntimo do engenheiro Vauthier, publicado no mesmo ano pelo Serviço
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
No ano de 1941, casa-se no Mosteiro
de São Bento do Rio de Janeiro com a senhorita Maria Magdalena Guedes Pereira.
Viaja ao Uruguai, Argentina e Paraguai. Torna-se colaborador de La Nación
(Buenos Aires), dos Diários Associados, do Correio da Manhã e de
A Manhã (Rio de Janeiro). Publica-se no Recife (Sociedade de Neurologia,
Psiquiatria e Higiene Mental do Nordeste) a conferência "Sociologia,
Psicologia e Psiquiatria", depois expandida e incluída no livro Problemas
brasileiros de antropologia e contribuição para uma Psiquiatria social
brasileira que seria destacada pela Sorbonne ao doutourá-lo H.C. Publica-se
no Rio de Janeiro (Casa do Estudante do Brasil) e em Buenos Aires, a conferência
"Atualidade de Euclydes da Cunha" (incluída, em 1944, no livro Perfil
de Euclydes e outros perfis). Ao ensejo da publicação, no Rio de Janeiro
(José Olympio), do livro Região e tradição, recebe homenagem de grande
número de intelectuais brasileiros, com um almoço no Jóquei Clube, em 26 de
junho, do qual foi orador o jornalista Dario de Almeida Magalhães.
Em 1942, é preso no Recife, por ter
denunciado, em artigo publicado no Rio de Janeiro, atividades nazistas e
racistas no Brasil, inclusive as de um padre alemão a quem foi confiada, pelo
governo do Estado de Pernambuco, a formação de jovens escoteiros. Juntamente com
seu pai, reage à prisão, quando levado para "a imunda Casa de Detenção do
Recife", sendo solto, no dia seguinte, por interferência direta do seu amigo
General Góes Monteiro. Recebe convite da Universidade de Yale para ser professor
de Filosofia Social, que não pôde aceitar. É eleito para o Conselho Consultivo
da American Philosophical Association. É designado pelo Conselho da Faculdade de
Filosofia da Universidade de Buenos Aires "Adscrito Honorário" de Sociologia e
eleito membro correspondente da Academia Nacional de História do Equador.
Publica-se em Buenos Aires (Comisión Revisora de Textos de História y Geografia
Americana) a primeira edição de Casa-grande & senzala em espanhol,
com introdução de Ricardo Saenz Hayes. Publicam-se no Rio de Janeiro (José
Olympio) o livro Ingleses e a segunda edição de Guia prático,
histórico e sentimental da cidade do Recife. A Casa do Estudante do Brasil
divulga, em segunda edição, a conferência "Uma cultura ameaçada: a
luso-brasileira", proferida no Gabinete Português de Leitura do
Recife(1940).
Visita a Bahia, em 1943, a convite
dos estudantes de todas as escolas superiores do Estado. Lê diversas
conferências as quais são incluídas, juntamente com os discursos proferidos nas
homenagens recebidas na Bahia, no livro Na Bahia em 1943, que teve quase
toda a sua tiragem apreendida, nas livrarias do Recife, pela Polícia do Estado
de Pernambuco. Recusa, em carta altiva, o convite que recebeu para ser
Catedrático de Sociologia da Universidade do Brasil. Inicia colaboração no O
Estado de S. Paulo em 30 de setembro. Por intermédio do Itamaraty. recebe
convite da Universidade de Harvard para ser seu professor, que também recusa.
Publicam-se em Buenos Aires (Espasa-Calpe Argentina) as primeiras edições, em
espanhol, de Nordeste e de Uma cultura ameaçada e a segunda, na
mesma língua, de Casa-grande & senzala. Publicam-se no Rio de Janeiro
(Casa do Estudante do Brasil) o livro Problemas brasileiros de
antropologia e o opúsculo Continente e Ilha (conferência lida,
em Porto Alegre, no ano de 1940 e incluída na segunda edição de Problemas
brasileiros de antropologia). Publica-se também, no Rio de Janeiro ( Livros
de Portugal ) uma edição de As Farpas, de Ramalho Ortigão e Eça de
Queiroz, selecionadas e prefaciadas por ele, bem como a 4ª edição de
Casa-grande & senzala, livro publicado a partir deste ano, pelo
editor José Olympio.
Em 1944, visita Alagoas e Paraíba, a
convite de estudantes desses Estados. Lê na Faculdade de Direito de Alagoas
conferência sobre Ulysses Pernambucano, publicada no ano seguinte. Deixa de
colaborar nos Diários Associados e em La Nación, em virtude da
violação e extravio constantes de sua correspondência. Em 9 de junho de 1944,
comparece à Faculdade de Direito do Recife, a convite dos alunos dessa escola,
para uma manifestação de regozijo em face da invasão da Europa pelos exércitos
aliados. Lê em Fortaleza a conferência "Precisa-se do Ceará". Segue para
os Estados Unidos, onde lê, na Universidade do Estado de Indiana, 6 conferências
promovidas pela Fundação Patten e publicadas no ano seguinte, em Nova Iorque, no
livro Brazil: an interpretation. Publicam-se no Rio de Janeiro os livros
Perfil de Euclydes e outros perfis (José Olympio), Na Bahia em
1943 (edição particular) e a segunda edição do guia Olinda. A Casa do
Estudante do Brasil publica, no Rio de Janeiro, o livro Gilberto Freyre, de
Diogo Melo Menezes, com prefácio consagrador de Monteiro Lobato.
Toma parte ativa, em 1945, ao lado
dos estudantes do Recife, na campanha pela candidatura do Brigadeiro Eduardo
Gomes à presidência da República. Fala em comícios, escreve artigos, anima os
estudante na luta contra a Ditadura. No dia 3 de março, por ocasião do primeiro
comício daquela campanha no Recife, começa a discursar, na sacada da redação do
Diário de Pernambuco, quando tomba a seu lado, assassinado pela Polícia Civil do
Estado, o estudante de Direito Demócrito de Sousa Filho. A UDN oferece, em sua
representação na futura Assembléia Nacional Constituinte, um lugar aos
estudantes do Recife e estes preferem que seu representante seja Gilberto
Freyre. A Polícia Civil do Estado de Pernambuco empastela e proíbe a
circulação do Diário de Pernambuco, impedindo-o de noticiar a chacina em que
morreram o estudante Demócrito e um popular. Com o jornal fechado, o retrato de
Demócrito é inaugurado na redação, com memorável discurso de Gilberto
Freyre: "Quiseram matar o dia seguinte" (cf. Diário de Pernambuco
10 abr. 1945). Em 9 de junho, comparece à Faculdade de Direito do Recife, como
orador oficial da sessão contra a Ditadura. Publicam-se no Recife (União dos
Estudantes de Pernambuco) o opúsculo de sua autoria em apoio à candidatura
Eduardo Gomes: Uma campanha maior do que a da Abolição e a conferência
lida, no ano anterior, em Maceió: Ulysses. Publica-se em Fortaleza
(edição do autor) O Escritor Gilberto Freyre e alguns aspectos da
antropossociologia no Brasil, de autoria do médico Aderbal Sales. Publica-se em
Nova Iorque (Knopf) o livro Brazil: an interpretation.
Eleito deputado federal, em 1946,
segue para o Rio de Janeiro, a fim de tomar parte nos trabalhos da Assembléia
Constituinte. Em 17 de junho, profere discurso de críticas e sugestões ao
projeto da Constituição, publicado em opúsculo: "Discurso pronunciado na
Assembléia Nacional Constituinte". Em 22 de junho lê no Teatro Municipal de
São Paulo, a convite do Centro Acadêmico "XI de Agosto", conferência publicada
no mesmo ano pela referida organização estudantil: "Modernidade e modernismo
na arte política". Em 16 de julho, lê na Faculdade de Direito de Belo
Horizonte, a convite de seus alunos, conferência publicada no mesmo ano:
"Ordem, liberdade, mineiridade". Em agosto inicia colaboração no
Diário Carioca. Em 29 de agosto, profere na Assembléia Constituinte outro
discurso de crítica ao projeto da Constituição. Em novembro, a Comissão de
Educação e Cultura da Câmara dos Deputados indica, com aplauso do escritor Jorge
Amado, membro da Comissão, o nome de Gilberto Freyre para o Prêmio Nobel
de Literatura de 1947, com o apoio de numerosos intelectuais brasileiros.
Publica-se no Rio de Janeiro a 5ª edição de Casa-grande & senzala e
em Nova Iorque (Knopf) a edição do mesmo livro em inglês: The masters and the
slaves.
Em 1947, publica-se em Londres a
edição inglesa de The masters and the slaves, em Nova Iorque a segunda
impressão de Brazil: an interpretation e no Rio de Janeiro, a edição
brasileira deste livro em tradução de Olívio Montenegro: Interpretação do
Brasil (José Olympio). Publica-se em Montevidéu O Escritor Gilberto
Freyre y la sociología brasileña, de Eduardo J. Couture.
A convite da Unesco, em 1948, toma
parte, em Paris, no conclave de 8 notáveis cientistas e pensadores sociais
reunidos pela referida organização das Nações Unidas por iniciativa do então
diretor Julian Huxley para estudar as "Tensões que afetam a compreensão
internacional": trabalho em conjunto depois publicado em inglês e francês.
Lê, no Ministério das Relações Exteriores, a convite do Instituto Brasileiro de
Educação, Ciência e Cultura (Comissão nacional da Unesco) conferência sobre o
conclave de Paris. Repete na Escola do Estado-Maior do Exército a conferência
lida no Ministério da Relações Exteriores.
Inicia em 18 de setembro sua
colaboração no O Cruzeiro. Em dezembro, profere na Câmara dos Deputados
discurso justificando a criação do Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas
Sociais, com sede no Recife. Publicam-se no Rio de Janeiro (José Olympio) o
livro Ingleses no Brasil e os opúsculos O camarada Whitman,
Joaquim Nabuco e Guerra, paz e ciência (este editado pelo
Ministério das Relações Exteriores). Inicia sua colaboração no Diário de
Notícias.
Em 1949, segue para os Estados
Unidos, a fim de tomar parte, na categoria de ministro como delegado parlamentar
do Brasil, na 4ª Conferência Internacional da Organização das Nações Unidas.
Profere diversas conferências no Brasil e no exterior. Publica-se, no Rio de
Janeiro (José Olympio), a conferência lida no ano anterior, na Escola de
Estado-Maior do Exército: Nação e Exército.
Em 11 de setembro de 1950, inicia
colaboração diária no Jornal Pequeno, do Recife, sob o título "Linha
de fogo" em prol da candidatura João Cleofas ao Governo do Estado de
Pernambuco. Tem ativa vida parlamentar, proferindo inúmeros discursos. Em 08 de
novembro despede-se de seus pares por não ter sido reeleito. Publica-se em
Urbana (University of Illinois Press) O Escritor coletiva Tensions
that cause wars, contendo as contribuições dos 8 cientistas sociais reunidos
pela Unesco, em Paris, no ano de 1948. Contribuição de Gilberto Freyre :
"Internationalizing Social Sciences". Publicam-se no Rio de Janeiro (José
Olympio) a primeira edição do livro Quase política e a sexta de
Casa-grande & senzala.
Em 1951,publicam-se no Rio de Janeiro
(José Olympio) novas edições de Nordeste e de Sobrados e mocambos
(esta refundida e acrescida de 5 novos capítulos). A convite na Universidade de
Londres, escreve, em inglês, estudo sobre a situação do professor no Brasil,
publicado, no mesmo ano, pelo Year Book of Education. Publica-se em
Lisboa (livros do Brasil) a edição portuguesa de Interpretação do Brasil.
Realiza, em 1952, conferências na
Europa, que lá são publicadas. O livro Casa Grande & Senzala tem sua
7a. edição lançada no Rio de Janeiro. É lançado, também, em Paris, traduzida por
Roger Bastide. Passa a colaborar com o Diário Popular de Lisboa e com os Jornal
do Commércio do Recife.
Publicam-se no Rio de Janeiro (José
Olympio), em 1953, os livros Aventura e Rotina e Um brasileiro
em terras portuguesas.
Em 1954 é escolhido pela Comissão das
Nações Unidas para o estudo da Situação Racial na União Sul-Africana e apresenta
à Assembléia Geral da ONU um estudo por ela publicado no mesmo ano:
Elimination des conflits et tensions entre les races. Publica-se no Rio
de Janeiro a 8ª edição de Casa-grande & senzala e em Milão (Fratelli Bocca),
a primeira edição, em italiano, de Interpretazione del Brasile. Em agosto
é encenada no Teatro Santa Isabel a dramatização de Casa-grande &
senzala, feita por José Carlos Cavalcanti Borges.
Publica-se no Rio de Janeiro (Edições
Condé), em 1955, o livro para bibliófilos, com ilustrações de Lula Cardoso
Ayres, Assombrações do Recife velho. Publicam-se no Rio de Janeiro
(Serviço de Documentação do MEC) o opúsculo Reinterpretando José de Alencar
e a segunda edição do Manifesto regionalista de 1926.
Comparece ao 3º Congresso Mundial de
Sociologia, realizado em Amsterdam e no qual apresenta a comunicação, publicada
em Louvain, no mesmo ano, pela Associação Internacional de Sociologia: Morals
and social change. Para discutir Casa-grande & senzala, e outras
obras e idéias e métodos de Gilberto Freyre reúnem-se em Cerisy-LaSalle,
os escritores e professores M. Simon, R. Bastide, G. Gurvitch, Leon Bourdon,
Henri Gouhier, Jean Duvignaud, Tavares Bastos, Clara Mauraux, Nicolas Sombart,
Mário Pinto de Andrade: talvez a maior homenagem já prestada na Europa a um
intelectual brasileiro. Publica-se em Nova Iorque (Knopf) a segunda edição, em
inglês, de Casa-grande & senzala. Publica-se em Paris (Gallimard) a
primeira edição de Nordeste em francês: Terres du sucre.
Publica-se, em 1957, no Rio de
Janeiro (José Olympio) a 2ª edição de Sociologia; no México (Editorial
Cultural) o opúsculo A experiência portuguesa no trópico americano; em
Lisboa (Livros do Brasil) a primeira edição portuguesa de Casa-grande &
senzala e O Escritor Gilberto Freyre's "Luso-tropicalism", de autoria
de Paul V. Shaw (Centro de Estudos Políticos e Sociais da Junta de Investigações
do Ultramar).
Em 1958, publica-se em Lisboa (Centro
de Estudos Políticos e Sociais da Junta de Investigações do Ultramar) o livro,
com texto em português e inglês, Integração portuguesa nos
trópicos/Portuguese integration in the tropics. Publica-se no Rio de Janeiro
(José Olympio) a 9ª edição brasileira de Casa-grande &
senzala.
Publica-se, em 1959, em Nova Iorque
(Knopf), New world in the tropics, cujo texto contém, grandemente
expandido e praticamente reescrito, o livro (publicado em 1945 pelo mesmo
editor) Brazil: an interpretation; na Guatemala (Editorial de Ministério
de Educación Pública "José de PinedaIbarra") o opúsculo En torno a algunas
tendencias actuales de la antropologia; no Recife (Arquivo Público do Estado
de Pernambuco) o opúsculo A propósito de Morão, Rosa e Pimenta; sugestões
em torno de uma possível hispanotropicologia; no Rio de Janeiro (José Olympio) a
primeira edição do livro Ordem e progresso (terceiro volume da série
Introdução à história da sociedade patriarcal no Brasil, iniciada com
Casa-grande & senzala, continuada com Sobrados e mocambos e a
ser concluída com Jazigos e covas rasas, este ainda em preparo) e O
velho Félix e suas Memórias de um Cavalcanti ( que é a segunda edição,
aumentada, da introdução ao livro Memórias de um Cavalcanti, publicado em
1940); em Salvador (Universidade da Bahia) o livro A propósito de frades
e o opúsculo Em torno de alguns túmulos afro-cristãos de uma área africana
contagiada pela cultura brasileira; e em São Paulo ( Instituto Brasileiro de
Filosofia) o ensaio A filosofia da história do Brasil n'O Escritor de
Gilberto Freyre, de autoria de Miguel Reale.
Viaja pela Europa, em 1960, nos meses
de agosto e setembro, lendo conferências em universidades francesas, alemãs,
italianas e portuguesas. Publica-se em Lisboa (Livros do Brasil) o livro
Brasis, Brasil e Brasília, e no Rio de Janeiro (José Olympio) a 3ª edição
do livro Olinda.
Publica-se em Tóquio (Ministério da
Agricultura do Japão, série de "Guias para os emigrantes em países
estrangeiros"), em 1961, a edição japonesa de New world in the tropics:
Atsuitai no sin sekai. Publica-se em Lisboa (Comissão Executiva das
Comemorações do V Centenário da Morte do Infante Dom Henrique) - em português,
francês e inglês - o livro O luso e o trópico: Les portugais et les tropiques
e The Portuguese and the tropics (edições separadas). Publica-se no Recife
(Imprensa Universitária) o livro Sugestões de um novo contato com
universidades européias; no Rio de Janeiro (José Olympio) a terceira edição
brasileira de Sobrados e mocambos e a 10ª edição brasileira (11ª em
língua portuguesa) de Casa-grande & senzala. Realiza diversas
conferências no Brasil e no exterior.
Em fevereiro de 1962, a Escola de
Samba da Mangueira desfila, no Carnaval do Rio de Janeiro, com enredo inspirado
por Casa-grande & Senzala. Em agosto é admitido pelo Presidente da
República como Comandante do corpo de graduados da Ordem do Mérito Militar. Em
novembro, dirige na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra um curso de
seis lições sobre Sociologia da História. Em 19 de novembro recebe o grau de
Doutor honoris causa pela Faculdade de Letras de Coimbra. Publicam-se no Rio de
Janeiro (José Olympio) os livros Talvez poesia e Vida, forma e cor, a 2ª
edição de Ordem e progresso e a terceira de Sociologia; em São
Paulo (Livraria Martins Editora) o livro Arte, ciência e trópico; em
Lisboa (Livros do Brasil) as edições portuguesas de Aventura e rotina e
de Um brasileiro em terras portuguesas. Publica-se no Rio de Janeiro
(José Olympio) O Escritor coletiva Gilberto Freyre: sua ciência, sua
filosofia, sua arte (ensaios sobre o autor de Casa-grande &
senzala e sua influência na moderna cultura do Brasil, comemorativos do 25º
aniversário da publicação desse seu livro).
Em 10 de junho de 1963, inaugura-se
no Teatro Santa Isabel do Recife uma exposição sobre Casa-grande &
senzala. Em 20 de agosto, o Governo de Pernambuco promulga a Lei estadual nº
4.666, de iniciativa do deputado Paulo Rangel Moreira, que autoriza a edição
popular, pelo mesmo Estado, de Casa-grande & senzala. Publica-se em
Nova Iorque (Knopf) a edição de Sobrados e mocambos em inglês, The
mansionsand the shanties; the making of modern Brazil; em Washington, D.C.
(Pan American Union) o livro Brazil; em Brasília (Editora Universidade de
Brasília) a 12ª edição brasileira de Casa-grande & senzala (13ª em
língua portuguesa) e no Recife (Imprensa Universitária) o livro O escravo nos
anúncios de jornais brasileiros do século XIX.
No ano de 1964, recebe, em setembro,
o Prêmio Moinho Santista para Ciências Sociais. Viaja aos Estados Unidos e
participa, como conferencista convidado, de diversos eventos. Publica-se em Nova
Iorque (Knopf) uma edição abreviada (Paperback) de The masters and the
slaves; no Rio de Janeiro (José Olympio) a "semi-novela" Dona Sinhá e o
filho padre, o livro Retalhos de jornais velhos (2ª edição,
consideravelmente ampliada, de Artigos de jornal), e a 13ª edição
brasileira de Casa-grande & senzala. Segundo noticiado, recusou
convite do Presidente Castelo Branco para ser Ministro da Educação e
Cultura.
Em 9 de novembro de 1965, gradua-se,
in absentia, Doutor pela Universidade de Paris (Sorbonne). A consagração
cultural pela Sorbonne juntou-se à recebida das Universidades da Colúmbia e de
Coimbra e às quais se juntaram as de Sussex (Inglaterra) e Münster(Alemanha).
Publica-se em Berlim (Kiepenheur & Witsch) a primeira edição de
Casa-grande & senzala em alemão: Herrenhans und Sklavenhutte; ein
bild der Brasihanischen gesellschaft.
Por solicitação das Nações Unidas,
apresenta ao "United Nations Human Rights Seminaron Apartheid" (realizado em
Brasília, de 23 de agosto a 5 de setembro de 1966) um trabalho de base sobre
"Race mixture and cultural interpenetration: the Brazilian example". Por
sugestão sua, funda-se na Universidade Federal de Pernambuco. Publica-se em
Barnet, Inglaterra Universidade de Colúmbia pelo The racial factor in
contemporary politics; no Recife (Governo do Estado de Pernambuco) o
primeiro tomo da 14ª edição brasileira (15ª em língua portuguesa) de
Casa-grande & senzala (edição popular); e no Rio de Janeiro (José
Olympio) a 15ª edição brasileira do mesmo livro.
Em julho de 1967, viaja aos Estados
Unidos, para receber, no Instituto Aspen de Estudos Humanísticos, o Prêmio Aspen
do ano. Publica-se em Lisboa (Fundação Calouste Gulbenkian) o livro
Sociologia da medicina; em Nova Iorque (Knopf) a tradução da
"semi-novela" Dona Sinhá e o filho padre: Mother and son, a Brazilian
tale; no Recife (Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais) a 2ª edição
de Mocambos do Nordeste e a 3ª edição do Manifesto regionalista de
1926; em São Paulo (Arquimedes Edições) o livro O Recife, sim! Recife,
não! e no Rio de Janeiro (José Olympio) a 4ª edição de
Sociologia.
Em 1968, viaja à Alemanha Ocidental,
onde recebe o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Münster por
seu O Escritor comparada à de Balzac. Publica-se em Lisboa (Academia
Internacional da Cultura Portuguesa) o livro em 2 volumes, Contribuição para
uma sociologia da biografia: o exemplo de Luiz de Albuquerque, governador de
Mato Grosso no fim do século XVIII. Publica-se no Distrito Federal (Editora
Universidade de Brasília) o livro Como e porque sou e não sou sociólogo;
e no Rio de Janeiro (Gráfica Record Editora) as segundas edições dos livros
Região e tradição e Brasis, Brasil e Brasília. Ainda no Rio de
Janeiro, publica-se (José Olympio) as quartas edições dos livros Guia
prático, histórico e sentimental da cidade do Recife e Olinda, 2º Guia prático,
histórico e sentimental de cidade brasileira.
Recebe o Prêmio Internacional de
Literatura "La Madoninna", em 1969. A Universidade Federal de Pernambuco lança
os dois primeiros volumes do Seminário de Tropicologia, relativos ao ano de
1966: Trópico & Colonização, Nutrição, Homem, Religião, Desenvolvimento,
Educação e Cultura, Trabalho e Lazer, Culinária, População. Publica-se no
Rio de Janeiro (José Olympio) a 16ª edição brasileira de Casa-grande &
senzala.
Completa setenta anos de idade
residindo na província e trabalhando como se fosse um intelectual ainda jovem:
escrevendo livros, colaborando em jornais e revistas nacionais e estrangeiros,
dirigindo cursos, proferindo conferências, presidindo o Conselho Diretor e
animando as atividades do Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais,
presidindo o Conselho Estadual de Cultura, dirigindo o Centro Regional de
Pesquisas Educacionais e o Seminário de Tropicologia da Universidade Federal de
Pernambuco, comparecendo às reuniões mensais do Conselho Federal de Cultura e
atendendo a convites de universidades européias e norte-americanas.
Recebe a 26 de novembro de 1971, em
solenidade realizada no Gabinete Português de Leitura, do Recife, e tendo como
paraninfo o Ministro Mário Gibson Barbosa, o título de Doutor Honoris Causa pela
Universidade Federal de Pernambuco. A Rainha Elizabeth lhe confere o título de
Sir (Cavaleiro Comandante do Império Britânico) e a Universidade Federal do Rio
de Janeiro o grau de Doutor Honoris Causa em Filosofia. Publica-se a primeira
edição da Seleta para jovens (José Olympio) e O Escritor Nós e a
Europa germânica (Grifo Edições).
Recebe o título de Cidadão de Olinda,
em 1972. Recebe, em sessão solene da Assembléia Legislativa do Estado de
Pernambuco, a medalha Joaquim Nabuco.
Recebe em São Paulo, no ano de 1973,
o "Troféu Novo Mundo", e o "Troféu Diários Associados". Expõe telas de sua
autoria na Galeria Portal de São Paulo. Por decreto do então Presidente E. G.
Médici, é reconduzido ao Conselho Federal de Cultura. Viaja a Angola. Recebe em
setembro, em João Pessoa, o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade
Federal da Paraíba. Em 13 de dezembro é operado pelo prof. Euríclides de Jesus
Zerbini, cardiologista de renome, no Hospital da Beneficência Portuguesa de São
Paulo.
Em 1974, recebe em São Paulo o troféu
Novo Mundo conferido pelo Centro de Artes Novo Mundo. A 29 de agosto a
Universidade Federal de Pernambuco inaugura no saguão da Reitoria uma placa
comemorativa dos 40 anos de Casa-grande & senzala. A 12 de outubro
recebe a Medalha de Ouro José Vasconcelos, outorgada pela Frente de Afirnación
Hispanista do México. O cineasta Geraldo Sarno realiza documentário de 5 minutos
intitulado "Casa-grande & senzala", de acordo com uma idéia de Aldous
Huxley. O editor Alfred A. Knopf publica em Nova York O Escritor The Gilberto
Freyre Reader.
Recebe em 15 de outubro de 1975, do
Sindicato dos Professores do Ensino Primário e Secundário de Pernambuco e da
Associação dos Professores do Ensino Oficial, o título de Educador do Ano, por
relevantes serviços prestados à comunidade nordestina no campo da Educação e da
Pesquisa Social. O Instituto do Açúcar e do Álcool lança em 15 de novembro o
Prêmio de Criatividade Gilberto Freyre, para os melhores ensaios sobre
aspectos sócio-econômicos da zona canavieira do Nordeste. Publicam-se no Rio de
Janeiro suas obras Tempo morto e outros tempos (José Olympio), O
Brasileiro entre os outros hispanos (idem) e Presença do açúcar na
formação brasileira (I.A.A.).
Viaja à Europa em setembro de 1976. A
Livraria José Olympio Editora publica a 17ª edição brasileira de Casa-grande
& senzala e o IJNPS a 6ª edição do Manifesto regionalista, sendo
lançada, também, a 2ª edição portuguesa de Lisboa de Casa-grande &
senzala.
A Livraria José Olympio Editora
publica, em 1977, O outro amor do Dr. Paulo (Seminovela, continuação de
Dona Sinhá e o filho padre). A Editora Nova Aguilar publica, em dezembro, O
Escritor Escolhida, volume em papel bíblia que inclui Casa-grande &
senzala, Nordeste e Novo mundo nos Trópicos, com introdução de
Antônio Carlos Villaça, Cronologia da Vida e d'O Escritor e Bibliografia Ativa e
Passiva, por Edson Nery da Fonseca. Estréia em janeiro no Nosso Teatro (Recife)
a peça Sobrados e mocambos. Recebe em fevereiro, do embaixador Michel
Legendre, a faixa e as insígnias de Comendador das Artes e Letras da França. É
acolhido como sócio honorário do PEN Clube do Brasil. Inicia em outubro
colaboração semanal na Folha de São Paulo. A Editora Ayacucho publica em Caracas
a 3ª edição em espanhol de Casa-grande & senzala, com introdução de
Darcy Ribeiro. As Ediciones Cultura Hispánica publicam em Madri a edição em
espanhol da Seleta para jovens, com título de Antologia. A editora
Espasa-Calpe publica, em Madri, Mas allá de lo Moderno, com prefácio de
Julián Marías. A Livraria José Olympio Editora publica a 5ª edição de
Sobrados e mocambos e a 18ª edição brasileira de Casa-grande &
senzala.
A Editora Nova Fronteira publica, em
1978, Alhos & bugalhos. A Editora Cátedra publica Prefácios
desgarrados. A Ranulpho Editora de Arte publica Arte & ferro, com
pranchas de Lula Cardoso Ayres. O Conselho Federal de Cultura publica Cartas
do próprio punho sobre pessoas e coisas do Brasil e do estrangeiro. A
Editora Gallinard publica a 14ª edição de Maítres et Esclaves, na coleção
TEL. A Livraria Editora José Olympio publica a 19ª edição brasileira de
Casa-grande & senzala. A Fundação Cultural do Mato Grosso publica a
2ª edição de Introdução a uma sociologia da biografia.
Em 1979, o Arquivo Público Estadual
de Pernambuco publica, em março, a edição fac-similar do Livro do
Nordeste. É homenageado no 44º Congresso Mundial de Escritores do PEN Clube
Internacional, realizado no Rio de Janeiro, ocasião em que recebe a medalha
Euclides da Cunha, sendo saudado pelo escritor Mário Vargas Llosa. Recebe o grau
de Doutor Honoris Causa pela Faculdade de Ciências Médicas da Fundação do Ensino
Superior de Pernambuco - Universidade de Pernambuco, em setembro. Profere
diversas palestras no Brasil e no exterior. A Editora Artenova publica Oh de
Casa! A Editora Cultrix publica Heróis e vilões no romance
brasileiro. A MPM Propaganda publica Pessoas, coisas & animais,
em edição fora do comércio. A Editora IBRASA publica Tempo de
aprendiz.
Em 1980, recebe diversas homenagens
pelos seus oitenta anos de vida. Recebe em São Paulo a medalha de Ordem do
Ipiranga. O Governador do Estado de Sergipe lhe confere o galardão de Comendador
da Ordem do Mérito Aperipê. O Congresso Nacional realiza sessão solene,
destinada a homenagear o escritor Gilberto Freyre.
É homenageado durante a 32ª Reunião
Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, realizada no Rio de
Janeiro. Da mesma forma, pelo XII Congresso Brasileiro de Língua e Literatura,
promovido pelas universidades estaduais do Rio de Janeiro e Universidade Federal
do Rio de Janeiro. Recebe do embaixador Hansjorg Kastl a Grã-Cruz do Mérito da
República Federativa da Alemanha. Recebe o prêmio Jabuti, de São Paulo, em 28 de
outubro.
Recebe, em 11 de dezembro, o grau de
Doutor Honoris Causa pela Universidade Católica de Pernambuco. A Ranulpho
Editora de Arte publica o álbum, Gilberto poeta: algumas confissões, com
serigrafias de Aldemir Martins, Jenner Augusto, Lula Cardoso Ayres, Reynaldo
Fonseca e Wellington Virgolino e posfácio de José Paulo Moreira da Fonseca. As
Edições Pirata, do Recife, publicam Poesia reunida. A Editora José
Olympio publica a 20a. edição brasileira de Casa-grande & senzala,
com prefácio do Ministro Eduardo Portella. A Editora José Olympio publica a 5ª
edição de Olinda. A Editora José Olympio publica a 3ª edição da Seleta
para jovens. A Companhia Editora Nacional publica a 2ª edição de O
Escravo nos anúncios de jornais brasileiros do Século XIX. A Editora José
Olympio publica a 2ª edição brasileira de Aventura e rotina.
Em 25 de março de 1981, recebe do
embaixador francês Jean Beliard a rosette de Oficial da Légion d'Honneur.
Lançamento, no Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, da edição em quadrinhos de
Casa-grande & senzala, numa promoção da Universidade Federal do Rio
de Janeiro, Museu Nacional e Editora Brasil-América. Viaja à Espanha, em
outubro, para tomar posse no Conselho Superior do Instituto de Cooperação
Ibero-Americana, nomeado que foi pelo rei João Carlos I.
Recebe, em 1982, do embaixador Javier
Vallaure, na Embaixada da Espanha em Brasília, a Grã-Cruz de Alfonso, El Sabio
(outubro). A Editora Massangana publica Rurbanização: o que é?. A Editora
Klett-Cotta, de Stuttgart, publica a primeira edição alemã de Das Landin der
Stadt Die Entwicklung der urbanen Gesellschaft Brasiliens (Sobrados e
mocambos) e a segunda de Herrenhaus und Sklavenhütte (Casa-grande
& senzala).
Iniciam-se em 21 de março de 1983 —
Dia Internacional das Nações Unidas contra a discriminação racial — as
comemorações do cinqüentenário da publicação de Casa-grande &
senzala, ocasião em que o Diretor-Geral da Unesco, Amadou M'Bow, lhe entrega
a medalha "Homenagem da Unesco". Em abril, expõe seus últimos desenhos e
pinturas na Galeria Aloísio Magalhães. Em 27 de outubro, participa de sessão
solene da Academia de Ciências de Lisboa e da Academia Portuguesa de História,
comemorativa do cinqüentenário da publicação de Casa-grande &
senzala. A Editora Massangana publica Apipucos: que há num nome?. A
Editora Globo publica Insurgências e ressurgências atuais e Médicos,
doentes e contextos sociais (2ª edição de Sociologia da
medicina).
É realizado o lançamento, em 20 de
janeiro de 1984, de selo postal comemorativo do cinqüentenário de Casa-grande
& senzala. Profere diversas palestras em capitais de Estados
brasileiros. Em setembro de 1984, o Balé Studio Um realiza no Recife o
espetáculo de dança Casa-grande & senzala, sob a direção de Eduardo
Gomes e com música de Egberto Gismonti. Recebe a Medalha Picasso da Unesco,
desenhada por Juan Miró em comemoração do centenário do pintor
espanhol.
Recebe, em 1985, nos Estados Unidos,
na Baylor University, o prêmio consagrador de notáveis triunfos (Distinguished
Achievement Award). Realiza exposição na Galeria Metropolitana Aloísio Magalhães
do Recife: "Desenhos a cor: figuras humanas e paisagens". Recebe, em agosto, o
grau de Doutor Honoris Causa em direito e em Letras pela Universidade Clássica
de Lisboa. Em 20 de novembro, é feita a apresentação, no Cine Bajado, de Olinda,
do filme de Kátia Mesel Oh de Casa!. Em dezembro viaja a São Paulo, sendo
hospitalizado no INCOR para cirurgia de um divertículo de Zenkel (hérnia do
esôfago). A Editora José Olympio publica a 7ª edição de Sobrados e
mocambos e a 5ª edição de Nordeste.
Após a operação, em janeiro de 1986,
regressa ao Recife, exclamando: "agora estou em casa, meu Apipucos". Em
fevereiro, volta a São Paulo para uma cirurgia de próstata no INCOR. Recebe em
abril, em sua residência de Apipucos, do embaixador Bernard Dorin, a comenda de
Grande Oficial da Legião de Honra, no grau de Cavaleiro. Em agosto, recebe o
título de Cidadão de Aracaju. Em 28 de outubro é eleito para ocupar a cadeira 23
da Academia Pernambucana de Letras, vaga com a morte de Gilberto Osório de
Andrade, na qual toma posse em dezembro. Publica-se em Budapeste a edição
húngara de Casa-grande & senzala: Udvarház ès Szolga
Szállás.
Institui, em 11 de março de 1987, a
Fundação Gilberto Freyre. Em abril, submete-se a uma cirurgia para
introdução de marca-passo. Em 18 de abril, Sábado Santo, recebe de Dom Basílio
Penido O.S.B. os sacramentos da Reconciliação, da Eucaristia e dos Enfermos.
Morre no Hospital Português, às 4 horas da madrugada de 18 de julho, aniversário
de Madalena. É sepultado no Cemitério de Santo Amaro. A Editora Record publica
Modos de homem e modas de mulher e as segundas edições de Vida, forma
e cor, assombrações do Recife Velho e Perfil de Euclydes e Outros
Perfís. A Editora José Olympio publica a 25ª edição brasileira de
Casa-grande & senzala. O Círculo do Livro publica nova edição de
Dona Sinhá e o filho padre. A Editora Massangana publica
Pernambucanidade consagrada (discursos de Gilberto Freyre e
Waldemar Lopes na Academia Pernambucana de Letras).
Os dados acima foram coletados em livros de e sobre o autor, sites da Internet, em especial o da Fundação Gilberto Freyre.
Nenhum comentário:
Postar um comentário