Na minha época, a juventude em Macaé tinha mais ou menos um prazo de validade para aproveitar a cidade. Dezoito anos era aproximadamente a idade em que os jovens tomavam a decisão geralmente inevitável de sair de casa rumo a cidade grande
Isso porque lugar de fazer faculdade era no Rio de Janeiro ou, quem sabe, em Campos. Ou ainda, para os mais desesperados para tomar rumos incertos, São Paulo, Santa Catarina, Minas Gerais, Brasília, em qualquer cidade universitária que tivesse mais renome na educação superior. Os tempos mudaram e Macaé agora não precisa mais mandar seus jovens para outras cidades para continuarem seus estudos. Muitas faculdades já integram a Cidade Universitária macaense e tudo anda de vento em popa. Ou não. Se julgarmos pelo curso de medicina da UFRJ, os universitários ainda esperam que a cidade se gradue em alguns quesitos.
Embora de iniciativa louvável, a criação de uma faculdade de medicina na cidade exige um mínimo necessário de infraestrutura para que o curso possa funcionar. Afinal de contas, de nada adianta formar profissionais inexperientes. Macaé já ganhou muito com a construção do “novo” hospital - que, apesar de não ser mais novo, continuou com a denominação. Apesar de atender a grande números de emergências de municípios vizinhos, não se trata de um hospital-escola, com toda a estrutura, professores e salas adequadas para que os estudantes de medicina possam praticar.
Trazer as principais universidades do estado - e, por que não, do Brasil -, como a Universidade Federal do Rio de Janeiro e a Universidade Federal Fluminense para a cidade foi uma conquista para os moradores de Macaé, mas não resolve o problema se o nível de ensino não for o mesmo oferecido na capital. Garantir que seus jovens continuem no município não requer apenas proximidade física entre a casa e a faculdades, até porque disso os estudantes já dispunham. Mesmo assim, eles praticamente desertavam da cidade em busca de cursos de mais renome e qualidade.
Não é apenas a falta de estrutura física para as aulas práticas que preocupa os estudantes. Falta de oferta de disciplinas e falta de professores são outras reclamações sérias que os alunos fazem e que, se continuarem, arriscam jogar pelo ralo a credibilidade do campus da universidade em Macaé. Isso significa prejuízo para os alunos, para a faculdade, para a prefeitura e para os vestibulandos, que provavelmente já estão repensando o ingresso naquele curso e, tendo oportunidade de cursar em outros municípios, se prepararão para alçar voo como seus antepassados universitários. Quiçá quantos voltam mais tarde ou continuam em suas novas casas.
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Outro tema que ainda está tirando o sono de muita gente é o aumento visível da criminalidade em alguns bairros de Niterói. Mais uma vez, como já aconteceu anteriormente na época da Eco 92, por exemplo, a corrida por acabar com a violência no Rio de Janeiro, combinada com a falta de políticas de segurança pública em Niterói está resultando e bairros abandonados. O alerta serve não só para quem mora ou transita pela cidade, mas para a administração de outras cidades satélite, que, como sempre, acabam sofrendo com as rebarbas da violência carioca.
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No mais, entre engarrafamentos constantes na principal via de acesso à cidade, dificuldades para comprar passagens e mini-rodoviária lotada, esperamos que todos tenham uma boa Páscoa, afinal, qual é a reclamação que o chocolate não cura?
Carol Jardim
Jornal O Debate
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