‘‘O inimigo não mora mais ao lado. Contra idosos, agora, tristemente, ele mora dentro de casa. A delegacia do Atendimento Especial à Pessoa da Terceira Idade (DEAPTI) tem registrado cada vez mais ocorrências de violência contra os meus amigos. Só no ano passado foram 1.074 casos contra a pessoal da Terceira Idade. Ao tomar conhecimento do perfil do agressor, fiquei chocado: são homens jovens, dependentes financeiros e pior, costumam ser o filho ou neto da própria vítima.
Dei uma olhada nos números do Instituto de Segurança Pública do estado. Essa triste realidade vem à tona de forma assustadora. De 2002 a 2010, a quantidade de idosos vítimas aumentou 91,6%. São casos de tortura psicológica, agressão ou estelionato.
É sabido que o aumento nas ocorrências policiais ganha proporção maior pela procura idosos que buscam seus direitos. Meu amigos estão mais conscientes de que precisam denunciar agressores, mesmo que sejam familiares queridos, que ajudaram a cuidar durante toda a vida.
Numa conversa com a delegada da DEAPTI, Catarina Noble, ouvi histórias que são de arrepiar. Casos de velhinhos abandonados sozinhos no apartamento pela família — com teias de aranha pelos móveis — e de agressões são constantes. Essa violência, no entanto, precisa ser denunciada. Os canais estão à nossa disposição e somente nós poderemos dar fim ao sofrimento. O problema não é abrir a boca, é se omitir. Por isso, denuncie.”
Violência precisa ser registrada
A delegada da DEAPTI, Catarina Noble, explica que o idoso precisa procurar os canais de denúncia. De acordo com a chefe da especializada, quem é maior de 60 anos e é vítima de algum crime, só consegue se livrar da ameaça quando traz luz para casos como de A. D.
“Eles precisam dar o primeiro passo. Eles precisam se abrir e aceitar que algo muito errado aconteceu com ele”, explica a delegada.
AGRESSÃO SEM LIMITES
SEM LIMITES
A psicóloga e psicoterapeuta Andreia Calçada aponta que o agressor típico de idosos nos registros policiais é o filho ou neto porque, no geral, tiveram educação familiar desregrada quanto à imposição de limites no respeito ao próximo. “As últimas gerações tiveram liberdade que muitos pais não conseguiram administrar, fazendo com que filhos e netos não desenvolvessem apreço ou respeito máximo ao outro, tornando a agressão ou violência uma coisa comum”, alerta.
‘O QUE IMPORTA SOU EU’
Ainda segundo Andreia, violências contra idosos são características de filhos ou netos mimados, que cresceram recebendo tudo o eles pediram.“São típicos reizinhos, que se tornam adultos centrados no próprio umbigo. A partir daí, desenvolvem reações agressivas quando são contrariados. Mesmo que o outro seja um vovô ou uma vovó”, explica a especialista.
DELEGACIA
Toda vítima de agressão precisa procurar delegacia para fazer ocorrência. No caso de maiores de 60 anos é feito na Delegacia Especial de Atendimento à Pessoa da Terceira Idade, na rua Figueiredo de Magalhães 480, em Copacabana.Tel.(21)2333-9272/9273/9274/9275/9276/9277.
OUTRAS CIDADES
Quem mora em outro município e precisa denunciar, pode procurar a delegacia da cidade e registrar o ocorrido. O inquérito é acompanhado de longe pela especializada do idoso.
MINISTÉRIO PÚBLICO
MINISTÉRIO PÚBLICO
Idosos que são abandonados por seus parentes ou não possuem condições de viverem sozinhos e não possuem parentes são de responsabilidade do MP. O órgão é responsável em dar solução para estes casos, depois de registrados em alguma delegacia. O MP fica na Av. Marechal Câmara 370 Centro. Denúncias também podem ser feitas pelo 127 ou no www.mp.rj.gov.br.
Jornal O Dia
Nenhum comentário:
Postar um comentário