Candidato, palavra que deriva de cândido, íntegro. Quem dera a maioria correspondesse a essa etimologia... A ingenuidade de muitos candidatos a vereador se desfaz quando, convidado a concorrer às eleições, acredita que, se eleito, não será ‘como os outros’ e prestará excelente serviço ao município.
O que poucos candidatos desconfiam é que servem de escada para a vitória eleitoral de políticos que eles criticam. Para se eleger vereador ou deputado estadual ou federal, é preciso obter quociente eleitoral — e aqui reside o pulo do gato.
Cândidos eleitores imaginam que são empossados os candidatos que recebem mais votos. Ledo engano. É muito difícil um único candidato obter, sozinho, votos suficientes para preencher o quociente eleitoral. A Justiça Eleitoral soma os votos de todos os candidatos do mesmo partido, mais os votos dados apenas ao partido, sem indicação de candidato.
Ora, se você pensa em ser candidato, fique de olho. Pode ser que esteja servindo de degrau para a ascensão de candidatos cuja prática política você condena, como a falta de ética. Enquanto não houver reforma política, o sistema eleitoral funciona assim: muitos novos candidatos reelegem os mesmos políticos de sempre!
Como alerta o sociólogo Pedro Ribeiro de Oliveira, “mais frequentes são a derrota e a frustração de pessoas bem-intencionadas, mas desinformadas. Ao se apresentar como candidatas, elas mobilizam familiares, amigos e vizinhos para a campanha. Terminadas as eleições, percebem que sua votação só serviu para engordar o quociente eleitoral do partido ou da coligação... Descobrem, tarde demais, que eram apenas ‘candidatos alavancas’”.
Convém ter presente que o nosso voto vai, primeiro, para o partido e, depois, para o candidato.
Escritor, autor de ‘A mosca azul: reflexão sobre o poder’
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