quarta-feira, 13 de junho de 2012

Te Contei, não ? Emprego verde


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Uma das primeiras medidas que muitos países tomaram ao deparar com a crise financeira mundial foi fechar a mão para os investimentos em sustentabilidade. A pesquisa “Working towards sustainable development” (Trabalhando para o desenvolvimento sustentável), divulgada no dia 1o de junho pela Organização das Nações Unidas (ONU), indica que a saída está justamente no sentido oposto.

Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), responsáveis pelo relatório, de 15 a 60 milhões de novos empregos verdes devem ser gerados nas próximas décadas. Dezenas de milhares deles já existem no mundo sem que tenhamos nos dado conta. Apenas no Brasil, já são três milhões de trabalhadores que de alguma forma contribuem para um mundo mais limpo e ecologicamente estável, o que representa 7% dos empregos formais no País. Quem são eles? Basta olhar para o catador de latinhas que você encontrar na rua. Com a sua profissão regularizada em alguns cantos do País, esse profissional é um dos vários exemplos brasileiros citados no relatório (leia quadro).

O setor tem crescido tanto que no ano passado foi criada no Brasil a Associação Brasileira dos Profissionais de Sustentabilidade (Abraps). De acordo com o idealizador e dirigente da entidade, Marcus Nakagawa, esses profissionais podem ser encontrados tanto nas grandes empresas como nas pequenas iniciativas. “De um lado, podemos ter um negócio social que leva em consideração as questões ambientais e econômicas. De outro, mineradoras que fazem todo um esforço de gestão com a comunidade. Em ambos precisaremos de profissionais preparados para coordenar uma efetiva mudança social e ambiental”, diz.

Nick Nuttall, porta-voz do Pnuma, concorda e acrescenta que, das 20 mil grandes companhias com ações no mercado, cerca de cinco mil já prestam contas do impacto que geram ao meio ambiente, através de relatórios periódicos feitos por profissionais capacitados. Diz Nuttall: “É um grande avanço, mas significa que 75% ainda não fazem isso. Esse é um ponto importante que queremos levar para a Rio+20 na próxima semana.” Ou seja, há muitas vagas por surgir.

A geração de empregos verdes não resolve todos os problemas. Pelo contrário, revela vários. Na indústria do etanol, por exemplo, a ONU aponta que, dos 690 mil brasileiros empregados na produção do álcool e no corte de cana, 7% são analfabetos. Além disso, 60% dessa força de trabalho executa funções que não exigem muitas habilidades e, assim, recebem baixos salários. As condições sociais das pessoas que trabalham beneficiando o meio ambiente também são um componente importante na equação. “Peguemos uma pessoa que lida com reciclagem de resíduos, mas é exposta a gases tóxicos. Esse trabalho beneficia o ambiente, mas, em termos de saúde e segurança, não pode ser classificado como uma atividade sustentável”, afirma o porta-voz do Pnuma. Assim, a vaga gerada deve ser planejada com todas as suas consequências. Afinal, o homem também faz parte do ambiente.  

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