sexta-feira, 15 de junho de 2012

Te Contei, não ? - " Gabriela é um clássico"

O autor Walcyr Carrasco entre a atriz Juliana Paes e a cantora Ivete Sangalo durante lançamento da novela (Foto: José Miguel Junior/TV Globo)

 

Walcyr Carrasco: “‘Gabriela’ é um clássico. E, por ser um clássico, pode ser contada de diversas maneiras”


Qual o maior desafio de se adaptar um clássico da literatura para a televisão? E quando essa adaptação se trata de montar pela segunda vez uma novela que está na lista dos grandes sucessos da teledramaturgia brasileira? É essa tarefa que Walcyr Carrasco topou ao propor para a TV Globo uma nova transposição do romance Gabriela, cravo e canela, publicado por Jorge Amado (1912-2001) em 1958.
Com estreia prevista para o dia 19 de junho, na faixa das 11 da noite, a nova Gabriela terá Juliana Paes como protagonista. É ela que vai dar vida à história da retirante de espírito livre que vai trabalhar como cozinheira na próspera Ilhéus (sul da Bahia) dos anos 20.
“A história de Gabriela é um clássico contemporâneo. E, por ser um clássico, assim como uma obra de Shakespeare, pode ser contada de diversas maneiras”, disse Carrasco, na festa de lançamento da novela, nesta segunda-feira (21), em Salvador. Com isso, o autor deixou claro que sua novela não é um remake da versão que foi ao ar em 1975, quando foi adaptada por Wálter George Durst.
Carrasco diz que leu Gabriela, cravo e canela pela primeira vez aos 12 anos de idade. Apaixonado por leitura desde menino, mergulhou nas personagens e nos temas de Jorge Amado. No livro, estão debates como a liberação da mulher, o coronel (político) que manda na cidade, o embate entre conservadores e progressistas, o pai ou o marido opressor, o interesse pela vida alheia, as minorias rejeitadas e os crimes que pretendem defender a honra.
Agora, para a adaptação, Carrasco fez alguns exercícios para chegar ao texto da novela. O primeiro, segundo ele, foi estabelecer um signo de linguagem, criar códigos para os personagens. “Precisei estudar e preservar a maneira como cada um falava. Tem personagens, por exemplo, que são analfabetos”, diz Carrasco.
O segundo grande desafio, segundo ele, foi entender e transmitir por meio de seu texto e ações das personagens como as pessoas pensavam nos anos 20. “Estabeleci o que movia cada personagem e o que vai fazer com que o telespectador identifique isso durante a trama”, diz. “É um trabalho duro”, afirma o autor.
Passada toda essa labuta, Carrasco partiu para escrever os cerca de 60 capítulos – a novela será exibida em um formato mais curto do que os habituais folhetins da TV, algo já testado no ano passado pela TV Globo com o remake de O Astro – e a escalação do elenco.
“Eu, Roberto Talma (diretor de núcleo) e Mauro Mendonça Filho (diretor geral) escolhemos os nomes. Todos foram aprovados por nós”, diz Carrasco, afirmando que o processo de escalação de autores começou em novembro de 2011. “É um elenco do coração”, diz.
Com sua nova versão de Gabriela, Carrasco diz que espera transmitir para os telespectadores o mesmo fascínio que ele tem pelo livro escrito por Jorge Amado. “Tenho certeza que a novela vai trazer novos leitores para Jorge Amado. Gabriela vai puxar o interesse por outros livros dele”, diz.

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