Ambientalistas, chefes de governo, defensores da causa indígena, dos direitos das mulheres e até do vegetarianismo como prática sustentável. A diversidade foi a maior marca do Riocentro nos últimos 10 dias. Nos corredores, nas plenárias e até na praça de alimentação, o que se viu foi uma mistura de culturas, cores e línguas.
Morador do Acre, o índio Ninawa, de 33 anos, perdeu a conta de quantas vezes foi parado com pedidos de foto. “Já fiz foto com brasileiro, com gringo e até com índio. Acho importante essa comunicação entre pessoas de culturas diferentes. Muitos perguntam como vivemos, como é nossa vida, e se interessam pela cultura indígena”, conta Ninawa, que pertence à etnia Hunikui.
Nazirah Nur, 43 anos, foi uma das que pediram uma foto ao lado do índio. Representante da Malásia, no Sudeste Asiático, Nazirah disse que o Rio “é uma cidade especial”.
A holandesa Annelies Henstra, advogada de uma ONG que defende os direitos das crianças, também pediu uma foto e disse à Ninawa que se sentia envergonhada diante do que o povo dela faz com a terra.
Outro que chamou a atenção foi o filipino Patrick Filoma, 59 anos. Professor de ioga, o monge Yode Dada Suvedananda — como prefere ser chamado — usava túnica e turbante laranjas.
“Sou representante da Anabda Marga, uma organização mundial espiritual fundada na Índia”, disse, acrescentando que a organização tem como meta promover o desenvolvimento humano através de Yoga, meditação, serviço social e filosofia. “Defendemos o vegetarianismo como prática mais saudável e sustentável.”
Direitos das mulheres
A poucos metros do monge, a paquistanesa Azra Sayeed, de 52 anos, fazia um protesto silencioso pelo direito das mulheres.
“O patriarcalismo, a militarização, o fundamentalismo, o neo-liberalismo e a globalização são os responsáveis pela violação de direitos das mulheres, que é um grave problema no mundo”, resumiu Sayeed, que usava uma roupa típica. ]
Índios reclamam de preconceito
Fotografados e admirados na Cúpula dos Povos e no Riocentro, índios pataxós e da etnia Hunikui reclamaram da má recepção nas ruas da cidade. Alguns não conseguiram sequer pegar um táxi.
“Os motoristas não param. Acham que a gente não vai pagar. Um deles disse que não levava gente sem camisa. Expliquei que quando estamos pintados, essa é nossa roupa. Mas não adiantou”, contou a pataxó Dararanga, 26 anos.
Dararanga, que saiu com sua tribo da Bahia para participar da Rio+20, disse que parou de usar o traje típico por medo: “Percebi que o carioca é muito preconceituoso. Olham para gente com um olhar desconfiado. Não tive mais coragem de usar minhas roupas e pinturas”.
Ninawa, que recebeu uma flor de uma holandesa no Riocentro, também teve problemas: “Ouvi coisas que não gostei. Chegaram a me chamar de vagabundo”.
Jornal O Dia
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