sábado, 30 de junho de 2012

Opine - Existe amizade entre homens e mulheres ?

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"Entre um homem e uma mulher não é possível haver amizade. É possível haver paixão, hostilidade, veneração, amor, mas amizade, não." A frase, proferida pelo escritor irlandês Oscar Wilde (1854 – 1900), parece datada, mas não podia estar mais em sintonia com as atuais discussões sobre as relações entre os sexos. Assistido por mais de seis milhões de pessoas, um vídeo amador se tornou viral nos Estados Unidos e no Canadá justamente por explicitar a diferença de opiniões entre homens e mulheres no que tange às amizades intersexuais. Nele, um estudante universitário pergunta a suas colegas de faculdade se elas acreditam ser possível existir amizade entre um homem e uma mulher. A resposta? “Sim, claro”, dizem todas. Já quando ele dirige a mesma questão a seus colegas homens, ouve de todos que “hummm... não!” O tema, abordado de forma lúdica no vídeo, ganhou roupagem científica em três recentes pesquisas que buscam entender melhor as implicações das amizades entre pessoas de sexos opostos. Numa delas, os estudiosos definiram os quatro tipos mais comuns de relações entre eles e elas. Em outro estudo, pesquisadores concluíram que existe ao menos um pequeno nível de atração na maioria das amizades intersexuais, o que não é necessariamente ruim, já que a terceira pesquisa aponta que o sexo, para surpresa (e alegria) de muitos, pode fortalecer os laços entre os amigos.

As amizades entre homens e mulheres podem até ser comuns nos dias de hoje, porém o mesmo não acontecia há apenas algumas décadas. Considerando o ponto de vista histórico, a interação amistosa entre eles e elas é um fenômeno recente, que surgiu depois da invenção da tevê em cores, em 1954. Até o século XIX, a amizade intersexual era considerada um “mal degenerador”, como conta Rosana Schwartz, pesquisadora de gênero pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e também pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. “Usando argumentos religiosos ou até científicos, os homens acreditavam que as mulheres eram frágeis e propensas a comportamentos desviantes, por isso a convivência com um homem que não fosse da família poderia degenerá-las”, diz Rosana. Ou seja, na época se acreditava que a presença de um homem poderia levar as pobres mulheres indefesas a cometerem um ato absolutamente condenável: o sexo fora do casamento. Numa sociedade em que a maioria das mulheres só convivia com figuras masculinas como o pai, os irmãos ou os padres, a amizade entre os sexos era muito difícil, senão impossível. Esse cenário só começou a mudar quando elas chegaram em massa ao mercado de trabalho, no período pós-Segunda Guerra Mundial. “Mesmo assim, a amizade intersexual como a conhecemos hoje só se solidificou nos anos 1970, pois até uma década antes os únicos amigos homens que as mulheres tinham eram os amigos do seu marido”, afirma Rosana.

Mais de 40 anos depois, a maior interação entre homens e mulheres possibilitou que a amizade entre os sexos florescesse, mas não eliminou as complicações naturais presentes nesse tipo de relação. Afinal, o conhecimento popular prega que a linha que separa a amizade do amor é tão tênue que, numa relação em que homem e mulher gostam da companhia um do outro, esses sentimentos certamente irão se misturar. Na ficção não faltam exemplos de histórias de amigos que se descobrem apaixonados e fatalmente acabam em romance (leia quadro na pág. 92). Mas será que uma relação de amizade entre homem e mulher sempre contém uma pitada de atração amorosa ou sexual? Dispostos a descobrir isso, uma equipe de professores da Universidade de Wisconsin-Eau Claire, nos Estados Unidos, realizou uma pesquisa com 400 adultos, com idades entre 18 e 52 anos, que mantinham amizade com pessoas do sexo oposto. A maioria declarou sentir ao menos um nível de atração por seu amigo ou amiga, mas os homens em geral demonstraram estar mais atraídos pelas amigas do que elas por eles. Eles também se mostraram mais dispostos a ter um encontro amoroso com as amigas do que elas com os amigos.

Em outro estudo realizado pelo mesmo time de pesquisadores, os 400 entrevistados foram convidados a nomear os benefícios e malefícios das amizades intersexuais. Em geral, a maioria declarou enxergar mais delícias do que dores nesse tipo de relação. Porém, a atração sexual foi considerada mais um malefício do que um benefício. Esse sentimento seria responsável pela infelicidade dos entrevistados em seus respectivos relacionamentos amorosos – quanto mais atraídos pelos amigos eles se sentiam, pior eles avaliaram sua satisfação em seus namoros ou casamentos. Aceitar que seu parceiro amoroso tem um amigo do sexo oposto também não é uma tarefa fácil para a maioria das pessoas, garante a americana Lillian Rubin, autora do livro “Just Friends” (Apenas Amigos, sem publicação no Brasil). Na obra, a psicóloga discorre sobre as alegrias e os dramas inerentes às amizades intersexuais. “Amigos, independentemente do gênero, existem para suprir as lacunas que não são preenchidas no casamento e dessa forma tornam o casamento possível”, disse Lillian à ISTOÉ. “E é porque sabemos isso que os amigos, especialmente aqueles do sexo oposto, são vistos como uma ameaça.” Mesmo com os possíveis prejuízos às relações amorosas, as amizades entre eles e elas ainda são desejadas pelas maioria. “A atração sexual foi considerada, com frequência, um malefício, mas, mesmo assim, as pessoas se mostraram dispostas a cultivar amizades com indivíduos do sexo oposto porque se sentem realizadas nesse tipo de relação”, diz April Bleske-Rechek, professora de psicologia e uma das autoras do estudo da universidade americana.
Outra pesquisadora americana, Heidi Reeder, professora de comunicação da Boise State University, publicou recentemente um artigo em que classifica os quatro tipos mais comuns de amizade entre homens e mulheres (leia quadro à esq.). Após realizar centenas de entrevistas com alunos e alunas de diversas idades sobre esse tema, Heidi chegou à conclusão de que o tipo mais comum de amizade entre eles e elas, já experimentado por 96% dos entrevistados, não inclui interesse romântico ou sexual. Em segundo lugar ficou a atração objetiva física ou sexual, em que os amigos reconhecem que o outro pode ser atraente, mas não nutrem atração física entre si. É o caso dos amigos Nicolly Mira, 25 anos, e Aluísio Nahime, 28. Os dois se conheceram há sete anos, quando cursavam faculdade. De tanto se encontrar nos corredores e nas festas, aos poucos foram se tornando mais próximos e hoje se consideram melhores amigos. “Para mim o Aluísio é como um irmão mesmo. Dormimos na mesma cama várias vezes, eu até já vi ele pelado, mas nunca rolou nada entre a gente”, conta Nicolly, que admite achar o amigo lindo, mas diz que ele não faz seu tipo. Nahime, por sua vez, também diz ver Nicolly como uma irmã. “Sempre posso contar com o apoio dela, seja nas horas boas, seja nas horas ruins”, diz. “E, para mim, palavra de mulher vale mais do que a de homem.”

Na opinião do psicoterapeuta Ailton Amélio, da Universidade de São Paulo (USP), um especialista em relações entre homens e mulheres, o tipo de amizade desfrutado por Nicolly e Nahime é muito benéfico, sim, “mas desde que não haja interesse romântico ou sexual de uma das partes, pois isso poderia desestabilizar a relação”, diz. Já a pesquisadora Rosana Schwartz defende que a atração física não impede que a amizade entre os sexos ocorra. “Muitas vezes essa primeira aproximação se dá por conta de um interesse físico de pelo menos uma das partes”, afirma Rosana. “Mas, se essa atração não é correspondida, a amizade acontece.” Apesar de garantir que não nutre nenhuma atração por Nicolly hoje, Nahime admite que se aproximou dela porque a achou atraente. “No começo eu tinha vontade de ficar com ela, sim. Tentei uma vez, ela não quis, eu respeitei essa decisão e daí a amizade cresceu”, diz. Cláudya Toledo, diretora da agência de relacionamentos A2 Encontros, no entanto, enxerga com mais ceticismo a suposta amizade despretensiosa entre eles e elas. “Pela minha experiência como cupido profissional, acredito que só os homens mais velhos conseguem ter uma relação desinteressada com as mulheres”, afirma Cláudya. “Os mais novos estão muito preocupados com a conquista amorosa ou sexual.”

Polêmicas à parte, a atração física entre amigos de sexos opostos pode não ser tão ruim assim, como indica outro estudo conduzido pela pesquisadora americana Heidi Reeder. Ao ouvir cerca de 300 pessoas de ambos os sexos sobre suas amizades intersexuais, ela chegou à conclusão de que 20% dos entrevistados já haviam transado com um amigo ou uma amiga pelo menos uma vez na vida. Destes, 76%, surpreendentemente, disseram que a amizade melhorou depois do sexo. Dentre os 76%, metade começou um relacionamento amoroso com o amigo, mesmo que essa não fosse sua intenção original. A outra metade permaneceu apenas na amizade, muitas vezes, colorida. O termo, que define as relações em que os amigos são apenas amigos, mas têm intimidade física, é bem conhecido desde os tempos do amor livre, lá pelos anos 1970. Ainda hoje, contudo, muita gente reprova esse tipo de interação entre os sexos. “A sociedade ainda condena esse comportamento, especialmente nas mulheres”, diz Ailton Amélio. “É difícil encontrar uma que admita desfrutar de uma amizade colorida porque elas têm medo de ficar malfaladas, já que uma relação desse tipo implica que tanto o homem quanto a mulher possuem outros parceiros sexuais.”

Assumir a escolha por uma amizade colorida não é um problema para a publicitária Grace Kelly Toledo Dorta, 33 anos. Há mais de dez anos ela mantém um relacionamento na base do “amigos com benefícios” com o gerente de vendas Alex Savi Monteiro, também de 33 anos. Numa relação ora próxima, ora distante, eles namoraram outras pessoas durante esse período, mas sempre acabaram retomando o contato. “Quando ela estava namorando, eu sentia ciúme sim, mas ficava na minha”, diz Monteiro. “E, quando estamos solteiros, procuramos um ao outro, mas nem sempre ele ou eu estamos disponíveis para atender”, afirma Kelly. Entre encontros e desencontros, a amizade se fortaleceu. “Nossa relação é muito forte, é amor. Sei que posso contar com ela para tudo”, diz Monteiro. “Nós curtimos muito a companhia um do outro, e, se essa relação nunca evoluir para um romance, pelo menos será uma boa história para contar para os meus netos no futuro”, afirma Kelly.

Nem sempre, porém, misturar sexo com amizade faz bem para as relações. O gerente de marketing C.S.R., 28 anos, que pediu para não ser identificado, perdeu uma amiga depois de se envolver romanticamente com ela. Os dois se conheceram há seis anos, quando trabalhavam juntos em um shopping na capital paulista. Almoço vai, almoço vem, construíram uma relação de amizade. Porém, C., que estava solteiro na época, acabou se envolvendo com a prima da amiga. “Um dia, no entanto, percebi que gostava mesmo da minha amiga. Então terminei o caso com a prima dela e começamos a ficar”, diz C. O problema foi que, por receio de magoar a prima, a amiga de C. não quis assumir o romance, o que gerou muitas brigas. “Claro que isso causou um desgaste grande entre nós e fez com que eu me afastasse dela. No ponto em que estávamos, não havia mais meio-termo, não dava para simplesmente continuarmos amigos”, diz. Depois que eles romperam a amizade, a amiga de C. namorou e se casou com outro homem, mas até hoje ele lamenta o que aconteceu. “Perdemos uma amizade e uma relação fantástica, que nunca tive com outra pessoa desde então.” Para Ailton Amélio, o envolvimento amoroso ou sexual entre amigos pode ser um fator de risco para as amizades, sim, principalmente quando o interesse romântico ou sexual é unilateral. “Nesse caso, o sexo provavelmente aumentará o envolvimento romântico daquele que sentia esse tipo de atração e essa pessoa pode querer transformar o relacionamento em namoro, o que constrangerá a outra”, diz.
Para felicidade (ou infelicidade) dos amigos de sexos opostos, o que a sabedoria popular perpetua, e os especialistas reforçam, é que se apaixonar por um amigo é mesmo muito fácil. “É mais cômodo se apaixonar por alguém que está ao seu lado, alguém com quem você já tem intimidade e pode se entregar”, diz Cláudya Toledo. Foi o que aconteceu com os empresários Camila Balthazar, 27 anos, e Marcos Trinca, 35. Os dois se conheceram há três anos. A princípio, o que os uniu foi uma empatia mútua. Ambos estavam solteiros e se tornaram amigos próximos, do tipo que dorme na mesma cama e troca revelações sobre suas respectivas experiências sexuais e amorosas. “Não rolava atração de nenhuma das partes”, afirma Camila. Até que o assunto “ficar” entrou em pauta. “Conversamos sobre como seria se a gente se beijasse”, conta Trinca. “Havia essa vontade, mas, ao mesmo tempo, também tínhamos medo de que isso prejudicasse nossa amizade.” Numa noite, o beijo aconteceu. Um mês depois, os dois já cultivavam uma relação amorosa. Hoje vivem juntos, mas não se declaram casados. “Estar em um relacionamento amoroso com seu melhor amigo é ótimo. Não há segredos entre a gente”, diz Camila.

Por mais que a amizade intersexual ainda seja vista com descrença por muitas pessoas, especialmente pelos homens, a interação amistosa pode acontecer até nos cenários mais improváveis, como comprova a história da assessora Erika Digon, 35 anos, e do gerente comercial Tuco Oliveira, 36. Erika e Oliveira foram casados por sete anos. Alegando desgaste da relação, ela decidiu pedir a separação. “Na época, o Tuco ficou bem chateado e permanecemos alguns meses sem nos falar”, diz. Conforme o baque do divórcio foi passando, os dois retomaram o contato. “Quando eu via algo que me lembrava o Tuco, ligava na hora para ele para contar”, lembra Erika. De ex-marido e ex-mulher, os dois passaram a melhores amigos, tanto que Oliveira fez questão de ir à festa do segundo casamento de Erika. “Acho que o que ficou para nós foi uma ligação muito mais forte do que o normal, de poder trocar confidências sobre relacionamentos, profissionais e até sobre nosso direcionamento de vida. O querer o bem um do outro é o que move a nossa relação”, diz Oliveira. E o ciúme, os dois garantem, ficou para trás. “A atração e o tesão acabaram, mas o amor entre nós permaneceu”, afirma Erika. Prova de que até Oscar Wilde, apesar de ser um ótimo criador de frases de efeito, não podia estar sempre certo.

Para felicidade (ou infelicidade) dos amigos de sexos opostos, o que a sabedoria popular perpetua, e os especialistas reforçam, é que se apaixonar por um amigo é mesmo muito fácil. “É mais cômodo se apaixonar por alguém que está ao seu lado, alguém com quem você já tem intimidade e pode se entregar”, diz Cláudya Toledo. Foi o que aconteceu com os empresários Camila Balthazar, 27 anos, e Marcos Trinca, 35. Os dois se conheceram há três anos. A princípio, o que os uniu foi uma empatia mútua. Ambos estavam solteiros e se tornaram amigos próximos, do tipo que dorme na mesma cama e troca revelações sobre suas respectivas experiências sexuais e amorosas. “Não rolava atração de nenhuma das partes”, afirma Camila. Até que o assunto “ficar” entrou em pauta. “Conversamos sobre como seria se a gente se beijasse”, conta Trinca. “Havia essa vontade, mas, ao mesmo tempo, também tínhamos medo de que isso prejudicasse nossa amizade.” Numa noite, o beijo aconteceu. Um mês depois, os dois já cultivavam uma relação amorosa. Hoje vivem juntos, mas não se declaram casados. “Estar em um relacionamento amoroso com seu melhor amigo é ótimo. Não há segredos entre a gente”, diz Camila.

Por mais que a amizade intersexual ainda seja vista com descrença por muitas pessoas, especialmente pelos homens, a interação amistosa pode acontecer até nos cenários mais improváveis, como comprova a história da assessora Erika Digon, 35 anos, e do gerente comercial Tuco Oliveira, 36. Erika e Oliveira foram casados por sete anos. Alegando desgaste da relação, ela decidiu pedir a separação. “Na época, o Tuco ficou bem chateado e permanecemos alguns meses sem nos falar”, diz. Conforme o baque do divórcio foi passando, os dois retomaram o contato. “Quando eu via algo que me lembrava o Tuco, ligava na hora para ele para contar”, lembra Erika. De ex-marido e ex-mulher, os dois passaram a melhores amigos, tanto que Oliveira fez questão de ir à festa do segundo casamento de Erika. “Acho que o que ficou para nós foi uma ligação muito mais forte do que o normal, de poder trocar confidências sobre relacionamentos, profissionais e até sobre nosso direcionamento de vida. O querer o bem um do outro é o que move a nossa relação”, diz Oliveira. E o ciúme, os dois garantem, ficou para trás. “A atração e o tesão acabaram, mas o amor entre nós permaneceu”, afirma Erika. Prova de que até Oscar Wilde, apesar de ser um ótimo criador de frases de efeito, não podia estar sempre certo.

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Revista Isto É

Tá na Hora do Poeta - Exílio - Larissa Silva Fernandes Alves de Oliveira

Exílio



Minha terra tem lindas praias
ONde o rio se encontra com o mar
Os animais que ali habitam
Aqui nunca ouviram falar.

Minha terra tem o Corcovado
Onde o bondinho tems que pegar
Ao chegar lá em cima
Só temos que apreciar.

Nosso por do sol é tão encantador
Que nossos golfinhos se poem a pular
Minha terra tem lindas praias
Onde o rio se encontra com o mar

Minha terra tem lagoas cristalinas
Onde o fundo conseguimos avistar
Minha terra tem lindas praias ...
Tiram fotos para se recordar.

Por favor, meu Deus do céu,
Quero lá poder voltar,
Pois a minha origem
Eu amo e nao vou negar .


Larissa da Silva Fernandes Alves de Oliveira
Turma 801
Ativo / 2012

Tá na Hora do Poeta - Saudades - Lucas Abade

Saudades


Minha terra tem palmeiras
Minha terra tem natureza
Tem flores, árvores ....
Minha terra tem TUDO.

TUDO mesmo
Minha terra tem tráfico
Tem bandido
Tem violência ....

TUDO o que há
Não tem lá
TUDO o que quero é voltar pra lá.

Minha terra tem TUDO
TUDO
Menos EU.

Lucas Abade
Turma 801
Ativo / 2012

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Te Contei, não ? - A favor: Solução sem impacto - André Tadeu B. de Sá


A Rio+20 acabou, mas reflexões sobre coleta seletiva, reciclagem e economia de água e de energia continuarão nas casas, escolas e empresas. Dentro dessa discussão, incentivos recentes da Prefeitura do Rio às iniciativas sustentáveis, na construção civil, reduzindo impostos com os ‘Selos Verdes’, reafirmam a visão do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes (Inca), que iniciou em 2008 o projeto do Campus Integrado, para reunir num único endereço as unidades da instituição.
O objetivo é criar o mais moderno Centro de Desenvolvimento Científico e de Inovação Tecnológica para o Controle do Câncer da América Latina, concentrando as áreas de pesquisa, assistência, educação, prevenção, vigilância e detecção precoce num só local. Trata-se de empreendimento concebido a partir de conceitos arquitetônicos voltados ao desenvolvimento sustentável.
O desafio do Inca é desenvolver projeto pleno e flexível que integre suas áreas de atuação, criando um ambiente provido de infraestrutura eficiente e, ao mesmo tempo, sustentável para equipes multidisciplinares.
O projeto prevê diversos aspectos ecologicamente corretos, como valorização da luz natural e reservatórios para captação e reúso de águas da chuva. A construção vai integrar os sistemas para proporcionar uma gestão de energia altamente eficiente, dentro de uma perspectiva economicamente viável e socialmente justa.
A população de uma cidade maravilhosa como a nossa merece contar com um centro grandioso e sustentável como será o Campus Integrado do Inca, um projeto que nós, que estamos à frente dessa empreitada, já chamamos de “projeto em prol da vida”.
Coordenador de Administração Geral do Inca

Jornal O Dia

Te Contei, não ? - Contra: Propaganda Verde - Marcelo Nogueira


No clima da Rio+20, a Prefeitura do Rio assinou, recentemente, o Decreto 35.745, incentivando a sustentabilidade na construção civil, através da certificação Qualiverde. É uma qualificação opcional, aplicável aos projetos de novas construções e às já existentes.
As construções ‘verdes’ poderão obter descontos de até 50% ou mesmo isenção do IPTU (sobre a propriedade territorial urbana) e do ITBI (de transmissão de bens imóveis), além de redução do ISS (sobre serviços). Esses benefícios têm que ser aprovados pela Câmara, a partir de critérios que consideram práticas de reaproveitamento da água e do uso racional da energia elétrica, dentre outros projetos ecologicamente adequados.
Ao contrário do que pode parecer, a notícia não é boa. Ao que tudo indica, trata-se de propaganda, no eco da Rio+20, que pode sair cara para os cariocas. O IPTU equivale a 20% da receita do município, e apenas 32,2% das construções residenciais e comerciais o pagam, já deixando de arrecadar mais de R$ 150 milhões por ano.
Além das isenções aos templos e aos imóveis dos governos, a prefeitura já havia concedido isenção, por interesse histórico e cultural, a 1.490 imóveis, dentre os quais o Copacabana Palace. Com o novo decreto, a arrecadação será ainda menor. O ITBI e o ISS, por sua vez, também responsáveis por parte importante da arrecadação, num mercado imobiliário tão aquecido, também sofrerão com a propaganda verde da prefeitura.
Nada contra a ecologia, nem contra as isenções que a Constituição determina, mas o caminho escolhido pela prefeitura não foi o melhor. A propaganda é verde, mas o resultado pode ser vermelho, pelo menos nas contas.
Advogado especialista em Direito Financeiro e Tributário

Jornal O Dia

Te Contei, não ? - Mistura de povos e cores deixa marcas na "cidade especial"

Diferentes línguas e tradições conviveram pacificamente durante Rio+20 | Foto: Marcio Mercante / Agência O Dia

Ambientalistas, chefes de governo, defensores da causa indígena, dos direitos das mulheres e até do vegetarianismo como prática sustentável. A diversidade foi a maior marca do Riocentro nos últimos 10 dias. Nos corredores, nas plenárias e até na praça de alimentação, o que se viu foi uma mistura de culturas, cores e línguas.
Morador do Acre, o índio Ninawa, de 33 anos, perdeu a conta de quantas vezes foi parado com pedidos de foto. “Já fiz foto com brasileiro, com gringo e até com índio. Acho importante essa comunicação entre pessoas de culturas diferentes. Muitos perguntam como vivemos, como é nossa vida, e se interessam pela cultura indígena”, conta Ninawa, que pertence à etnia Hunikui.
Nazirah Nur, 43 anos, foi uma das que pediram uma foto ao lado do índio. Representante da Malásia, no Sudeste Asiático, Nazirah disse que o Rio “é uma cidade
especial”.
A holandesa Annelies Henstra, advogada de uma ONG que defende os direitos das crianças, também pediu uma foto e disse à Ninawa que se sentia envergonhada diante do que o povo dela faz com a terra.
Outro que chamou a atenção foi o filipino Patrick Filoma, 59 anos. Professor de ioga, o monge Yode Dada Suvedananda — como prefere ser chamado — usava túnica e turbante laranjas.
“Sou representante da Anabda Marga, uma organização mundial espiritual fundada na Índia”, disse, acrescentando que a organização tem como meta promover o desenvolvimento humano através de Yoga, meditação, serviço social e filosofia. “Defendemos o vegetarianismo como prática mais saudável e sustentável.”
Direitos das mulheres
A poucos metros do monge, a paquistanesa Azra Sayeed, de 52 anos, fazia um protesto silencioso pelo direito das mulheres.
“O patriarcalismo, a militarização, o fundamentalismo, o neo-liberalismo e a globalização são os responsáveis pela violação de direitos das mulheres, que é um grave problema no mundo”, resumiu Sayeed, que usava uma roupa típica. ]
Índios reclamam de preconceito
Fotografados e admirados na Cúpula dos Povos e no Riocentro, índios pataxós e da etnia Hunikui reclamaram da má recepção nas ruas da cidade. Alguns não conseguiram sequer pegar um táxi.
“Os motoristas não param. Acham que a gente não vai pagar. Um deles disse que não levava gente sem camisa. Expliquei que quando estamos pintados, essa é nossa roupa. Mas não adiantou”, contou a pataxó Dararanga, 26 anos.
Dararanga, que saiu com sua tribo da Bahia para participar da Rio+20, disse que parou de usar o traje típico por medo: “Percebi que o carioca é muito preconceituoso. Olham para gente com um olhar desconfiado. Não tive mais coragem de usar minhas roupas e pinturas”.
Ninawa, que recebeu uma flor de uma holandesa no Riocentro, também teve problemas: “Ouvi coisas que não gostei. Chegaram a me chamar de vagabundo”.

Jornal O Dia

Te Contei, não ? - Documento assinado não é garantia de ação

 Dilma discursa na plenária final da Rio+20 | Foto: André Mourão / Agência O Dia


Aplausos de um lado, vaias de outro. Apesar de a maioria dos chefes de Estado e a própria Organização das Nações Unidas (ONU) comemorarem o documento da Rio+20 com metas para o desenvolvimento sustentável, o texto foi alvo de críticas de movimentos sociais, da Igreja e de ambientalistas.

Alguns países admitiram que nem todos os pontos com os quais se comprometeram vão sair do papel. Representantes da Cúpula dos Povos, no Aterro do Flamengo, acusaram falta de prazos, de dinheiro e de objetividade, mas apresentaram suas demandas em documento preliminar também amplo e vago.
Na plenária que fechou o evento oficial no Riocentro, chefes de delegações ricas e pobres alertaram que assinaram o relatório mas que nem tudo poderá ser posto em prática, pois há itens que vão contra sua soberania.
“Não se aceitará nenhum tipo de avaliação, monitoramento, relatório e revisão de nossas políticas energéticas nacionais que afete a nossa soberania nacional”, ponderou representante do governo boliviano.
"Em várias áreas, esperávamos resultado mais ambicioso, prazos e cronogramas concretos para realização das metas”, afirmou representante da União Europeia.
O chinês Sha Zukang, secretário-geral da ONU para a Rio+20, alertou líderes das nações para que agora ponham em prática o compromisso firmado: “O trabalho começa agora. Prometer é fácil. Mas manter os compromissos com a sustentabilidade exige esforço”.
Ativistas de ONGs disseram que vão embora desapontados. “Nossos líderes falaram, mas não agiram. Esta semana, mostraram uma falta de liderança. E são os povos mais pobres que pagam por isso”, disse Barbara Stocking, da Oxfam.
Para o diretor do Greenpeace Internacional, Kumi Naidoo, a imagem que se tem do evento é de um “Titanic afundando”. Ele lembrou que 400 mil pessoas morrem anualmente por questões climáticas: “Os chefes de Estado não ficaram sequer uma hora negociando. Deixaram todo o processo para diplomatas e organizadores”.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) criticou falta de menção no documento sobre a educação como instrumento para uma nova relação com o meio ambiente.
Erradicar a pobreza e financiar os países em desenvolvimento
- Foi formalizado compromisso de se erradicar a fome e a pobreza, apontada como o “maior desafio global no mundo”.
- Criado um fórum político intergovernamental de alto nível, que deverá acompanhar a implementação de medidas de desenvolvimento sustentável. O fórum não poderá se sobrepor a outras instituições que já tenham essa função.
- Reconhecida a importância da conservação e do uso sustentável da biodiversidade marinha além das áreas de jurisdição de casa país. Ou seja, principalmente de mar aberto.
- Assumido o compromisso de eliminar progressivamente subsídios a combustíveis fósseis (petróleo e carvão, por exemplo), removendo distorções de mercado, reestruturando a tributação. O texto afirma que as nações devem levar em conta os impactos ambientais, sem esquecer necessidades específicas de países em desenvolvimento.
-Reconhecida a necessidade da mobilização significativa de recursos de várias fontes e do uso de financiamentos para apoiar países em desenvolvimento para que consigam promover o desenvolvimento sustentável. Comitê intergovernamental, com suporte da ONU, vai implementar esse processo até 2014.
- Definidas áreas temáticas relacionadas ao desenvolvimento sustentável. Elas incluem segurança alimentar e agricultura sustentável, água e saneamento, energia, turismo, transporte, cidades sustentáveis, saúde e população e redução de riscos de desastres, entre outras.
Ecológicas
-Barraco
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, não gostou quando, na plateia, levantaram cartaz com desenho de motoserra em evento sobre desmatamento, problema que o Brasil reduziu em 77%. Aos gritos, rebateu a ativista e foi aplaudida.
-Centro Rio+20
O governo brasileiro e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) assinaram carta de intenções para a criação do Centro Rio+, de estudos para o desenvolvimento sustentável, na COPPE-UFRJ.
-Ar monitorado
A qualidade do ar no Parque dos Atletas, perto do Riocentro, está regular. O local, que abriga exposições dos países, tem entrada grátis até este domingo.


Jornal O Dia

Tá na Hora do Poeta - Vamos ser saudáveis ! Paula Quirino


Vamos ser saudáveis !


Babi é um palito,
Renas é quase um canhão,
Matias está tomando anabolizantes
Para ficar fortão.

Eles tiveram problemas,
Que conseguiram superar.
Perceberam que sendo saudáveis,
Seus corpos iriam parar de reclamar.

A beleza não está nessa obsessão de emagrecer ou de ficar bombado,
Está em ser saudável,
Fazendo exercícios e comendo regrado.

Claro que podemos comer Mc´Donalds, Bob´s
Mas sem extrapolar
Já que do nosso corpo devemos cuidar.


Paula Quirino
Turma 801
Ativo / 2012

Te Contei, não ? - 1958, o ano em que tudo começou para os quatro


Quando a voz de João Gilberto soou no rádio da sala, em meados de 1958, Gilberto Gil acabara de ganhar um violão, comprado a prestação. Talvez, dos quatro que, deste junho até novembro, estão chegando aos 70, ele tenha sido o primeiro a se convencer de que seu futuro na vida era a música. Culpa de João. Caetano Veloso também ouvia rádio, mas não na Salvador de Gil. Ainda morava em sua cidade natal, Santo Amaro da Purificação, e é possível que a voz e o violão que puseram a bossa nova em movimento tenham acontecido entre dois baiões de Luiz Gonzaga, um dos favoritos dele e de dona Canô.

Do rádio que Milton Nascimento ouvia em Três Pontas (na cozinha dos pais adotivos, com melhor acústica), saía um pouco de tudo, Marlene e Emilinha, Mancini e Legrand, The Platters e Yma Sumac, jazz e, agora, aluno de violão ele próprio, João Gilberto. Mas nada como Angela Maria. No Rio, Paulinho da Viola também foi tocado por "Chega de saudade" através do rádio, mas menos. Seu mundo era o do samba e do choro, desfilante dos blocos de Botafogo, aluno de violão de "seu" Zé Maria e ouvinte atento do pai, Cesar Faria, nos saraus suburbanos de Jacob do Bandolim.

Passados 54 anos, quando eles fazem parte de uma das mais ilustres gerações de músicos brasileiros, João Gilberto & Chega de saudade são referências distantes. Embora não se possa dizer que os quatro tenham partido dela, foi naquele 1958 que, de algum modo, eles começaram a fazer música.

Gil, o mais velho, cumpriu um caminho menos musical até transformar o primeiro violão no instrumento de trabalho de um virtuoso (também tocava acordeom). Antes de ser um incrível descobridor de acordes, permanentemente moderno (no melhor sentido do termo), fez curso de Administração, trabalhou na Gessy Lever, mas sem renunciar ao caminho que escolhera. Em 1963, conheceu Caetano, já então cursando o clássico em Salvador. Com o novo amigo, e com Maria Bethânia, Gal Costa e Tom Zé, Gil formou um grupo de baianos que logo estariam fazendo espetáculos como o Nós, por exemplo, no Teatro Vila Velha, em 1964.

Caetano tinha vários interesses culturais, mas a música e o cinema, a que se dedicou como crítico, estavam em primeiro lugar. Quando a irmã veio para o Rio substituir Nara Leão no show Opinião, ele veio junto. Como Gil, já compunha. E bem.

Admiração pelo vizinho

Milton, nascido na Tijuca, voltou ao Rio para fazer o primeiro ano ginasial. Reprovado em canto orfeônico, retornou a Três Pontas a fim de se submeter à segunda época no Ginásio São Luís, dirigido por padres canadenses. Foi aprovado com distinção, impressionando o examinador ao empregar a manossolfa (antigo método de solfejo orientado por gestos, do qual nunca ouvira falar). Ficou por lá, tocando violão, organizando grupos musicais e, de início, olhando o vizinho Wagner Tiso à distância (impressionava-o um cara tão jovem já saber tanto de música e tocar tão bem acordeom). Juntos, os dois iriam tentar a sorte tocando rock na noite de Belo Horizonte.

Paulinho da Viola cresceu entre os saraus suburbanos e escolas de samba, sobretudo a Portela, a cuja ala dos compositores filiou-se muito cedo. Contra a vontade do pai, dedicou-se à música. Estudou teoria e harmonia, depois de ser lançado numa casa que os outros três nem chegaram a conhecer, o Zicartola, reduto reabilitador do samba tradicional em plenos tempos de bossa nova.

Embora os caminhos que seguissem fossem pessoais, próprios, eles se cruzaram em alguns momentos. Gil e Caetano, naturalmente, jamais se separaram. Entraram juntos em festivais, juntos tomaram o atalho tropicalista, juntos se interessaram pelo universo pop e juntos, na expressão de Caetano, retomaram "a linha evolutiva" da música brasileira a partir de onde João Gilberto chegara.

Milton Nascimento, depois da primeira fase mineira, também conquistou o Rio num festival, aquele em que, sozinho no palco, metido num smoking, surpreendeu o Maracanãzinho com Travessia. Diferia de Paulinho da Viola por não ser um compositor de samba e diferia de Caetano e Gil por não ter qualquer compromisso com revoluções estéticas. Sua música tinha cheiro e gosto de terra. Como observou Ruy Guerra, a terra estava para ele como o mar para Caymmi. Mas adiante, ou bem mais adiante, Milton ainda faria show com os baianos e gravaria belo disco com Gil.

Paulinho da Viola, para surpresa de muitos (inclusive do parceiro mais constante, Elton Medeiros), chegou a imprimir ao seu violão toques de bossa nova, evidentes em sambas como Para um amor no Recife e Encontro. Foi a época de mais contato com Caetano, no Solar da Fossa, onde os dois mostravam suas composições um ao outro. Época, também, em que o tropicalista Capinan elogiou o Paulinho da inusitada Sinal fechado em oposição ao sambista do tradicional Foi um rio que passou em minha vida. Isso quando, na verdade, sambista e chorão, o da Viola jamais deixaria de ser ele mesmo.

Vozes da própria criação

Afinidades e diferenças, os quatro acabam sendo artistas do seu tempo com impressionante individualidade. Não há como confundi-los. Inclusive como intérpretes, papel que os quatro representam com raro brilho. De uma época em que o compositor passou a ser a voz da própria criação (já não precisando, como os de antigamente, correr atrás de cantores para gravá-los), Gil, Caetano, Milton e Paulinho têm conseguido viver suas canções com uma excelência que falta à grande maioria dos compositores. Milton já nasceu feito. Gil, Caetano e Paulinho da Viola se fizeram

Jornal O Globo

Te Contei, não ? - Brasil produz nova geração de hortaliças


Brasil está produzindo hortaliças com mais vitaminas que ajudam no combate ao envelhecimento
Foto: Marcelo Sayão

Com mais antioxidantes e vitaminas, a salada está turbinada e ajuda a proteger o organismo contra o envelhecimento. Como? De uns anos para cá a unidade de hortaliças da Embrapa incluiu preocupações nutricionais no trabalho de melhoramento que já visava a produzir alimentos mais resistentes e duráveis. Desenvolveram tomates com alto teor de licopeno (antioxidante), cebolas com mais quercetina (antioxidante), cenouras e batatas doces com mais betacaroteno (vitamina A). Tudo através do cruzamento de plantas diferentes, sem sementes modificadas ou aditivos químicos.
— Como a importância maior das hortaliças está nas vitaminas, minerais e antioxidantes, focamos nestas propriedades para melhorar estes alimentos — explica a pesquisadora em ciência de alimentos da Embrapa Patrícia Carvalho, que esclarece que hortaliça é tudo o que pode ser cultivado em uma horta em ciclos curtos, de 90 a 120 dias entre o plantio e a colheita.
Até chegar ao consumidor final essas sementes turbinadas percorrem um longo caminho, já que a Embrapa não as produz. Uma vez lançadas, elas são compradas por empresas parceiras e aí sim começa a produção. Mas é difícil reconhecer em uma quitanda ou supermercado o tal tomate com mais licopeno, embora a cor vermelho vivo da casca indique a alta concentração da substância. Segundo a pesquisadora, o consumidor muitas vezes não está interessado nesta informação.
Consumo ainda é pequeno no país
De acordo com a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) 2008/2009, do IBGE, as hortaliças mais consumidas no Brasil são batata, tomate, cebola e cenoura. Entre as folhosas, os destaques são repolho e alface. Mesmo assim, esse grupo de nutrientes corresponde a parcos 2,8% das calorias totais dos alimentos disponíveis para consumo no domicílio, um quarto do recomendado para uma dieta de duas mil calorias.
— A quantidade recomendada por dia é de pelo menos duas porções de 100g a 200g de hortaliças cruas, no almoço e no jantar — diz a nutricionista Virgínia Nascimento, vice-presidente da Associação Brasileira de Nutrição.
— Colocar azeite, que é um óleo vegetal, facilita a absorção das hortaliças ricas em vitamina A, que é lipossolúvel (solúvel em gordura). E beber uma pequena quantidade de limonada ou comer uma laranja após ingestão de verduras ricas em ferro ajuda o organismo a absorver este mineral — diz a nutricionista.
Já Patrícia observa que uma dica interessante é cozinhar as hortaliças por inteiro e cortar em pedaços depois para não expor tanta superfície do alimento ao calor e à água.
Consideradas alimentos reguladores, as hortaliças são fontes de fibras e têm pouco açúcar, por isso melhoram a circulação sanguínea, a imunidade, o controle das funções gerais do organismo. E o melhor: não engordam. Além disso o consumo diário é importante, pois muitas vitaminas e substâncias benéficas presentes nas hortaliças não são armazenadas pelo organismo.

Te Contei, não ? - Antes de potável, um lodo escuro e repugnante

 
UMA CRIAÇÃO de porcos, patos e galinhas em Japeri, à beira do Rio Guandu, de onde vem a água que será tratada pela Cedae para abastecer cerca de nove milhões de pessoas Foto: Pablo Jacob
 
Água: líquido sem cor, cheiro ou sabor, pela definição do dicionário. Mas a que cerca de nove milhões de pessoas da Região Metropolitana do Rio consomem chega à sua captação para tratamento com características muito distantes desses parâmetros aprendidos na escola. Nos reservatórios em Nova Iguaçu de onde a Cedae retira até 43 metros cúbicos de água por segundo para abastecimento, desembocam os rios Guandu, Poços, Queimados e Ipiranga. Enquanto o primeiro tem se apresentado cada vez mais barrento, sobretudo em dias de chuva, os outros deságuam ali malcheirosos, escuros e até pastosos, numa aparência que às vezes se assemelha mais à de petróleo do que à de água.

Só 10% dos moradores com rede de esgoto

Os rios Ipiranga e Queimados são classificados no pior nível do Índice de Qualidade de Água do Inea: “muito ruins”. Os dois, além do Poços, apresentam resultados de coliformes fecais astronômicos: na última medição, em fevereiro deste ano, no Queimados foram contabilizados 16 milhões por cem mililitros (na lista dos três piores resultados do Rio); o Ipiranga teve 330 mil; e o Poços, 92 mil. O adequado seria no máximo 2.500.
— É uma água podre — descreve Josiandro de Souza Horácio, pescador do Guandu. — Meu avô e meu pai criaram nossa família com a pesca nessas lagoas (os reservatórios onde é captada a água). Tinha até tucunaré. Hoje consigo no máximo R$ 300 por mês. Só tem tilápia e camboatá. Trabalho como pedreiro para complementar a renda. Quem dera um dia essa água voltasse a ser boa!
Nem mesmo às margens das lagoas, onde Josiandro mora, há esgotamento sanitário. Todos os efluentes do bairro Lagoinha, em Nova Iguaçu, vão direto para bem perto do ponto de captação de água da Cedae. Em toda a região da bacia hidrográfica dos rios Guandu, da Guarda e Guandu Mirim, estima-se que menos de 10% da população urbana seja atendida por rede de esgoto, com apenas 0,6% dos dejetos tratados, numa região com cidades populosas como Queimados, com 137 mil habitantes e um importante polo industrial.
Com a poluição, gigogas (tipo de alga) proliferam nos rios Poços, Queimados e Ipiranga, fechando esses cursos à navegação por quilômetros. Esse quadro também aumenta os custos da Cedae para tratar a água. Segundo dados do plano de bacia da região (conjunto de metas e ações a serem tomadas por organismos nos diferentes níveis de governo), a estação de tratamento do Guandu, a maior do mundo, gasta até R$ 20 milhões por ano em produtos químicos para tornar a água potável. Diariamente são empregadas, em média, 318 toneladas de produtos. Uma quantidade, aponta o plano, que poderia ser reduzida em até 25% não fosse a poluição dos rios.
Segundo Wagner Victer, presidente da Cedae, a solução mais urgente para os rios Poços, Queimados e Ipiranga — e que ele diz que será posta em prática — é o “encapsulamento” deles, ou seja, o transporte de suas águas por tubos para depois do ponto de captação. Victer afirma que o esgoto não é o maior empecilho ao tratamento, mas sim a turbidez que tem atingido o Guandu devido aos barrancos que deslizam, causando assoreamento.
— O desmatamento de matas ciliares e a retirada de areia, no Guandu e no Paraíba do Sul, provocam o desbarrancamento das margens e deixam a água barrenta. Esse é nosso maior problema — diz, acrescentando que a companhia tem investido na recuperação de matas à beira dos rios.
Ele, no entanto, discorda de que o esgoto torne necessário um excesso de produtos químicos para tratar a água.
— Em Cingapura e outros países, transforma-se esgoto em água potável. Por pior que esteja o rio, mantemos a qualidade da água tratada