O autor de histórias de horror mais adaptado para o cinema não é o best seller americano Stephen King, como poderia imaginar um apressado concorrente de quiz show. A mesma surpresa se reserva a quem pensa que o maior número de histórias policiais filmadas até hoje tenha a assinatura de Agatha Christie, a primeira-dama do crime. Transitando entre esses dois populares gêneros literários, é o contista e poeta Edgar Allan Poe (1809-1849) quem se revela o preferido de cineastas amantes do suspense: com 215 filmes baseados em suas obras, ele aparece à frente como o autor de mistério mais levado às telas. Por que se recorre tanto a Poe para se filmar uma boa história? Porque a sua imaginação é prodigiosa. Lançado nos EUA na semana passada, e com estreia prevista no Brasil para o dia 18, o thriller “O Corvo”, título de um de seus poemas mais famosos, se propõe a ser um retrato do artista no fim de sua vida. Ou seja: em plena juventude e no auge da criatividade, já que ele morreu aos 40 anos tendo escrito cerca de 66 narrativas curtas e uns poucos – mas aclamados – versos. A pequena produção, contudo, foi o suficiente para posicioná-lo como um dos nomes mais influentes da literatura em todo o mundo.
Poe, que morou a maior parte de sua vida em Baltimore, nos EUA, foi o grande inventor dos enredos policiais e criou o primeiro detetive às voltas com a solução de um crime, C. Auguste Dupin – sem ele, não existiriam Sherlock Holmes, Hercule Poirot ou Philip Marlowe. No filme “O Corvo”, no entanto, o investigador que tenta solucionar os casos que estão aterrorizando Baltimore é o próprio escritor, interpretado pelo ator John Cusack. Numa trama engenhosa, o filme segue uma situação que certamente vai irritar estudiosos de literatura, mas manterá o espectador atento: um serial killer está cometendo assassinatos que reproduzem exatamente as famosas narrativas de Poe. A primeira suspeita, obviamente, cairá sobre ele. Basta, porém, a sua amada desaparecer de uma festa à fantasia, quando um cavaleiro mascarado invade o salão, para a polícia dar como falsa essa pista. Além de “A Máscara da Morte Rubra”, representada nessa cena, o enredo alinha outros contos do autor – podem ser reconhecidos “Os Assassinatos da Rua Morgue”, quando mãe e filha são mortas de forma cruel e sem explicação; “O Poço e o Pêndulo”, em que um crítico literário é partido ao meio pela ação de uma lâmina gigante, que balança, acima da vítima, como um pêndulo; e o seu conto mais conhecido, “O Coração Denunciador”, com a mais arquetípica das mortes: a vítima é enterrada viva em uma casa.
Poe, que morou a maior parte de sua vida em Baltimore, nos EUA, foi o grande inventor dos enredos policiais e criou o primeiro detetive às voltas com a solução de um crime, C. Auguste Dupin – sem ele, não existiriam Sherlock Holmes, Hercule Poirot ou Philip Marlowe. No filme “O Corvo”, no entanto, o investigador que tenta solucionar os casos que estão aterrorizando Baltimore é o próprio escritor, interpretado pelo ator John Cusack. Numa trama engenhosa, o filme segue uma situação que certamente vai irritar estudiosos de literatura, mas manterá o espectador atento: um serial killer está cometendo assassinatos que reproduzem exatamente as famosas narrativas de Poe. A primeira suspeita, obviamente, cairá sobre ele. Basta, porém, a sua amada desaparecer de uma festa à fantasia, quando um cavaleiro mascarado invade o salão, para a polícia dar como falsa essa pista. Além de “A Máscara da Morte Rubra”, representada nessa cena, o enredo alinha outros contos do autor – podem ser reconhecidos “Os Assassinatos da Rua Morgue”, quando mãe e filha são mortas de forma cruel e sem explicação; “O Poço e o Pêndulo”, em que um crítico literário é partido ao meio pela ação de uma lâmina gigante, que balança, acima da vítima, como um pêndulo; e o seu conto mais conhecido, “O Coração Denunciador”, com a mais arquetípica das mortes: a vítima é enterrada viva em uma casa.
Trata-se, obviamente, de pura ficção. Poe não teve qualquer amante sequestrada – sua mulher morreu de tuberculose. Ele também não passou pela metade das situações mostradas na trama, que aqui não serão reveladas para não tirar o gosto da surpresa. Na verdade, “O Corvo” aproveita-se do total mistério que até hoje envolve a causa da morte precoce do autor, adepto das drogas e do álcool em excesso a fim de exercer uma atraente “liberdade poética” – entre as muitas hipóteses reais aparecem a congestão cerebral, cólera, ataque cardíaco, hidrofobia, suicídio e tuberculose. A produção investe, assim, em uma nova modalidade de biografia: o retrato fantasioso, que trai os dados objetivos, mas faz jus ao estilo e à obra do artista. A revista americana “Time” cunhou um termo apropriado para o gênero: “faction” – mistura de factual (real) e fiction (ficção). O artifício já havia sido usado com bons resultados em “Shakespeare Apaixonado”. Agora se repete em “O Corvo”.
Revista Isto É
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