quinta-feira, 12 de junho de 2014

Crônica do Dia - Livro de Tiradentes - Paulo Guedes

O GLOBO - 14/04
O excesso de impostos deflagrou a bem-sucedida rebelião das colônias americanas e inspirou a malograda conspiração mineira


"Esta é a história de um livro. É a história de uma malograda rebelião republicana e anticolonialista em Minas Gerais. É a história de como os conspiradores de Minas se inspiraram na bem-sucedida guerra de independência americana contra a Grã-Bretanha e nos primeiros documentos constitucionais dos Estados Unidos da América. É a história do fracasso da tentativa, por parte dos conspiradores, de acabar com o domínio português no Brasil. É uma história da complexa interação transatlântica entre representantes intelectuais do Brasil, da América do Norte e da Europa entre 1776 e 1792", registra Kenneth Maxwell na introdução de "O livro de Tiradentes: transmissão atlântica de ideias políticas no século XVIII" (2013).
"Os conspiradores viram a bem-sucedida revolução americana e os textos constitucionais americanos como modelos do que eles queriam realizar no Brasil. Foi essa conexão que enervou as autoridade portuguesas quando essa conspiração foi descoberta em 1789", prossegue Maxwell. Como relata, pouco antes de ser preso, em 10 de maio de 1789 no Rio de Janeiro, ciente de que estava sendo seguido, Tiradentes entregou a um portador seu exemplar de uma coletânea das leis constitutivas das colônias inglesas confederadas sob a denominação de Estados Unidos da América Setentrional, tendo como anexos os atos de independência da confederação, o recenseamento das 13 colônias e as constituições de seis dessas colônias. Foi esse exemplar, publicado com a ajuda do governo francês e dedicado a promover as experiências constitucionais americanas na Europa, que se tornou conhecido como "O livro de Tiradentes".

Um tema central, que ainda assombra a economia brasileira contemporânea, era o excesso de impostos. "Os conspiradores de Minas reconheciam a pertinência e a importância da revolução americana porque consideravam os impostos que Portugal lhes cobrava semelhantes aos que os britânicos tentavam impor a suas colônias na América. A quinta parte da produção de ouro era devida à Coroa." Joaquim Silvério dos Reis, acusado de "doloso, fraudulento e falsificador" pela "Junta da Fazenda" de Minas, "um dos maiores contratadores e também um dos mais endividados, resolveu livrar-se de suas dívidas denunciando a conspiração da qual fora um dos líderes", fulmina Maxwell.

Um comentário:

  1. Nada muito diferente do que aconteceu lá durante a Inconfidência Mineira esta acontecendo agora, entretanto o titulo de bons e maus foram trocando de posição. Existe um órgão que julga (MP), altos impostos, pessoas agindo por trás dos panos ( políticos corruptos), alguém que quebrou o silencio (Paulo Roberto Costa, se não me engano ) e, por enquanto, um triste final para a sociedade e a democracia.
    Personagens que vão mudando de papel ao longo da historia, mas algo que não muda, nem agora, nem no Brasil colônia e nem na ditadura militar, é que o poder esta nas mãos de quem não merece e esta usando ele para o seu próprio bem, o mundo esta manchado pela ganancia, e ela motiva as pessoas a agirem de forma agressiva para conseguir o que querem passando por cima de todos para conseguir.
    Um dia, eu espero que esse mundo mude, não para o meu filho, já que já se passaram anos e anos do Brasil Colônia e como vemos as coisas continuam as mesmas. Talvez para o meu bisneto ou trineto, que eu espero que para eles, o mundo seja melhor, sem essa mancha na historia que é a corrupção.

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