Cartões voltados para crianças ajudam a formar futuros adultos Rio
- Com o objetivo de ensinar às crianças que dinheiro “não nasce em árvore”,
administradoras de cartões eletrônicos apostam em produtos voltados
especialmente ao uso da mesada. A iniciativa atrai cada vez mais clientes para
as empresas, enquanto que para os pais, é uma oportunidade de passar
ensinamentos aos pequenos com segurança e praticidade.
Um desses
dispositivos é o cartão pré-pago Meo, gerenciado pelo banco Bonsucesso. Os pais
inserem a quantia desejada em crédito no dinheiro de plástico e a criança usa a
mesada em débito, sem precisar andar com dinheiro vivo no bolso.
Para a
diretora de marketing do banco, Alexia Duffles, a segurança é um ponto forte do
sistema. “O dispositivo oferece controle total por parte dos pais. Quando os
pequenos fazem uma compra, por exemplo, o titular do cartão recebe um aviso no
celular com hora, local e objeto adquirido”.
Além do Bonsucesso, as
administradoras Caixa, MasterCard e Hipercard oferecem serviços semelhantes.
Segundo o especialista em finanças pessoais Maurício Galhardo, o sistema é um
forte instrumento de educação. “A tendência é que se use cada vez menos ‘papel
moeda’, portanto é muito importante inserir a criança neste mundo”, avalia.
Seja em dinheiro vivo ou eletrônico, a mesada é um disseminador de
valores essenciais que as crianças levam para a vida adulta. A psicóloga
Rafaella Silveira explica que os pequenos não são capazes de entender o valor
monetário até que sejam educados com esse objetivo. “É como um adulto que sempre
viveu fora da cidade e sem os costumes capitalistas, ele não compreende como o
sistema funciona”, exemplifica. Para tanto, ela recomenda que os pais ensinem
algumas lições básicas por meio da mesada, como o valor do trabalho e a
importância de poupar.
Assim como as atitudes dos pais são objetos de
exemplo para o futuro financeiro dos filhos, a lição também é dada na escola. É
o que acontece no Colégio Excelência, em Laranjeiras, que oferece aulas de
Educação Financeira para os alunos. Pedro Andrade, de 11 anos, é estudante da
unidade e cursa a disciplina. A mãe, Ibeli Andrade, 31, dá R$ 150 mensalmente ao
menino e se diz satisfeita com o aprendizado dele.
“Meu filho agora sabe
que não é possível ter tudo, então controla e gasta apenas com que vale a pena”,
diz. O exemplo também é seguido na casa de Luana de Simone Oliveira, 10 anos. A
mãe, Roberta De Simone, 33, diz que a menina escolheu guardar a mesada de R$ 50
mensais que recebe na poupança. “Tentamos ensinar que dinheiro não é tudo na
vida nem é a coisa mais importante, mas é necessário poupar para garantir um
futuro confortável. Nunca incentivamos o consumismo”, disse.
Como
oferecer a mesada - 5 minutos com José Eustáquio, Economista
O
economista e conselheiro em finanças pessoais explica qual é a importância da
mesada para as crianças e como ela deve ser introduzida na rotina dos pequenos.
1. Qual a importância da mesada para a formação das
crianças?
— É uma excelente forma de ensiná-las o significado do
dinheiro, bem como a sua importância no dia a dia das pessoas e o que ele
representa na vida da família.
2. Quais os valores se podem
ensinar com o ato?
— A importância da participação de todos da
família no planejamento dos seus gastos e, em especial, o valor das coisas de
que necessitamos para o nível básico de sobrevivência.
3. Tem
algum valor mínimo indicado para ser pago como mesada?
— Se as
crianças estão em uma faixa de idade em que ainda não conseguem dimensionar os
gastos no tempo, os pais podem, a partir do conhecimento do volume desses
gastos, estabelecer esse valor. Mas, se as crianças já têm condições de
identificar e definir os seus gastos, vale a pena um exercício conjunto, pais e
filhos, para estabelecer o valor.
4. Em qual idade a criança pode
começar a receber?
— A idade para participar do planejamento
financeiro familiar e começar a cuidar do seu próprio orçamento deve ser aquela
em que ela já consegue entender valor do dinheiro.
′Dar valor ao
que se tem′
O diretor do Colégio Excelência, Ricardo Cruz,
explica os pontos que são ensinados na aula de Educação Financeira:
Dar
mais valor ao que se tem e não desperdiçar com bobagens.
Gastar por
necessidade e não apenas por vontade.
Reduzir a cultura do consumo a
qualquer custo.
Comprar de forma planejada e não por
impulso.
Evitar fazer dívidas gastando o que não tem.
Comprar,
sempre que possível, à vista, evitando a compra a prazo.
Construir a
independência financeira.
Que Educação Financeira não é feita para
aprender a guardar dinheiro e, sim, para aprender a como gastar o dinheiro que
ganhou.
Que os seus desejos são ilimitados, mas os recursos são
limitados.
Itaú destaca importância da educação
O Itaú-Unibanco tem uma estratégia para levar o conhecimento e a
importância da Educação Financeira para as crianças, o programa Árvore dos
Sonhos. O material didático é composto por livro infantil de autoria de Fabiano
Alves Onça e arte de Tatiana Paiva que trata sobre como economizar e se preparar
para o futuro por meio do menino Joãozinho e seu avô Pereira.
De acordo
com o Itaú-Unibanco, o tema Educação Financeira, hoje, faz parte da agenda de
todas as instituições bancárias e financeiras, que começou a ganhar destaque a
partir da estabilidade da economia no país. De acordo com especialistas, antes,
no período inflacionário, o recomendado era que se gastasse o mais rápido
possível, para o dinheiro não perder valor diariamente, com a remarcação dos
preços.
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