RIO - O lixo reciclável (papel, alumínio, plástico e vidro) gerado pelos foliões durante os ensaios das escolas de samba e nos desfiles oficiais da Marquês de Sapucaí vai virar fonte de renda para 80 pessoas. O trabalho será coordenado pelo Movimento Nacional dos Catadores de Recicláveis, em parceria com a Coca-Cola, com a Comlurb e a Liga das Escolas de Samba (Liesa). O coordenador Custódio da Silva, da cooperativa de catadores de Gericinó, diz que o material será vendido diretamente à indústria Papiro Pet Comércio de Plástico e Papel. Sem os atravessadores, ele afirma, o retorno financeiro aos catadores será maior.
— Será uma oportunidade de inclusão a muitos catadores da região central da cidade, do entorno da Marquês de Sapucaí. Convocamos ao todo dez cooperativas da cidade — diz Custódio.
Ana Carla Mistalda, de 36 anos, integrante de uma cooperativa de Jardim Gramacho, em Duque de Caxias, espera embolsar pelo menos R$ 600 nos quatro dias de desfile (sábado, domingo, segunda-feira e campeãs). A Papiro Pet paga 40 centavos pelo quilo de PET e R$ 2 pelo quilo de latinhas de alumínio. Trata-se de um mercado em recuperação, depois da forte queda do preço do alumínio na crise de 2008.
— Eu vou para o meu sexto ano de Sapucaí — conta Ana Carla. — Por dia, chego a recolher cerca de 100 quilos de recicláveis. Mas isso é só pra quem já está acostumado. A concorrência é grande, nos dias de ensaios técnicos vão muitos catadores que não são cadastrados. Mas a nossa vantagem é que temos acesso a todos os setores, inclusive aos camarotes.
No ano passado, de acordo com a Comlurb, a coleta seletiva no Sambódromo foi feita por 70 catadores de três organizações. Foram recolhidas 71,7 toneladas de materiais recicláveis.
Nos blocos, 200 catadores foram selecionados
As embalagens, latinhas e garrafas plásticas espalhadas durante os desfile de 12 blocos de rua ligados à Associação Independente dos Blocos de Carnaval de Rua da Zona Sul, Santa Teresa e Centro (Sebastiana) também vão gerar renda a catadores. Atuarão na coleta mais de 200 catadores selecionados e capacitados pela Federação das Cooperativas de Catadores de Materiais Recicláveis (Febracom).
Em 2011, a parceria resultou na coleta e prensagem de quatro toneladas de lixo recolhidos nos desfiles.
— Entendemos que é responsabilidade dos blocos ajudar na limpeza das ruas depois dos desfiles. Queremos fazer a nossa parte. Essa ação também é uma forma de os blocos ajudarem na geração de emprego e renda — explica a presidente da Sebastiana, Rita Fernandes.
Não brinque com o lixo
No carnaval passado, a cada passagem de bloco os foliões deixavam um rastro de alegria, mas também de sujeira, cheiro de urina e destruição. No fim de semana anterior à folia, por exemplo, a Comlurb recolheu 103 toneladas de detritos dos locais dos desfiles. Só para limpar a Avenida Rio Branco, no Centro, depois da passagem do Cordão da Bola Preta, foram necessários 16 mil litros d’água.
O combate ao lixo jogado nas ruas é tema de uma campanha que o GLOBO lança a partir de hoje, de forma bem humorada e descontraída, com o objetivo de estimular o folião a cuidar da sua cidade.
— A quantidade de lixo deixado nas ruas no último carnaval e no réveillon deste ano nos motivou a fazer uma campanha estimulando o folião a jogar o lixo nas lixeiras e a brincar o carnaval mantendo a nossa cidade limpa — contou Alessandra Teixeira, coordenadora de Marketing Institucional do GLOBO.
Numa das peças publicitárias, há, por exemplo, a imagem de uma garrafinha jogada no chão e, em letras maiúsculas e minúsculas, vem um recadinho, parodiando a azaração do carnaval: "MOSTRE PARA OS AMIGOS QUE VOCÊ ESTÁ PEGANDO VÁRIAS garrafinhas e jogando no lugar certo". E sempre com uma mensagem final: "Neste carnaval, não brinque com o lixo".
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/carnaval/reciclagem-na-sapucai-vai-gerar-80-empregos
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