A aparição das escolas de samba está ligada à própria história do carnaval carioca em si, bem como da criação do samba moderno.
Foram os sambistas do Estácio, com a fundação da Deixa Falar, em 1928, que organizaram as bases das atuais escolas de samba, entre eles Ismael Silva, na sua idéia de criar um bloco carnavalesco diferente, que pudesse dançar e evoluir ao som do samba.
Data de 1929 o primeiro concurso de sambas, realizado na casa de Zé Espinguela, onde saiu vencedor o Conjunto Oswaldo Cruz, e do qual também participaram a Mangueira e a Deixa Falar. Alguns consideram este como sendo o marco da criação das escolas de samba.
No entanto, entre 1930 e 1932, estas apenas foram consideradas como uma variação dos blocos, até que em 1932 o Jornal Mundo Sportivo, de propriedade do jornalista Mário Filho, decidiu patrocinar o primeiro Desfile de Escolas de Samba, na Praça Onze.
Na redação do jornal - que também abrigava compositores de sucesso (tais como Antônio Nássara, Armando Reis e Orestes Barbosa), surgiu a idéia de realizar a organização de um desfile carnavalesco.
O jornal, inaugurado no ano anterior por Mário Filho, irmão do jornalista Nelson Rodrigues, com o término do campeonato de futebol, estava sem assunto e perdia leitores; por este motivo, o jornalista Carlos Pimentel, muito ligado ao mundo do samba, teve a idéia de realizar na Praça Onze um desfile de escolas de samba, na época ainda grafadas entre aspas.
A convite do Mundo Esportivo, 19 escolas compareceram. O jornal estabeleceu critérios para o julgamento das escolas participantes.
A tradicional "ala das baianas" era pré-requisito para concorrer, sendo que as escolas, todas com mais de cem componentes, deveriam apresentar sambas inéditos e não usar instrumento de sopro, entre outras exigências.
A escola vencedora foi a Estação Primeira da Mangueira, enquanto o segundo lugar coube ao grupo carnavalesco de Osvaldo Cruz, hoje Portela. O sucesso garantiu a oficialização do concurso que permaneceu na Praça Onze até 1941.
Com o tempo, as escolas de samba aproveitaram muitos elementos trazidos pelos ranchos, tais como o enredo, o casal de mestre-sala e porta-bandeira e a comissão de frente, elementos aos quais Ismael Silva, ao idealizar o Deixa Falar, era contrário.
Escola de samba Império do Papagaio, de Helsinque, na Finlândia, durante o carnaval de 2004.
Porém, as contribuições da Deixa Falar - que nunca chegou a desfilar como escola de samba realmente - foram fundamentais para fixar as características principais das escolas atuais.
Entre elas destacam-se: o gênero musical (samba moderno), o cortejo capaz de desfilar sambando, o conjunto de percussão, sem a utilização de instrumentos de sopro, e a ala das baianas.
Com a ascensão do nacionalista Getúlio Vargas, e a fundação da União Geral das Escolas de Samba, em 1934 - ainda que a marginalização do samba persistisse por algum tempo - as escolas de samba começaram a se expandir e a ganhar importância dentro do carnaval carioca, suplantando os ranchos e as sociedades carnavalescas na preferência do público, até que estes viessem a se extinguir.
Não demorou muito para que as escolas de samba também se expandissem para outros estados, com a fundação em 1935 da Primeira de São Paulo, a primeira escola de samba de São Paulo.
Os concursos oficiais de Escolas de Samba na capital paulista só começaram em 1950, com a vitória da Lavapés, porém antes disso já existiram outros torneios de âmbito sub-municipal e também estadual.
No início dos anos 1960, com a decadência dos cordões carnavalescos em São Paulo, alguns destes grupos, como o Vai-Vai e o Camisa Verde e Branco tornaram-se também escolas de samba.
Em Porto Alegre a primeira Escola de Samba considerada " moderna" foi a Academia de Samba Praiana, que em 1961, revolucionou o desfile de Porto Alegre.
Até então, existiam blocos, cordões e tribos carnavalescas. A Praiana foi a primeira escola de samba do Rio Grande do Sul a introduzir enredos, alas, baianas, mestre-sala e porta-bandeira e outras características das escolas de samba do Rio de Janeiro.
Em 1952, foi criado pela primeira vez, no Rio de Janeiro, o Grupo de acesso, devido ao grande número de escolas previsto para o desfile. Naquele ano, o desfile do grupo de acesso (Grupo 2, atual Grupo RJ-1) foi realizado e teve seu julgamento, porém o desfile do grupo principal (Grupo 1, hoje Grupo Especial) realizado sob fortes chuvas, teve o julgamento anulado, motivo este de não ter havido rebaixamento, apenas ascensão das primeiras colocadas do Grupo 2.
Em 1953, a partir da fusão da UGESB com a FBES, surge a Associação das Escolas de Samba da Cidade do Rio de Janeiro, que organizaria o desfile até a criação da LIESA, liga formada pelas escolas de samba da divisão principal, que passou a ser chamada de Grupo Especial.
Em 2008, foi criada, para o carnaval do ano seguinte, a LESGA, com as escolas do segundo grupo passando também a ter sua liga própria.
A criação da LIESA inspirou entidades semelhantes em outras cidades, como por exemplo a LIGA-SP.
Em 1984, no Rio de Janeiro, durante o Governo de Leonel Brizola, foi criado o Sambódromo, um espaço definitivo para a apresentação das escolas de samba, obra muito criticada pelas Organizações Globo.
A recém-criada Rede Manchete transmite o desfile e alcança o primeiro lugar em audiência.
Anos depois, em São Paulo, a prefeita Luiza Erundina fez o mesmo, criando o Sambódromo do Anhembi.
Hoje, muitas outras cidades espalhadas pelo país também possuem os seus sambódromos, entre elas Manaus, por exemplo, que em 1993 teve seu desfile transmitido pela Rede Manchete para todo o país, ao vivo.
Porto Alegre com o sambódromo Porto Seco e Vitória com o Sambão do Povo.
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