sábado, 25 de fevereiro de 2012

Crônica do Dia - Carnaval, os últimos goles - Fernando Molica





Tomo emprestado o nome de um simpático bloco do Jardim Botânico -- Último Gole, que sai nas noites de terça de Carnaval -- para dar os derradeiros pitacos sobre a festa. Vamos lá, por alas, como numa escola de samba. . Sambódromo: a reforma fez bem ao espaço. Não é o palco ideal: seus criadores, Darcy Ribeiro e Niemeyer, nunca haviam assistido a um desfile. Daí absurdos como a apoteose e um obstáculo, o arco, no fim da pista. Mas o local melhorou muito. 

. Comissões de frente: lindas, mas são tanta coreografias, tanto efeito visual, que elas começam a atrapalhar a evolução, como no caso da Beija-Flor. Pior é que algumas se lixam para o público, ficam escondidas naqueles carros -- temos agora os pré-abre-alas -- e só se mostram para os julgadores. Comissão de frente, vale lembrar, é para apresentar a escola, saudar o público -- o público! -- e pedir passagem. 

. Músico, o presidente da Mangueira, Ivo Meirelles, não economiza ousadias como paradinhas, paradões e, mesmo, caladões (até os intérpretes ficam sem cantar, o que acabou não dando certo, parecia que o som tinha falhado). Mas ele deveria ter mais cuidado com os carros alegóricos, que voltaram a ficar feinhos, com cara de anos 70. 

. Paulo Barros achou que a vida de Luiz Gonzaga era meio careta e inventou aquela história de reis e rainhas. Não precisava, a ala e a alegoria com os componentes encarnando bonecos de barro valeriam o ingresso. A versão sertaneja do carro do DNA foi dos melhores momentos do desfile. 

. Como é bom ver a Portela com cara e orgulho de Portela. 

. Filhos da Luma: sei não, mas acho que, pela cara deles na Avenida, os dois vão pedir pro papai para comprar o Sambódromo, demolir tudo e acabar de vez com a festa. 

. Orixás: em tempo de intolerância religiosa, foi legal ver tantas representações de entidades nos desfiles. 

. Escolas de São Paulo: a brigalhada na apuração confirma que o desfile paulistano é meio complicado, ainda está na pré-história. Nada contra as escolas, mas, assim como o rugby e o beisebol no Brasil, o Carnaval de lá é um fenômeno local, que sequer ultrapassou os limites de cada escola, não se espalhou nem criou raízes pela cidade, precisa até se apoiar na popularidade de times de futebol. Transformar o desfile de lá em evento nacional é uma forçada de barra. 

. Blocos: a lotação está ficando esgotada. Blocos começam a ficar parecidos com o metrô na hora do rush.

Um comentário:

  1. Não acho,que um palco que funciona à 28 anos seja perfeito,mas também não é tão ruim assim,afinal o nosso país é reconhecido mundialmente pelo espetáculo exibido lá...
    A criatividade é tanta que está atrapalhando as escolas,são muitas inovações que elas esquecem que fazem parte de um show,e que tem um público pronto para aplaudir.Não basta só a criatividade e ousadia.Pois é,a agilidade é essencial afinal existe um tempo para que o show aconteça.E o contesto tem que agradar a todos.
    Uma tradicional escola como a Mangueira,não precisava economizar em alegorias e adereços.Realmente não dá pra entender,os intérpretes calados e a bateria parada,quem assistia teve absoluta certeza como cita Fernando que havia tido uma falha no som.
    Mesmo sendo um excelente carnavalesco,o Paulo Barros,tenho que concordar ele pecou na alegoria desembarque real,apesar de ser uma alegoria linda,não tinha necessidade de colocar a rainha da Inglaterra invadindo o desfile que homenageou Luís Gonzaga.
    Portela é Portela,garra e tradição.
    A expressão no rosto de alguém as vezes nos enganam,nenhuma criança pode ser tão arrogante ao ponto de querer comprar o Sambódramo para destrui-lo nem mesmo os filhos do Eike Batista.
    Os desfiles servem para quebrar preconceitos como os religiosos,racistas e homofóbico.
    As escolas de São Paulo realmente uma decepção, acabar com a apuração do desfile,em meio à atos de vandalismo e tremenda falta de educação.Eles até tentam,mais acabaram perdendo todo o trabalho que tiveram durante o ano.Para chegarem perto do desfile carioca tem que aceitar que isso é um desfile e não a disputa do Paulistão.
    Está cada vez mais difícil curtir um bloco de carnaval,super lotação, o jeito é...passar o carnaval no Sul de Minas.


    Mateus Nogueira
    -8° ano 802-

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