O Adeus de Tereza
Castro Alves
A vez primeira que eu fitei Tereza,
Como as plantas que arrasta a correnteza,
A valsa nos levou nos giros seus…
E amamos juntos… E depois na sala
“Adeus” eu disse-lhe a tremer co’a fala…
E ela, corando, murmurou-me: “adeus.”
Uma noite… entreabriu-se um reposteiro…
E da alcova saía um cavaleiro
Inda beijando uma mulher sem véus…
Era eu… Era a pálida Teresa!
“Adeus” lhe disse conservando-a presa…
E ela entre beijos murmurou-me “adeus!”
Passaram tempos… sec’los de delírio
Prazeres divinais… gozos do Empíreo…
… Mas um dia volvi aos lares meus.
Partindo eu disse — “Voltarei!… descansa!…”
Ela, chorando mais que uma criança,
Ela em soluços murmurou-me: “adeus!”
Quando voltei… era o palácio em festa!…
E a voz d’Ela e de um homem lá na orquestra
Preenchiam de amor o azul dos céus.
Entrei!… Ela me olhou branca… surpresa!
Foi a última vez que eu vi Teresa!…
E ela arquejando murmurou-me: “adeus!”
“O ‘Adeus’ de Teresa” foi escrito por Castro Alves, que é considerado pela crítica um grande poeta dos oitocentos.
Os historiadores literários costumam a situar a obra de Alves na chamada terceira geração do romantismo, cujo nome é Condoreira.
Vamos direto ao ponto que nos interessa: a análise do poema.
Nesse poema de Alves encontramos versos de 11 e dez silabas em algumas estrofes.
O padrão de rimas da primeira estrofe se dá da seguinte maneira: AABAA; na segunda: B; na terceira: CCBAA; na quarta: B; na quinta: DDBAA, na sexta: B; na sétima encontra-se o mesmo esquema da primeira estrofe; na última o padrão é B.
Faz-se interessante mencionar o padrão das estrofes compostas somente com um verso, há o uso da repetição do substantivo abstrato “adeus” a todo momento; eis aí o uso da anáfora, posto que o mencionado substantivo está presente sempre no final dos versos.
Ainda sobre esse recurso que o poeta lançou mão, poder-se-ia afirmar que ele ilustra uma dimensão comunicativa da poesia de Alves, pois o tema narrativa nunca se deixa perder para os ouvidos; em outras palavras, o poeta não abandona a sonoridade que sempre foi um ponto alto em seus versos.
O uso da metáfora também está presente, o leitor poderá notar, por exemplo, o emprego deste tropo na primeira estrofe, o eu-lírico compara a valsa que ele dançou com a moça como as plantas que são levadas pela correnteza.
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