domingo, 12 de fevereiro de 2012

Olhares sobre Castro Alves VI - O "adeus" de Teresa



O Adeus de Tereza 

Castro Alves 

 A vez primeira que eu fitei Tereza, Como as plantas que arrasta a correnteza, 
A valsa nos levou nos giros seus… 
E amamos juntos… E depois na sala “Adeus” eu disse-lhe a tremer co’a fala… 

E ela, corando, murmurou-me: “adeus.” 

 Uma noite… entreabriu-se um reposteiro… 
E da alcova saía um cavaleiro 
Inda beijando uma mulher sem véus… 
Era eu… Era a pálida Teresa! “Adeus” lhe disse conservando-a presa… 

 E ela entre beijos murmurou-me “adeus!” 

 Passaram tempos… sec’los de delírio 
Prazeres divinais… gozos do Empíreo… 
… Mas um dia volvi aos lares meus. Partindo eu disse — “Voltarei!… descansa!…” 
Ela, chorando mais que uma criança, 

Ela em soluços murmurou-me: “adeus!” 

 Quando voltei… era o palácio em festa!… 
E a voz d’Ela e de um homem lá na orquestra 
Preenchiam de amor o azul dos céus. 
Entrei!… Ela me olhou branca… surpresa! 
Foi a última vez que eu vi Teresa!…  

E ela arquejando murmurou-me: “adeus!” 





 “O ‘Adeus’ de Teresa” foi escrito por Castro Alves, que é considerado pela crítica um grande poeta dos oitocentos. 
Os historiadores literários costumam a situar a obra de Alves na chamada terceira geração do romantismo, cujo nome é Condoreira. 
Vamos direto ao ponto que nos interessa: a análise do poema. Nesse poema de Alves encontramos versos de 11 e dez silabas em algumas estrofes. 
O padrão de rimas da primeira estrofe se dá da seguinte maneira: AABAA; na segunda: B; na terceira: CCBAA; na quarta: B; na quinta: DDBAA, na sexta: B; na sétima encontra-se o mesmo esquema da primeira estrofe; na última o padrão é B. 
Faz-se interessante mencionar o padrão das estrofes compostas somente com um verso, há o uso da repetição do substantivo abstrato “adeus” a todo momento; eis aí o uso da anáfora, posto que o mencionado substantivo está presente sempre no final dos versos. 
Ainda sobre esse recurso que o poeta lançou mão, poder-se-ia afirmar que ele ilustra uma dimensão comunicativa da poesia de Alves, pois o tema narrativa nunca se deixa perder para os ouvidos; em outras palavras, o poeta não abandona a sonoridade que sempre foi um ponto alto em seus versos. 
O uso da metáfora também está presente, o leitor poderá notar, por exemplo, o emprego deste tropo na primeira estrofe, o eu-lírico compara a valsa que ele dançou com a moça como as plantas que são levadas pela correnteza. 

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